Liturgicamente, o mês de outubro é o mês em que a Santa Igreja convida os seus filhos para uma reflexão mais apurada sobre a vida missionária. O Concílio Vaticano II, ocorrido há 58 anos, afirmou no Decreto Ad Gentes: ”Todos os fiéis, como membros de Cristo, têm por obrigação “colaborar no crescimento e na expansão do Seu corpo (Igreja) para o levar a atingir, quanto antes, a sua plenitude” (nº 36).
É interessante notar que, por vezes, nossa história relacional com Deus é marcada pela alternância, tempos de escuta privilegiada, tempos de silêncio inquietante, tempos de abundância, tempos de escassez. Às vezes, a estrada é plana, mas também nos faz percorrer alguns trechos pedregosos, de subidas íngremes, perdas e ganhos, lágrimas e sorrisos. E isso é a grande riqueza da nossa relação com Deus. Eu sei que nem sempre somos dóceis para assumirmos essa verdade, por tempos não lançamos um olhar maduro sobre o que nos acontece, porém, chega um momento em que essa visão, essa maturidade é adquirida.
O mês de outubro é marcado também pela celebração de grandes santos e santas da Igreja, uma delas é a Santa Teresa D’Ávilla, doutora da Igreja, que ensina: “Engana-se aquele que pensa entrar no céu, sem antes ter entrado em si mesmo”.
Caro irmão leitor, somente fazendo esse percurso você entenderá o quanto as tribulações que te visitam, por vezes, sem avisar, podem lhe oferecer preciosos ensinamentos. A tribulação é um “campo de treinamento” para o seu processo de santidade; é na tribulação que você adquire têmpera e envergadura espiritual. A tribulação não é o fim, não é castigo, não é punição, ela é purgativa, é a via de aprimoramento espiritual e humano.
Quem passa a vida ouvindo só sim jamais testemunhará maturidade! Problemas, adversidades e desafios têm a capacidade de estreitar nossa comunhão com Deus, eles revelam nossa pequenez, nossa finitude, nossa fragilidade e, ao mesmo tempo de posse de tudo que nos acontece, temos o Senhor, que é o Todo Poderoso, o Onipotente, o Invencível que, a partir das dificuldades e tribulações que nos acontecem, quer nos potencializar nas virtudes. Viu quanta riqueza?
Quando Jesus estava no terceiro e derradeiro ano de sua vida pública, num determinado momento, os discípulos se aproximaram d’Ele e fizeram – lhe um pedido: “Mestre, ensina-nos a orar” (cf.LC.11,1). Foi aí que Jesus lhes entregou o direito de chamar a Deus de Pai; e isso, caro irmão leitor, é extraordinário, pois você pode conversar com Deus que, apesar de ser o tudo se apresenta como Pai, isso faz toda a diferença, pois dirigir-se a Deus na qualidade de Pai gera em nós a confiança de filhos que somos.
A Igreja atinge sua plenitude quando seus filhos, os batizados, têm a consciência de que Deus, como Pai amoroso, não os desampara. É coerência por parte d’Ele. Aquele, que nos criou, vai, por acaso, deixar de nos respaldar em tempos de tribulação? Evidentemente que não.
Não são poucos os filhos da Igreja que se lançam no pretenso direito de reivindicar, ou até mesmo exigir, que o Pai os atenda, os responda no tempo predeterminado por eles mesmos, alguns mais “atrevidos” se sentem no direito de “dar prazos a Deus”, com situações do tipo: “Olha, Senhor, se não fizer isso a mim, em “x” tempo, não conta mais comigo”, como se Deus tivesse o dever de nos atender em nossas exigências que, algumas vezes, estão carregadas de melindres e mimos.
Não siga esse caminho, caro irmão, já dizia São José Moscatti, médico de profissão e professor universitário, nascido na mesma cidade que também nos deu Padre Pio, em Benevento – Itália: “Não podemos ser filhos mimados de um Deus crucificado”. As Escrituras também nos dão preciosos ensinamentos sobre como suportar dificuldades e tribulações, como, por exemplo: “É para vossa correção que sofreis! Deus vos trata como filhos” (cf.Hb.12,7). A tribulação que chega, termina; a dificuldade que vem, passa. E você prossegue, tendo Deus como Pai, arrimo e inspiração.
Canção Nova
O Papa Francisco enviou nesta quinta-feira (8) uma mensagem para o Conselho Feminino do Pontifício para a Cultura do Vaticano, um organismo permanente para ouvir e valorizar a presença das mulheres a partir do dicastério e para a reflexão de grandes temas culturais. O espaço conta com representantes de várias confissões religiosas e também por não crentes. Segundo o Pontífice, um grupo que representa “uma bela novidade” dentro da Cúria Romana:
“Pela primeira vez, um dicastério envolve um grupo de mulheres tornando-as protagonistas dos projetos e das linhas culturais que estão se desenvolvendo, e não apenas para lidar com as questões da mulher. O conselho de vocês é composto por mulheres engajadas em diferentes setores da vida social e portadoras de visões culturais e religiosas do mundo que, embora diferentes, convergem para o objetivo de trabalhar em conjunto com respeito mútuo.”
A mensagem pontifícia datada de 1º de outubro, foi divulgada por ocasião do seminário “As mulheres leem Papa Francisco: leitura, reflexão e música”, que reúne uma série de encontros e começa, desta vez, com o tema da exortação “Evangelii Gaudium”, seguido pela encíclica Laudato si’ e o Documento sobre a Fraternidade Humana pela Paz Mundial e a Convivência Comum. Os textos, recordou o Pontífice, são dedicados, respectivamente, “aos temas da evangelização, da Criação e da fraternidade”.
O Papa Francisco, na mensagem, também destacou que o seminário está sendo atribuído a “uma grande mulher, proclamada Doutora da Igreja em 2012: Santa Hildegarda de Bingen. Como São Francisco de Assis, ela também compôs um hino harmonioso no qual canta e louva o Senhor da e na Criação”.
“Hildegarda unifica o conhecimento científico e a espiritualidade; e há mil anos – como uma verdadeira mestra – lê, comenta, cria e ensina mulheres e homens. Ela quebrou os padrões do seu tempo que impediam às mulheres de estudar e de entrar na biblioteca e, como abadessa, também pediu o mesmo para as suas irmãs. Ela aprendeu a cantar e a compor música o que, para ela, foi uma onda capaz de levá-la ao alto até Deus. A música para ela não era apenas arte ou ciência, era também liturgia.”
O Papa, então, parabenizou a realização do seminário que pretende “criar um diálogo entre intelecto e espiritualidade, entre unidade e diversidade, entre música e liturgia, com um objetivo fundamental, ou seja, a amizade e a confiança universal”:
Francisco, finalizou a mensagem, desejando que as mulheres do Conselho Feminino do dicastério sejam “portadoras de paz e de renovação”, sejam uma presença que, “com humildade e coragem, saiba compreender e acolher a novidade e gerar a esperança de um mundo fundado na fraternidade”. Afinal, como lembrou o Papa, “na história da salvação é uma mulher que acolhe a Palavra”; são as mulheres que esperam e proclamam a Ressurreição: os atos de acolhimento e anúncio.