No final da manhã desta quinta-feira (13) e como última de uma série de audiências do dia, o Papa Francisco recebeu 6 mil pessoas da comunidade acadêmica da Lumsa, a “Libera Università Maria Santissima Assunta”, uma universidade privada de inspiração católica, com sedes em Roma, Palermo e Taranto, na Itália. A audiência especial começou cedo na Sala Paulo VI, com interpretações do coro universitário e do grupo musical da instituição. Antes do discurso do Pontífice, também fizeram uso da palavra o reitor da universidade, diretores de departamentos e hóspedes sobre o nascimento da instituição.
O encontro, como lembrou o Papa logo no início do seu discurso, além de inaugurar oficialmente o ano acadêmico, marca as comemorações dos 80 anos de fundação da instituição que começou em 1939 como uma escola de magistério, e se transformou na Lumsa atual, em 1989. Uma conquista “significativa e de maturidade”, disse Francisco, que “nasceu para responder uma necessidade que, na época, e também é agora, urgente, isto é, aquela de formar educadores e, em especial, educadoras, abrindo o mundo da alta formação às mulheres”. O Papa então fez referência à fundadora, a Venerável Luigia Tincani, que direcionou esforços para criar vocações intelectuais femininas através de uma “empresa de serviço”, primeiro preparando docentes e, depois, formando profissionais para o mercado.
Francisco também trouxe as inspirações de dois Santos ao discurso: Paulo VI e John Henry Newman que “viveram a universidade” e, através do empenho pastoral, propuseram “consciência universitária” e “uma ideia de universidade”, que, segundo o Pontífice, também é sinônimo de “uma ideia de convergência de saberes” para poder oferecer ao mundo “a verdade e sentido de diálogo”.
Sobre essa importante tarefa desempenhada na formação de terceiro grau, o Papa relembrou o que disse à comunidade acadêmica de outra universidade romana em 2017:
“Vocês devem se empenhar, também como universidade, em projetos de compartilhamento e de serviço aos últimos, para fazer crescer na nossa cidade de Roma o sentido de pertença à uma ‘pátria comum’. […] Trabalhando com projetos, inclusive pequenos, que favoreçam o encontro e a solidariedade, se recupera juntos um sentido de confiança na vida. A universidade comporta, de fato, um empenho não só formativo, mas educativo, que parte da pessoa e chega à pessoa.”
O Papa então abordou o aspecto do pensamento crítico e do amadurecimento de valores que devem ser promovidos dentro da universidade. Por isso, exortou Francisco, “a exigência de renovar o emprego de responsabilidades”, sobretudo em época de acelerados processos comunicativos, tecnológicos e de interconexão global.
A primeira responsabilidade citada por Francisco foi a da coerência, ou seja, de fidelidade e de comunidade vivida dentro da universidade:
A responsabilidade cultural, “eu diria que até missionária diante do mundo”, disse o Papa, foi a segunda sugerida pelo Pontífice para ser renovada no âmbito acadêmico. Francisco, então, citou Bento XVI quando descreveu a tarefa da universidade que é de oferecer “a verdade”:
O Papa seguiu com o elenco de responsabilidades e citou aquela social da universidade, através de relações virtuosas de desenvolvimento integral com as forças vivas da sociedade: “é preciso coragem para se envolver”, enfatizou Francisco, abrindo-se “às antigas e novas pobrezas”.
A última responsabilidade descrita pelo Pontífice foi a interuniversitária. O Papa pediu que se desse continuidade ao trabalho em conjunto com outras instituições, católicas ou não, para se criar “um clima produtivo de cooperação, intercâmbio e ajuda mútua ao construir projetos didáticos e de pesquisa inovadores”, sempre em busca da “verdade e que não satisfaz com a mediocridade”.
Ao concluir o discurso exaltando as exigências de uma educação integral num “mundo globalizado e fragmentado, cheio de contradições e que requer tanto trabalho conjunto, sério, criativo, artesanal, que passa através da mente, do coração e das mãos”, o Papa disse: