O Papa Francisco quer manifestar a sua proximidade às pessoas doentes, em quarentena e que não podem se locomover. Por isso, a partir de segunda-feira (09/03), a missa matutina das 7h (3h no horário de Brasília) celebrada pelo Pontífice na capela da Casa Santa Marta será transmitida ao vivo, em streaming.
“Em relação ao risco de difusão do Covid-19 – disse o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni –, o Santo Padre determinou que as missas por ele celebradas em caráter privado na Casa Santa Marta nos próximos dias sejam transmitidas ao vivo, através do player do Vatican News, e distribuídas pelo Vatican Media aos meios conectados, para permitir a quem desejar de acompanhar as celebrações em união de oração com o Bispo de Roma.”
Não haverá a presença de fiéis nas missas.
A celebração eucarística cotidiana às 7h na capela da residência de Francisco representa uma das novidades do seu pontificado. O Papa já recebeu milhares de fiéis, sempre em pequenos grupos. As breves homilias pronunciadas sem um texto escrito são sintetizadas pela Rádio Vaticano/Vatican News e pelo l’Osservatore Romano e se tornaram um ponto de referência para muitos fiéis em todo o mundo.
Além das modificações na realização do Angelus e na Audiência Geral da quarta-feira, a Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou o fechamento dos Museus Vaticanos e outros museus ligados a basílicas pontifícias até o dia 3 de abril.
No Vaticano, até o momento foi confirmado um caso positivo do novo coronavírus.
Radio Vaticano
Um Angelus “um pouco estranho” em tempo de coronavírus: o Papa fez sua tradicional alocução dominical não da janela do Palácio Apostólico, mas na Biblioteca, “enjaulado”, como disse Francisco logo no início da transmissão.
Os telões na Praça São Pedro mostraram ao vivo este momento, com a presença de algumas centenas de fiéis. A medida foi tomada, como explicou o Pontífice, para evitar aglomerações que, neste período, podem favorecer a transmissão do vírus.
Sem os aplausos e a interação dos fiéis, o Pontífice comentou o Evangelho deste segundo Domingo da Quaresma (cfr Mt 17,1-9), que apresenta a narração da Transfiguração de Jesus.
Cristo toma consigo Pedro, Tiago e João e os leva para uma alta montanha, símbolo da proximidade com Deus, para abri-los a uma compreensão mais plena do mistério da sua pessoa. Jesus diz a eles dos sofrimentos, da morte e da ressurreição que o aguardavam, mas os discípulos não conseguiam aceitar aquela perspectiva. Por isso, já no topo da montanha, Jesus se imergiu em oração e se transfigurou diante dos três: “o seu rosto brilhou como o sol e as suas roupas ficaram brancas como a luz” (v. 2).
Através do evento maravilhoso da Transfiguração, explicou o Papa, os três discípulos são chamados a reconhecer em Jesus o Filho de Deus. “Assim, eles avançam no conhecimento do seu Mestre, dando-se conta que o aspecto humano não expressa toda a sua realidade; aos olhos deles, é revelada a dimensão ultraterrena e divina de Jesus.”
E os discípulos são convidados a ouvi-lo e segui-lo.
Francisco destacou que, em meio ao grupo dos Doze, Jesus escolhe Pedro, Tiago e João. Reserva a eles o privilégio de assistir à transfiguração, “não porque eram os mais santos”. E mesmo assim, na hora da provação, Pedro o renegará; e os dois irmãos Tiago e João pedirão para ter os primeiros lugares no seu reino.
O Papa recordou que Jesus não escolhe segundo os nossos critérios, mas segundo o seu desenho de amor. “Trata-se de uma escolha gratuita, incondicionada, uma iniciativa livre, uma amizade divina que não pede nada em troca.”
E assim como chamou aqueles três discípulos, também hoje chama algumas pessoas para que estejam próximas a Ele, para poder testemunhar.
Não estivemos no monte Tabor, prosseguiu Francisco, não vimos com os nossos olhos o rosto de Jesus brilhar como o sol. Todavia, também a nós foi entregue a Palavra da salvação, foi doada a fé. Também a nós Jesus diz: “Levantai-vos e não tenhais medo”.
O Papa concluiu pedindo a intercessão da Virgem Maria para que, no tempo propício da Quaresma, nos dê a docilidade ao Espírito, que é “indispensável para nos encaminhar de maneira resoluta no caminho da conversão”.
Radio Vaticano