O nascimento de Maria tem, antes de tudo, o protagonismo em Deus, que, para pôr em prática o Seu plano eterno de salvação, constrói uma casa por ação do Espírito Santo, a fim de que Seu Filho, sendo Deus, se fizesse homem e habitasse entre nós. Essa casa é Maria.

Em seguida, nos relatos da antiga tradição, o casal Joaquim e Ana não podiam ter filhos. Por meio de lágrimas, penitências e orações, alcançaram esta graça de Deus, e concebem Maria.

Nessa família, a igreja doméstica, uma escola de fé, de sacrifícios e orações, Maria foi concebida, gerada e educada. Maria é fruto da vontade de Deus, e Ele contou com a colaboração de Joaquim e Ana, os quais, com insistente oração, clamavam ao céus a concepção de um filho. Maria é fruto da vontade divina e da oração de seus pais.

A virtude da oração contínua de Maria

Diante desse contexto, para Maria a oração era parte da sua vida. A virtude da oração contínua foi arraigada no seio familiar, no modo natural como expressavam a sua fé judaica, ao frequentar a sinagoga, no modo de rezar nos dias especiais das festas religiosas, no dia a dia em família, nas refeições, ao receber a educação religiosa cuja competência é das mães.

Maria vivia na escola da oração, e em todas as circunstâncias elevava a sua mente, o seu coração, a sua voz a Deus, e todo o seu ser para entrar em comunhão com Ele por meio de cânticos, da memorização e recitação dos Salmos.

Maria e sua vida de oração contínua sempre foram inseparáveis. Ela é para nós modelo e mestra da oração: “A oração de Maria nos é revelada na aurora da plenitude dos tempos. Antes da Encarnação do Filho de Deus e antes da efusão do Espírito Santo, sua oração coopera de maneira única com o plano benevolente do Pai” (CIC 2617).

Maria mestra da oração

A pessoa que ora alimenta a esperança. Assim foi a vida de Maria que, diante da opressão do seu povo, clamava a Deus por libertação e nutria a esperança do cumprimento da promessa da chegada do Messias, o Salvador: “… o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará ‘Deus Conos­co’”.

Aquele que ora tem em seu coração a resposta diante das situações da vida. E embora possa não compreender, a vida de oração de Maria estabelece uma união e comunhão com Deus, que faz brotar do seu interior uma profecia: “Então, disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (cf. Lc 1,38)”.

A virtude da oração contínua de Maria rega a sua alma no amor a Deus e ao próximo, na alegria e no júbilo que se externizam em seus lábios: “E Maria disse: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador” (cf. Lc 1,46-47).

Maria, mulher de contínua oração, ensina-nos a sermos sensíveis à necessidade do outro, pois quem ora exercita a sensibilidade interior que consegue ver com os olhos do coração, e se antecede a Deus intercedendo em benefício: “Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm vinho” (cf. Jo 2,3).

Oração singela e doce

Precisamos aprender a rezar com Maria, uma reza de modo simples, porque reza o cotidiano da vida, o hoje, o aqui e o agora; porém, uma oração insistente como fez na expectativa da chegada do Messias, todos os dias ao frequentar o templo elevando a Deus o seu clamor compadecida do seu povo, porém com um coração cheio de fé e esperança.

Rezar com Maria é ter a consciência de que a oração é vital para a vida humana, é como o respirar, é cultivar o nosso diálogo com Deus, que está atento às nossas súplicas e deseja estabelecer conosco comunhão de coração e de alma.

Maria é um modelo a seguir, pois foi ela a educadora por excelência de Jesus, que O ensinou a rezar, a estar na constantemente na presença do Pai.

Aprendamos a rezar com Maria, que bem soube rezar a vida de Nazaré ao Calvário, da Ressurreição ao Cenáculo. Desse modo, em cada circunstância da vida estaremos em contínua oração; ora no júbilo em Deus como no Magnificat, ou na aflição como ela ao perder o Filho no templo; ou em Caná ao interceder pelos que precisam; às vezes, em lágrimas diante da dor, porém de pé como Maria aos pés da cruz. Também nas vitórias da vida, como ela ao ver o seu Filho vencendo a morte com a ressurreição, e sempre deixando-se conduzir pelo Espírito Santo numa oração profética e ousada sem medo das adversidades da vida, numa oração que se põe a caminho para servir como fez Maria ao visitar a sua prima Isabel. Ou como evangelizador incansável que deseja ardentemente anunciar Jesus e a vida nova que Ele veio nos trazer, para que cada um cresça em estatura e graça diante de Deus.

Maria, nossa Mãe e mestra, ensina-nos a rezar!

Canção Nova

Pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento; pai com coragem criativa, trabalhador, sempre na sombra: com estas palavras, o Papa Francisco descreve São José. E o faz na Carta apostólica “Patris corde – Com coração de Pai”, publicada hoje por ocasião dos 150 anos da declaração do Esposo de Maria como Padroeiro da Igreja Católica.

Com o decreto Quemadmodum Deus, assinado em 8 de dezembro de 1870, o Beato Pio IX quis dar este título a São José. Para celebrar esta data, o Pontífice convocou um “Ano” especial dedicado ao Pai putativo de Jesus a partir de hoje até 8 de dezembro de 2021.

Protagonismo sem paralelo

A Carta apostólica traz os sinais da pandemia da Covid-19, que – escreve Francisco – nos fez compreender a importância das pessoas comuns, aquelas que, distantes dos holofotes, exercitam todos os dias paciência e infundem esperança, semeando corresponsabilidade. Justamente como São José, “o homem que passa desapercebido, o homem da presença cotidiana discreta e escondida”.

