O Papa Francisco presidiu na manhã desta segunda-feira (04/11), na Basílica Vaticana, a missa em sufrágio dos cardeais e bispos que morreram no decorrer do último ano.
Do Brasil, recordamos o Cardeal Serafim Fernandes de Araújo, que morreu no dia 8 de outubro. Dom Antônio Possamai, bispo emérito de Ji-Paraná; Dom Friedrich Heimler, bispo emérito de Cruz Alta; Dom Francisco de Paula Victor; que foi auxiliar de Brasília; Dom José Belvino do Nascimento, bispo emérito de Divinópolis; Dom Silvestre Luís Scandian, arcebispo emérito de Vitória; Dom Urbano José Allgayer, bispo emérito de Passo Fundo; Dom Diogo Reesink, bispo emérito de Teófilo Otoni; Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho; Dom Walmir Alberto Valle, bispo emérito de Joaçaba; Dom Franco Cuter, bispo emérito de Grajaú; Dom Elias James Manning, bispo emérito de Valença; Dom Ercílio Turco, bispo emérito de Osasco.
Em sua homilia, o Papa comentou as leituras extraídas do Livro dos Macabeus, da carta de São Paulo aos Filipenses e do Evangelho de João – leituras que recordam que viemos ao mundo para ressurgir: não nascemos para a morte, mas para a ressurreição. Francisco então propôs uma pergunta: que me sugere o pensamento da ressurreição? Como respondo ao meu chamado para ressurgir?
Uma ajuda vem de Jesus, que no Evangelho afirma “vem a mim”.
“Ir até Jesus para se vacinar contra a morte, contra o medo de que tudo acabe”, disse o Papa, acrescentando que não se trata de uma exortação espiritual genérica se nos perguntarmos realmente como Jesus está presente nas nossas ações cotidianas.
Vivo indo em direção ao Senhor ou girando em torno de mim mesmo? Qual é a direção do meu caminhar?
Jesus é veemente: “O que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora”.
A vida é toda em saída, prosseguiu o Papa. Do ventre da mãe para vir à luz, da infância para a adolescência, da adolescência para a vida adulta e assim por diante até a saída deste mundo.
Para Francisco, existe todavia uma saída que é a mais importante e a mais difícil: a saída de nós mesmos.
“Somente saindo de nós mesmos abrimos a porta que conduz ao Senhor. Peçamos esta graça: ‘Senhor, desejo vir a Ti através das estradas e dos companheiros de viagem de todos os dias. Ajuda-me a sair de mim mesmo para ir ao Teu encontro, que és a vida’.”
O Pontífice comentou ainda o trecho de Macabeus, em que se afirma que uma belíssima recompensa aguarda os que morrem piedosamente. São os sentimentos de piedade que geram magníficas recompensas, explicou o Papa. Servir os necessitados é a antecâmara para o paraíso, é a ponte que liga o céu e a terra.
Podemos então nos perguntar se estamos avançando sobre esta ponte, se me deixo comover, se choro por quem sofre, se rezo por aqueles que ninguém pensa, se ajudo alguém que não pode me retribuir.
Por fim, Francisco citou uma passagem dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, que sugere se imaginar no dia do juízo antes de tomar uma decisão importante. Toda escolha de vida enfrentada nesta perspectiva é bem orientada, porque mais próxima à ressurreição, que é o sentido e a finalidade da vida.
Assim como a partida se calcula na chegada, a semeadura na colheita, a vida se julga a partir do seu fim.
Entre as muitas vozes do mundo que fazem perder o sentido da existência, concluiu o Papa, “sintonizemo-nos na vontade de Jesus, ressuscitado e vivo: faremos do hoje que vivemos um alvorecer de ressurreição”.
Radio Vaticano
Perseguir com “constância e profissionalidade” soluções que levem a um “progresso civil e cultural para as pessoas e para a humanidade” marcado pela “solidariedade”. Esta foi a mensagem do Papa Francisco aos participantes do Simpósio da Federação Internacional das Universidades Católicas , sobre o tema “Novas fronteiras para os líderes das universidades. O futuro da saúde e o ecossistema da universidade”.
Ao recebê-los no Vaticano, o Pontífice recorda os “desafios inéditos” para as universidades que hoje provêm “do desenvolvimento das ciências, da evolução das novas tecnologias e das exigências da sociedade que pedem às instituições acadêmicas respostas adequadas e atualizadas”.
As universidades católicas, observa Francisco, deveriam dar “com maior acuidade” estas exigências, estudando “problemáticas antigas e novas” na sua especificidade e rapidez, “mas sempre dentro de uma ótica pessoal e global”.
O Papa nota o quanto o desenvolvimento das tecnociências esteja destinado a influenciar “de modo cada vez maior” na saúde física e psicológica das pessoas: todo ensinamento, sublinha, implica também em uma interrogação sobre os “porquês”, com uma reflexão “sobre os fundamentos e sobre os fins de cada disciplina”.
“É necessário superar a herança do iluminismo, educar de modo geral, mas antes de tudo, a universidade não é somente encher a cabeça de conceitos. É preciso três linguagens. É necessário que as três linguagens entrem em jogo: a linguagem da mente, a linguagem do coração e a linguagem da mão, para que assim se pense em harmonia com o que se sente, se faz; se sinta em harmonia com o que se pensa e se faz; se faça em harmonia com o que se sente e se pensa. Uma harmonia geral, não extraída da totalidade”.
Portanto Francisco evidencia uma ideia de educação concebida como “um processo teológico”, orientado a um fim e, portanto para uma exata visão do homem, ao qual une também um “caráter tipicamente epistemológico” que refere-se universalmente a todo os saberes: humanistas, naturalistas, científicos e tecnológicos.
“A ligação entre conhecimento e finalidade leva ao tema da internacionalidade e ao papel do sujeito em todo processo cognitivo. Assim chegamos a uma nova episteme. A epistemologia tradicional tinha sublinhado este papel considerando o caráter impessoal de todo conhecimento como condição de objetividade, requisito essencial da universalidade e da comunicabilidde do saber. Hoje, ao invés, numerosos autores colocam em evidência como não existam experiências totalmente impessoais: a forma mentis, as convicções normativas, as categorias, a criatividade, as experiências existenciais do sujeito representam uma ‘dimensão tácita’ do conhecimento, mas sempre presente, um fator indispensável para a aceitação do progresso científico. Não podemos pensar em uma nova episteme de laboratório, não dá; da vida, sim”.
Radio Vaticano