O Papa Francisco divulga uma mensagem neste 3 de dezembro, instituído pela ONU há 28 anos como Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, com um forte apelo à criação de novas iniciativas dentro e fora da Igreja para ajudar na construção de um mundo inclusivo para todos. O Pontífice reconhece os passos importantes dados nos últimos 50 anos, mas volta a encorajar ao compromisso conjunto desde o âmbito da catequese e realidades eclesiais até às instituições civis.
No texto, Francisco demonstra proximidade a quem atravessa situações particularmente difíceis sobretudo durante a emergência sanitária do coronavírus. Apesar de estarmos “todos no mesmo barco, no meio de um mar agitado”, afirma o Pontífice, há “pessoas com deficiências graves que têm de lutar mais”.
A partir do próprio tema da jornada deste ano, «Reconstruir melhor: rumo a um mundo pós-Covid-19, inclusivo da deficiência, acessível e sustentável», o Papa conduz a mensagem através da expressão “reconstruir melhor” que o lembra da parábola evangélica da casa construída sobre a rocha ou sobre a areia (cf. Mt 7, 24-27; Lc 6, 46-49). Por isso, aprofunda sobre a ameaça da cultura do descarte e o fortalecimento da inclusão e da participação ativa, duas rochas para sustentar um novo mundo de inclusão.
Assim como a chuva, os rios e os ventos ameaçam a casa, a cultura do descarte “afeta sobretudo as categorias mais frágeis, entre as quais se contam as pessoas com deficiência”, especialmente em nível cultural. E o Papa afirma:
“Existem atitudes de rejeição que, por causa também de uma mentalidade narcisista e utilitarista, conduzem à marginalização, sem considerar que, inevitavelmente, a fragilidade é de todos. […] Assim, de modo especial neste Dia, em defesa nomeadamente dos homens e mulheres com deficiência, é importante promover uma cultura da vida que afirme sem cessar a dignidade de toda a pessoa, independentemente da sua idade e condição social.”
A pandemia da Covid-19 também acabou evidenciando ainda mais as disparidades e desigualdades, com particular detrimento dos mais frágeis. Por isso, “uma primeira ‘rocha’ sobre a qual construir a nossa casa é a inclusão”, encoraja Francisco, ao procurar “ser bons samaritanos” e não “viandantes indiferentes” ao desprezar pessoas “com traços da deficiência e da fragilidade” que encontramos pelo caminho:
Quanto às instituições eclesiais, o Papa reafirma a exigência de preparar instrumentos idôneos e acessíveis para a transmissão da fé:
“Espero também que os mesmos sejam disponibilizados, da forma mais gratuita possível, àqueles que precisam deles, inclusivamente através das novas tecnologias que se revelaram tão importantes para todos neste período de pandemia. Do mesmo modo encorajo, para sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais, uma formação ordinária sobre a relação com a deficiência e o uso de instrumentos pastorais inclusivos.”
Francisco enaltece a importância do empenho das comunidades paroquiais em “fazer crescer, nos fiéis, o estilo acolhedor das pessoas com deficiência”. A criação de uma paróquia plenamente acessível, complementa o Papa, “requer não só a eliminação das barreiras arquitetônicas, mas sobretudo atitudes e ações de solidariedade e serviço, por parte dos paroquianos, para com as pessoas com deficiência e suas famílias”.
Para “reconstruir melhor” a sociedade, acrescenta o Pontífice, é preciso que a inclusão “englobe também a promoção da participação ativa” para que as pessoas com deficiência se tornem “sujeitos ativos” e “não só destinatários” tanto na sociedade como na Igreja:
O Papa, então, traz a indicação da participação ativa na catequese das pessoas com deficiência, que “constitui uma grande riqueza para a vida de toda a paróquia”. Dessa forma, finaliza Francisco, é possível edificar, contra todas as intempéries e junto à sociedade civil, a “casa” sólida, capaz de acolher também as pessoas com deficiência, “porque construída sobre a rocha da inclusão e da participação ativa”:
“Portanto, também a presença entre os catequistas de pessoas com deficiência, de acordo com as suas próprias capacidades, representa um recurso para a comunidade. Neste sentido, deve-se favorecer a sua formação para que possam adquirir uma preparação mais avançada nomeadamente em campo teológico e catequético. Espero que, nas comunidades paroquiais, cada vez mais pessoas com deficiência possam tornar-se catequistas, para transmitir a fé de maneira eficaz, inclusive com o seu próprio testemunho (cf. Discurso no Congresso «Catequese e Pessoas com Deficiência», 21/X/2017).”