E mesmo assim, o seu é “um protagonismo sem paralelo na história da salvação”. Com efeito, São José expressou concretamente a sua paternidade ao ter convertido a sua vocação humana “na oblação sobre-humana de si mesmo ao serviço do Messias”. E por isto ele “foi sempre muito amado pelo povo cristão” (1).

Nele, “Jesus viu a ternura de Deus”, que “nos faz aceitar a nossa fraqueza”, através da qual se realiza a maior parte dos desígnios divinos. Deus, de fato, “não nos condena, mas nos acolhe, nos abraça, nos ampara e nos perdoa” (2). José é pai também na obediência a Deus: com o seu ‘fiat’, salva Maria e Jesus e ensina a seu Filho a “fazer a vontade do Pai”, cooperando “ao grande mistério da Redenção” (3).

Exemplo para os homens de hoje

Ao mesmo tempo, José é “pai no acolhimento”, porque “acolhe Maria sem colocar condições prévias”, um gesto importante ainda hoje – afirma Francisco – “neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher”. Mas o Esposo de Maria é também aquele que, confiante no Senhor, acolhe na sua vida os acontecimentos que não compreende com um protagonismo “corajoso e forte”, que deriva “da fortaleza que nos vem do Espírito Santo”.

Através de São José, é como se Deus nos repetisse: “Não tenhais medo!”, porque “a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes”. O acolhimento praticado pelo pai de Jesus “convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são”, com “uma predileção especial pelos mais frágeis” (4).

“Patris corde” evidencia, ainda, “a coragem criativa” de São José, “o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência”. Ele enfrenta os “problemas concretos” da sua Família, exatamente como fazem as outras famílias do mundo, em especial aquelas migrantes. Protetor de Jesus e de Maria, José “não pode deixar de ser o Guardião da Igreja”, da sua maternidade e do Corpo de Cristo: todo necessitado é “o Menino” que José continua a guardar e de quem se pode aprender a “amar a Igreja e os pobres i” (5).

A dignidade do trabalho

Honesto carpinteiro, o Esposo de Maria nos ensina também “o valor, a dignidade e a alegria” de “comer o pão fruto do próprio trabalho”. Esta acepção do pai de Jesus oferece ao Papa a ocasião para lançar um apelo a favor do trabalho, que se tornou uma  “urgente questão social” até mesmo nos países com certo nível de bem-estar.

“É necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica”, escreve Francisco, que “torna-se participação na própria obra da salvação” e “oportunidade de realização” para si mesmos e para a própria família, “núcleo originário da sociedade”. Eis então a exortação que o Pontífice faz a todos para “redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho”, para “dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído”. Em especial, diante do agravar-se do desemprego por causa da pandemia da Covid-19, o Papa pede a todos que se empenhem para que se possa dizer: ”Nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!” (6).

“Não se nasce pai, torna-se tal”

“Não se nasce pai, torna-se tal”, afirma ainda Francisco, porque “se cuida responsavelmente” de um filho assumindo a responsabilidade pela sua vida. Infelizmente, na sociedade atual, “muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai” que sejam capazes de “introduzir o filho na experiência da vida”, sem  prendê-lo “nem subjugá-lo”, mas tornando-o “capaz de opções, de liberdade, de partir”.

Neste sentido, José recebeu o apelativo de “castíssimo”, que é “o contrário da posse”: ele, com efeito, “soube amar de maneira extraordinariamente livre”, “soube descentralizar-se” para colocar no centro da sua vida Jesus e Maria. A sua felicidade está no “dom de si mesmo”: nunca frustrado e sempre confiante, José permanece em silêncio, sem lamentações, mas realizando “gestos concretos de confiança”. A sua figura, portanto, é exemplar, evidencia o Papa, num mundo que “precisa de pais e rejeita os dominadores”, rejeita quem confunde “autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição”.

Na décima nota, “Patris corde” revela também um hábito da vida de Francisco: todos os dias, o Pontífice reza uma oração ao Esposo de Maria “tirada dum livro francês de devoções, do século XIX, da Congregação das Religiosas de Jesus e Maria”. Trata-se de uma oração que “expressa devoção e confiança” a São José, mas também “certo desafio”, explica o Papa, porque se conclui com estas palavras: “Que não se diga que eu Vos invoquei em vão, e dado que tudo podeis junto de Jesus e Maria, mostrai-me que a vossa bondade é tão grande como o vosso poder”. A Carta apostólica “Patris corde” é acompanhada da publicação do Decreto da Penitenciaria Apostólica, que anuncia o “Ano de São José” especial convocado pelo Papa e a relativa concessão do “dom de Indulgências especiais”.

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Na Solenidade da Imaculada Conceição, o Papa Francisco não deixou de fazer seu ato de devocão diante da imagem da Virgem Maria, na Praça de Espanha, centro de Roma.

Para evitar aglomerações, o evento, que normalmente se realiza à tarde, havia sido cancelado. Mas o Pontífice, às 7h da manhã, sob chuva, depositou um maço de rosas brancas na base da coluna onde se encontra a imagem de Nossa Senhora.

Sozinho, em oração, pediu à Mãe de Jesus que guarde Roma e seus habitantes, confiando a Ela todos os que na cidade e no mundo sofrem com a doença e o desencorajamento.

Segundo uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé, pouco antes das 7h15, o Papa deixou a Praça de Espanha e foi até à Basílica de Santa Maria Maior, onde rezou diante do ícone de Maria Salus Popoli Romani e celebrou a missa na capela do preséprio. Logo depois, regressou ao Vaticano.

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