“Nesta solene festa de Todos os Santos, a Igreja nos convida a refletir sobre a grande esperança, a grande esperança que se fundamenta na ressurreição de Cristo: Cristo ressuscitou e também nós estaremos com Ele, estaremos com Ele. Os Santos e os Beatos são as testemunhas mais críveis da esperança cristã, porque a viveram plenamente em suas vidas, em meio a alegrias e sofrimentos, pondo em prática as Bem-aventuranças que Jesus pregou e que hoje ressoam na Liturgia (cf. Mt 5,1-12a).
Foi o que disse o Papa na oração do Angelus ao meio-dia deste domingo, 1º de novembro, festa de Todos os Santos, falando aos fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana com o Santo Padre.
De fato, as bem-aventuranças evangélicas são o caminho para a santidade, disse Francisco, detendo-se em seguida sobre duas Bem-aventuranças, a segunda e a terceira.
A segunda é esta: “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados”. O Pontífice explicou:
“Parecem palavras contraditórias, porque o choro não é sinal de alegria e felicidade. Motivos de choro e de sofrimento são a morte, a doença, as adversidades morais, o pecado e os erros: simplesmente a vida cotidiana, frágil, fraca e marcada por dificuldades. Uma vida que às vezes é ferida e passa pela provação de ingratidões e incompreensões.”
“Jesus – continuou o Papa – proclama beatos aqueles que choram por estas realidades e, apesar de tudo, confiam no Senhor e se colocam sob sua sombra. Não são indiferentes, nem endurecem seus corações na dor, mas esperam pacientemente a consolação de Deus. E esta consolação a experimentam já nesta vida.”
Na terceira Bem-aventurança Jesus afirma: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra”. Irmãos e irmãs, a mansidão! Também aqui Francisco explicou:
“A mansidão é característica de Jesus, que diz de si mesmo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11,29). Mansos são aqueles que sabem dominar a si mesmos, que dão espaço ao outro, que o escutam e o respeitam em seu modo de viver, em suas necessidades e em suas exigências. Não pretendem subjugá-lo ou diminuí-lo, não querem prevalecer e dominar tudo, nem impor suas próprias ideias e próprios interesses em detrimento de outros.”
“Estas pessoas que a mentalidade mundana não aprecia – prosseguiu o Pontífice –, são, ao invés, preciosas aos olhos de Deus, que lhes dá em herança a terra prometida, ou seja, a vida eterna. Também esta bem-aventurança começa aqui em baixo e será cumprida em Cristo.”
Francisco ressaltou que “escolher a pureza, a mansidão e a misericórdia; escolher confiar-se ao Senhor na pobreza de espírito e na aflição; empenhar-se pela justiça e pela paz, tudo isso significa caminhar contracorrente em relação à mentalidade deste mundo, em relação à cultura da posse, da diversão sem sentido, da arrogância para com os mais fracos. Este caminho evangélico foi percorrido pelos Santos e pelos beatos”. Dito isso, o Santo Padre acrescentou:
“A solenidade de hoje, que celebra Todos os Santos, nos lembra a vocação pessoal e universal à santidade, e nos propõe os modelos seguros para este caminho, que cada um percorre de forma única e irrepetível. Basta pensar na inesgotável variedade de dons e histórias concretas que existem entre os santos e as santos: não são iguais, cada um tem a própria personalidade e desenvolveu sua vida em santidade segundo a própria personalidade e cada um de nós pode fazer isso, seguir por essa estrada: mansidão, mansidão por favor e caminhemos para a santidade.”
Concluindo a alocução que precedeu a oração mariana, o Papa frisou que “esta imensa família de fiéis discípulos de Cristo tem uma Mãe, a Virgem Maria. Nós a veneramos com o título de Rainha de todos os Santos, mas é acima de tudo a Mãe, que ensina cada um a acolher e seguir seu Filho. Que ela nos ajude a alimentar o desejo de santidade, percorrendo o caminho das Bem-aventuranças.
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