Na última semana do ano litúrgico, a Igreja nos convida a refletir sobre o fim do mundo, o fim de cada um de nós, e o faz também o Evangelho desta sexta-feira, em que Lucas repete as palavras de Jesus: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”.
A vulnerabilidade humana
Em sua homilia, o Papa reiterou que “tudo acabará”, mas “Ele ficará”, e estas palavras o inspiraram para convidar cada um a refletir sobre o momento do fim, isto é, da morte. Nenhum de nós sabe exatamente quando acontecerá, ou melhor, com frequência temos a tendência a adiar o pensamento, acreditando-nos eternos, mas não é assim:
Todos nós temos esta fraqueza de vida, esta vulnerabilidade. Ontem eu meditava sobre isto, sobre um belo artigo que saiu agora na (revista, ndr) ‘Civiltà cattolica’, que dizia que o que une todos nós é a vulnerabilidade: somos iguais na vulnerabilidade. Todos somos vulneráveis e a um certo ponto esta vulnerabilidade nos leva à morte. Por isso vamos ao médico para ver como vai a minha vulnerabilidade física, outros vão para curar alguma vulnerabilidade psíquica no psicólogo.
A ilusão de ser eternos e a esperança no Senhor
A vulnerabilidade, portanto, nos une e nenhuma ilusão nos abriga. Na minha terra, recordou o Papa, havia a moda de pagar antecipadamente o funeral com a ilusão de economizar dinheiro para a família. Quando veio à luz o golpe aplicado por essas empresas fúnebres, a moda passou. “Quantas vezes a ilusão nos engana”, comentou o Pontífice, como a ilusão de “sermos eternos”. A certeza da morte, ao invés, está escrita na Bíblia e no Evangelho, mas o Senhor nos apresenta como um “encontro com Ele” e está acompanhada pela palavra “esperança”:
O Senhor nos fala para estarmos preparados para o encontro, mas a morte é um encontro: é Ele quem vem nos encontrar, é Ele quem vem nos pegar pela mão e nos levar até Ele. Eu não gostaria que essa simples pregação fosse um aviso fúnebre! É simplesmente Evangelho, é simplesmente vida, é simplesmente dizer um ao outro: somos todos vulneráveis e todos temos uma porta à qual o Senhor um dia baterá.
É necessário, portanto, preparar-se bem para o momento em que a campainha tocará, o momento em que o Senhor baterá à nossa porta: rezemos um pelo outro – é o convite do Papa também aos fiéis presentes na Missa – para estar prontos, para abrir a porta com confiança ao Senhor que vem:
Todas as coisas que juntamos, que poupamos, licitamente boas, mas não levaremos nada … Mas, sim, levaremos o abraço do Senhor. Pensar na própria morte: eu vou morrer, quando? Não está determinado no calendário, mas o Senhor sabe. E rezar ao Senhor: “Senhor, prepara meu coração para morrer bem, para morrer em paz, para morrer com esperança”. É esta a palavra que deve sempre acompanhar a nossa vida, a esperança de viver com o Senhor aqui e depois viver com o Senhor do outro lado. Rezemos uns pelos outros sobre isso.
Radio Vaticano