São José, “uma figura aparentemente secundária, mas em cuja atitude está encerrada toda a sabedoria cristã”. Assim tem início a alocução do Papa Francisco antes de rezar o Angelus com os milhares de peregrinos e turistas de todas as partes do mundo presentes na Praça São Pedro neste IV Domingo de Advento. E foi justamente o exemplo “desse homem manso e sábio” narrado no Evangelho de São Mateus proposto pela liturgia do dia, que inspirou sua reflexão.

José é um homem modesto, “não prega, não fala, mas busca fazer a vontade de Deus; e a cumpre no estilo do Evangelho e das Bem-aventuranças”, enfatiza o Papa. Pensemos: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus”:

“E José é pobre porque vive do essencial, trabalha, vive do trabalho; é a pobreza típica daqueles que tem consciência de depender totalmente de Deus e nele depositam toda sua confiança.”

Busca de uma solução para preservar a dignidade e integridade da amada Maria

A situação narrada pelo Evangelho é constrangedora, pois José e Maria estão prometidos como esposos, ainda não vivem juntos, mas “ela espera um filho por ação de Deus”:

José, diante dessa surpresa, naturalmente fica perturbado, mas, ao invés de reagir de maneira impulsiva e punitiva – como se costumava fazer, a lei o protegia – busca uma solução que respeite a dignidade e a integridade de sua amada Maria.

José sabia que consequências teria uma possível denúncia sua, mas “tem total confiança em Maria, a quem ele escolheu como esposa. Não entende mas busca outra solução (…), com grande sofrimento, decide se separar de Maria sem criar escândalo”.

Total confiança em Deus

Diante de tal decisão, entra em ação um anjo do Senhor que lhe diz que a solução por ele pensada “não é aquela desejada por Deus. Antes pelo contrário – observa o Papa – o Senhor abre a ele um novo caminho, um caminho de união, de amor e de felicidade e diz a ele: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”:

A este ponto, José confia totalmente em Deus, obedece às palavras do anjo e toma consigo Maria. Precisamente essa confiança inabalável em Deus permitiu a ele aceitar uma situação humanamente difícil e, em certo sentido, incompreensível.

Resgatar a lógica de Deus que abre novos horizontes

Pela fé, José passa a compreender que a criança gerada no ventre de Maria não é seu filho, mas é o Filho de Deus e que ele “será seu protetor, assumindo plenamente sua paternidade terrena”:

“O exemplo desse homem manso e sábio nos exorta a elevar o olhar, procurando ver além. Trata-se de resgatar a surpreendente lógica de Deus que, longe dos pequenos ou grandes cálculos, é feita de abertura a novos horizontes, a Cristo e à Sua Palavra.”

Que a Virgem Maria e seu castíssimo esposo José – foi a exortação final do Santo Padre – nos ajudem a nos colocar à escuta de Jesus que vem e que pede para ser acolhido em nossos projetos e nas nossas escolhas.

Às famílias: Natal com fraternidade, crescimento na fé e solidariedade

Ao saudar os peregrinos presentes, após rezar o Angelus, Francisco dirigiu um pensamento especial às famílias, fazendo votos que o Natal seja uma ocasião de fraternidade, crescimento na fé e solidariedade:

Dentro de três dias será Natal e meu pensamento vai especialmente às famílias, às famílias de vocês, que nestes dias de festa se reúnem: quem vive longe de seus pais, parte e volta para casa; os irmãos procuram se reencontrar. Que o Santo Natal seja para todos uma ocasião de fraternidade, de crescimento da fé e de gestos de solidariedade para com os necessitados. E que São José nos acompanhe neste caminho para o Natal.

Radio Vaticano