O Santo Padre concluiu suas atividades em Bangcoc, capital da Tailândia, na tarde desta quinta-feira, com uma celebração Eucarística, no Estádio Nacional da cidade.
Em sua homilia, o Papa partiu da frase evangélica de Mateus “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?”. Com esta pergunta, Jesus desafiou a multidão a prestar atenção a esta pergunta, que parecia tão óbvia, e respondeu: “Todo aquele que fizer a vontade do meu Pai, que está no Céu. Este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
Pôr-se a caminho, descobrir a verdade
Deste modo, disse Francisco, Jesus critica os determinismos religiosos e legais da época. No entanto, é impressionante ver no Evangelho a variedade de perguntas que perturbam, despertam e convidam os discípulos a pôr-se a caminho e a descobrir a verdade, capaz de gerar a vida. Isto, afirmou o Papa, serve para abrir o coração e renovar a nossa vida e a da comunidade. E acrescentou:
“ Assim aconteceu com os primeiros missionários, que partiram e chegaram a estas terras: ao ouvir a Palavra do Senhor e responder aos seus pedidos, puderam perceber que pertenciam a uma família bem maior do que a gerada pelos laços de sangue, cultura, região ou pertença a um determinado grupo ”
Por isso, explicou Francisco, impelidos pela força do Espírito e repletos de esperança, que nasce da boa nova do Evangelho, eles se puseram a caminho para conhecer os membros desta sua família que ainda não conheciam. Mas, tiveram que abrir o coração a uma nova realidade, superar todos os obstáculos e divisões, para encontrar as mães e irmãos tailandeses, que não frequentavam a Igreja. E o Papa ponderou:
“ Sem este encontro, faltaria o rosto do Cristianismo, os cânticos e as danças, que representam o sorriso típico dos tailandeses e seu contexto cultural. O discípulo missionário não é um mercenário da fé nem um caçador de prosélitos, mas um mendigo que reconhece que lhe faltam os irmãos, as irmãs e as mães com quem celebrar e festejar o dom da reconciliação, que Jesus oferece a todos ”
Todos somos discípulos missionários
Eis a fonte da ação evangelizadora, frisou Francisco, que recordou os 350 anos da criação do Vicariato Apostólico de Sião. Na época, eram apenas dois missionários que lançaram a semente do Evangelho, que, desde então, cresceu e desabrochou em uma variedade de iniciativas apostólicas, que contribuíram para a vida da nação. E o Papa afirmou:
“ Este aniversário não significa nostalgia do passado, mas uma chama de esperança para que, no presente, possamos também responder, com a mesma determinação, força e confiança. Trata-se de uma comemoração festiva, que nos ajuda, com coração feliz, compartilhar uma vida nova, que brota do Evangelho, com todos os membros da nossa família, que ainda não conhecemos ”
O Santo Padre concluiu sua homilia dizendo que “todos somos discípulos missionários, quando fazemos parte viva da família do Senhor, como Ele o fez”. E recordou:
“ Penso, de modo particular, nos meninos, meninas e mulheres obrigados à prostituição e ao tráfico, desfigurados na sua dignidade; penso nos jovens escravos da droga, que perturba sua perspectiva e dissipa seus sonhos; penso nos migrantes, privados das suas casas e famílias, e em tantos que, como eles, são esquecidos, órfãos, abandonados, sem uma comunidade de fé que os possa acolher; penso nos pescadores explorados, nos mendigos ignorados ”
Todas estas pessoas, disse por fim Francisco, fazem parte da nossa família cristã. O discípulo missionário sabe que a evangelização não é contar com a adesão dos poderosos, mas abre as portas para viver e partilhar do abraço misericordioso e mediador de Deus Pai. Assim, o Papa exortou a comunidade tailandesa a continuar o caminho iniciado há 350 anos pelos primeiros missionários.
Radio Vaticano