O Papa Francisco enviou uma carta aos libaneses, nesta quinta-feira (24/12), em vista do Natal, contendo palavras de “conforto e encorajamento”. Em 4 de agosto deste ano, uma explosão no porto de Beirute matou mais de 200 pessoas e feriu milhares.
Na missiva, endereçada ao patriarca de Antioquia dos Maronitas, cardeal Béchara Boutros Raï, presidente da Assembleia dos Patriarcas e dos Bispos Católicos no Líbano, o Pontífice manifesta sua tristeza “ao ver o sofrimento e a angústia que sufocam a coragem e a vivacidade inatas do País dos Cedros”.
“Mais ainda, é doloroso ver sequestradas as mais queridas esperanças de viver em paz e continuar sendo uma mensagem de liberdade e testemunho de boa convivência para a história e para o mundo. Sinto em meu coração a gravidade de suas perdas, sobretudo quando penso nos muitos jovens que estão privados da esperança de um futuro melhor”, ressalta Francisco.
“O povo que andava nas trevas viu uma grande luz”, a luz que mitiga os medos e infunde em cada um a esperança, na certeza de que a Providência nunca abandonará o Líbano e saberá como transformar até mesmo este luto em bem. Segundo o Pontífice, “a majestade do cedro na Bíblia é um símbolo de firmeza, estabilidade e proteção. O cedro é um símbolo do justo que, arraigado no Senhor, transmite beleza e bem-estar e mesmo em sua velhice se eleva e produz frutos abundantes”.
“Nestes dias, o Emanuel, Deus conosco, torna-se nosso próximo, caminha ao nosso lado”, sublinha o Papa, convidando o povo libanês a ter confiança em Deus e em sua fidelidade e a retornar a ser um povo solidário. “Como o cedro, resistente a toda tempestade, que vocês possam colher as contingências do momento presente para redescobrir sua identidade, a identidade de levar ao mundo inteiro o perfume do respeito, da convivência e do pluralismo, a identidade de um povo que não abandona suas casas e sua herança, a identidade de um povo que não deixa cair o sonho daqueles que acreditaram no futuro de um país belo e próspero”, ressalta Francisco.
Nesta perspectiva, o Papa fez um apelo aos líderes políticos e religiosos, usando o trecho de uma carta pastoral do patriarca Elias Hoyek: “Vocês, chefes do país, vocês juízes da terra, vocês deputados do povo que vivem por conta do povo, (…) vocês são obrigados, em sua capacidade oficial e de acordo com suas responsabilidades, a buscar o interesse público. O seu tempo não é dedicado aos seus melhores interesses, e seu trabalho não é para vocês, mas para o Estado e a nação que representam”.
“O afeto ao querido povo libanês, que pretendo visitar o quanto antes, e a preocupação constante dos meus predecessores e da Sé Apostólica, me impelem a dirigir-me mais vez à Comunidade internacional: Ajudemos o Líbano a se manter fora dos conflitos e tensões regionais. Ajudemos o país a sair da grave crise e a se recuperar”, escreve ainda Francisco.
Que a estrela de Belém incentive o Líbano “a entrar na lógica de Deus a fim de não perder o caminho e não perder a esperança”, conclui.