Os bispos estejam próximos a Deus com a oração, a seus sacerdotes, próximos entre si e, por fim, ao povo de Deus. Este é o caminho que o Papa Francisco indicou esta manhã (20/09) na homilia da missa na Casa Santa Marta. A sua reflexão foi inspirada nas leituras da Liturgia de ontem e hoje, concentrando-se nos conselhos que o apóstolo Paulo dá ao jovem bispo Timóteo: conselho que prosseguem, depois, também na segunda Carta.
Ontem, no centro desses conselhos estava a exortação a viver o ministério como um dom. Hoje, o cerne da reflexão é o dinheiro, mas também a intriga, “as fofocas, as discussões estúpidas”: todas coisas que enfraquecem a vida ministerial, destacou Francisco. “Quando um ministro – seja sacerdote, diácono, bispo – começa a se apegar ao dinheiro”, se une à raiz de todos os males, reiterou o Papa, evocando a primeira leitura de hoje, na qual Paulo recorda que a avidez do dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6,2c-12). “O diabo entra pelo bolso”, diziam as “velhinhas do meu tempo”, voltou a recordar o Papa.
Na homilia, Francisco se concentrou nos conselhos que o apóstolo Paulo dá a Timóteo e a todos os ministros nas duas cartas. A serem próximos são chamados, de fato, não só os bispos, mas também os sacerdotes e os diáconos. São as quatro “proximidades” que o Papa indicou. Antes de tudo, o bispo “é um homem de proximidade a Deus”. O Pontífice recordou que quando os apóstolos, para servir melhor viúvas e órfãos, “inventaram” os diáconos, para explicar bem tudo isso Pedro ressalta que “a nós” cabe “a oração e o anúncio da Palavra”. “A primeira tarefa de um bispo, portanto, é rezar: “dá força”, explicou, e desperta também “a consciência deste dom, que não devemos ignorar, que é o ministério”.
A segunda proximidade à qual o bispo é chamado é aos seus sacerdotes e diáconos, os seus colaboradores, que são os vizinhos mais próximos. “É preciso amar primeiro o seu próximo, que são os seus sacerdotes e os diáconos”, observou:
É triste quando um bispo esquece os seus sacerdotes. É triste ouvir as lamentações de sacerdotes que dizem: “Liguei para o bispo, preciso de um encontro para dizer algo, e a secretária me disse que está tudo lotado nos próximos três meses e não podia…”. Um bispo que sente esta proximidade aos sacerdotes, se sabe que um sacerdote ligou hoje, no máximo amanhã deveria chamá-lo, porque ele tem o direito de conhecer, de saber que tem um pai. Proximidade aos sacerdotes. E os sacerdotes vivam esta proximidade entre si, não as divisões. O diabo entra ali para dividir o presbitério, para dividir.
Assim, advertiu o Papa, começam os grupinhos que “dividem por ideologias”, “por simpatias”. Por fim, a quarta próximidade é ao povo de Deus:
Na segunda Carta, Paulo começa dizendo a Timóteo para não se esquecer da sua mãe e da sua avó, isto é, para não se esquecer de onde ele saiu, de onde o Senhor o tirou. Não se esqueça do seu povo, não se esqueça das suas raízes! E agora, como bispo e como sacerdote, é preciso estar sempre perto do povo de Deus. Quando um bispo se afasta do povo de Deus, acaba numa atmosfera de ideologias que nada têm a ver com o ministério: não é um ministro, não é um servo. Esqueceu-se do dom, gratuito, que lhe foi dado.
Em conclusão, o Papa voltou a pedir para não esquecer estas quatro “proximidades”, incluindo a do colégio episcopal e presbiteral: “a proximidade com Deus, a oração; a proximidade do bispo aos sacerdotes e dos sacerdotes ao bispo e dos sacerdotes entre eles e dos bispos entre eles, ou seja, a proximidade filial com Deus e fraternal ou paternal no bispo e nos sacerdotes”. E proximidade ao povo de Deus”. E exorta, com determinação, a rezar para que os bispos e os sacerdotes tenham essa proximidade, “aos seus líderes”: “aqueles que os conduzem pelo caminho da salvação”. “Teria a curiosidade de perguntar-lhes”, continua o Papa, “se vocês rezam pelos bispos, ou se apenas os criticam”:
Vocês rezam pelos seus sacerdotes, pelo pároco, pelo vice-pároco, ou apenas os criticam? Devemos rezar pelos sacerdotes e pelos bispos, porque todos nós – o Papa é um bispo – saibam conservar o dom – não negligenciar este dom que nos foi dado – com esta proximidade.
Radio Vaticano