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A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou um comunicado, nesta quinta-feira (03/12), a propósito de um quirógrafo do Papa Francisco, datado 17 de novembro, com o qual o Pontífice erigiu, como pessoa jurídica canônica e vaticana, a Fundação Rede Mundial de Oração do Papa, antigo Apostolado da Oração, com sede no Estado da Cidade do Vaticano. O organismo continuará aos cuidados da Companhia de Jesus. Os estatutos, aprovados pelo Papa, entrarão em vigor a partir de 17 de dezembro, ad experimentum por três anos a partir da data de aprovação.
O objetivo da Fundação é coordenar e animar o vasto movimento espiritual, muito querido ao Santo Padre, que acolhe e difunde as intenções de oração mensais propostas pelo Papa à Igreja. Francisco nomeou o pe. Frederic Fornos, diretor internacional da Fundação.
A Rede Mundial de Oração do Papa, antigo Apostolado da Oração, teve início na França, em 1844, com o jesuíta pe. François-Xavier Gautrelet, fundada na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. Inicialmente destinado aos jovens jesuítas durante a formação inicial, expandiu-se rapidamente como um apostolado de oração para a missão da Igreja, alcançando cerca de 13 milhões de membros em muitos países. Mais tarde, em 1915, nasceu sua seção juvenil, a Cruzada Eucarística, hoje Movimento Eucarístico Juvenil.
Alguns anos atrás, o Papa Francisco instituiu a Rede Mundial de Oração do Papa como Obra Pontifícia a fim de destacar o caráter universal desse apostolado e a necessidade de que precisamos rezar cada vez mais e com o coração sincero.
A Rede Mundial de Oração do Papa apoia sua missão de evangelização, permitindo “sair da ‘globalização da indiferença’ e abrir-se à compaixão pelo mundo.
Várias vezes os Estatutos passaram por emendas “tornando-se cada vez mais um serviço da Santa Sé próximo à da oração pelas intenções do Santo Padre (como desejavam especialmente Leão XIII e Pio XI). Em continuação com os seus predecessores, em 2018, Francisco quis que este serviço ao Santo Padre, através da oração, se tornasse uma Obra Pontifícia. “Vendo o Apostolado da Oração como missão da Santa Sé confiada à Companhia de Jesus, a partir de agora”, lê-se a este respeito nos Estatutos, como Rede Mundial de Oração do Papa, continua a ligação com a Companhia, mas se abre a uma dimensão universal, colocando-se a serviço de cada Igreja particular no mundo”.
A Rede Mundial de Oração do Papa “está aberta a todos os católicos que desejam despertar, renovar e viver o caráter missionário que procede de seu batismo” e propõe um percurso espiritual chamado “O Caminho do Coração”, que integra duas dimensões: comprometer-se a promover as intenções de oração do Papa que “expressam os desafios da humanidade e a missão da Igreja” fazendo suas as alegrias e tristezas da humanidade e também deixar-se inspirar “para realizar obras de misericórdia espiritual e corporal”. E a dimensão ligada à vocação missionária do batizado, “permitindo-lhe colaborar em sua vida cotidiana, com a missão que o Pai confiou a seu Filho”. “O Caminho do Coração” é “um processo espiritual estruturado pedagogicamente para identificar-se com o pensamento, a vontade e os projetos de Jesus”. Desta forma, a pessoa batizada se propõe a acolher e servir o Reino de Deus, motivada pela compaixão no estilo do Filho de Deus”, lê-se nos Estatutos.
A Fundação, afirmam os Estatutos, está diretamente sujeita à autoridade do Sumo Pontífice, que a governa através da Secretaria de Estado, levando em consideração a entrega histórica do Apostolado da Oração à Companhia de Jesus desde o início.
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