O Papa Francisco deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre os Atos dos Apóstolos, na Audiência Geral desta quarta-feira (18/09), realizada na Praça São Pedro, na qual participaram doze mil pessoas.

O tema da catequese do Papa foi extraído do Capítulo 3, 39 dos Atos dos Apóstolos: “Cuidado para não se meterem contra Deus! Os participantes do Sinédrio aceitaram o parecer de Gamaliel”.

Obediência da fé

“Diante da proibição dos judeus de ensinar no nome de Cristo, Pedro e os Apóstolos respondem com coragem que não podem obedecer aos que desejam interromper a viagem do Evangelho no mundo. Os Doze mostram que possuem a “obediência da fé” que eles desejam despertar em todos as pessoas. A partir de Pentecostes, eles deixam de ser pessoas sozinhas. Vivem uma sinergia especial que os descentraliza de si mesmos e os leva a dizer: «nós e o Espírito Santo». Sentem que não podem dizer “eu” sozinho, mas “nós”, o «Espírito Santo e nós»”, disse Francisco, acrescentando:

Na força desta aliança, os Apóstolos não se deixam assustar por ninguém. Tinham uma coragem impressionante. Pensamos que eram covardes: todos fugiram, fugiram quando Jesus foi detido pela polícia. Todos. Mas, passaram de covardes a corajosos. Por quê? Porque o Espírito Santo estava com eles. O mesmo acontece conosco: se tivermos o Espírito Santo dentro nós, teremos a coragem de seguir em frente, a coragem de vencer muitas lutas, não por nós mesmos, mas pelo Espírito que está conosco.

Os mártires de hoje

Segundo Francisco, os Apóstolos “não recuam em sua marcha como testemunhas intrépidas do Ressuscitado, como os mártires de todos os tempos, inclusive o nosso”.

Os mártires dão a vida, não escondem que são cristãos. Pensemos, alguns anos atrás, hoje também existem muitos mas, pensemos nos cristãos coptas ortodoxos verdadeiros, trabalhadores que foram todos degolados na praia da Líbia, quatro anos atrás. A última palavra que disseram foi “Jesus, Jesus”. Eles não venderam a fé, porque o Espírito Santo estava com eles. São os mártires de hoje.

“Os Apóstolos são os megafones do Espírito Santo, enviados por Jesus ressuscitado a difundir com prontidão e sem hesitação a Palavra que salva. Esta determinação deles faz tremer o sistema religioso judaico, que se sente ameaçado e responde com violência e condenações à morte. A perseguição dos cristãos é sempre a mesma: as pessoas que não querem o cristianismo sentem-se ameaçadas e levam os cristãos à morte.”

Mas, no Sinédrio, eleva-se a voz de Gamaliel, um fariseu diferente que escolhe conter a reação dos demais, “um homem prudente, doutor da lei estimado por todo o povo”. Na escola de Gamaliel, São Paulo aprendeu a observar “a Lei de nossos pais”, conforme ele diz no Capítulo 22 dos Atos dos Apóstolos. Gamaliel toma a palavra e convida os seus correligionários a exercer a arte do discernimento, diante de situações que excedem os padrões usuais.

A força que os homens têm em si não é duradoura

“Ele mostra, citando alguns personagens que se fingiram Messias, que todo projeto humano pode primeiro receber elogios e depois naufragar, enquanto tudo o que vem do alto e tem a “assinatura” de Deus está destinado a durar.”

Os projetos humanos sempre falham; eles têm um tempo, como nós. Pensem em tantos projetos políticos, e como eles mudam de um lado para o outro, em todos os países. Pensem nos grandes impérios, pensemos nas ditaduras do século passado. Sentiam-se poderosos, que podiam dominar o mundo. Depois todos desabaram. Pensem também nos impérios de hoje: desabarão, se Deus não estiver com eles, porque a força que os homens têm em si não é duradoura. Somente a força de Deus permanece. Pensemos na história dos cristãos, incluindo a história da Igreja, com tantos pecados, tantos escândalos, tantas coisas ruins nesses dois milênios. E por que não desabou? Porque Deus está ali. Nós somos pecadores e muitas vezes escandalizamos. Mas Deus está conosco. Deus sempre salva. A força é “Deus conosco.

“Portanto, Gamaliel conclui que, se os discípulos de Jesus de Nazaré creram num impostor, são destinados a desaparecer; se ao invés seguem alguém que vem de Deus, é melhor desistir de combatê-los; e adverte: “Cuidado para não se meterem contra Deus. Nos ensina a fazer esse discernimento”, sublinhou Francisco.

Hábito do discernimento

As palavras de Gamaliel, são palavras pacatas e sensatas, que nos permitem ver o evento cristão com uma nova luz. Tocam os corações e obtêm o efeito desejado: os outros membros do Sinédrio aceitam o seu parecer e renunciam aos propósitos de morte, ou seja, matar os apóstolos.

O Papa concluiu a sua catequese, convidando-nos a pedir ao Espírito Santo para agir em nós a fim de que possamos “adquirir o hábito do discernimento”.

Que o Espírito Santo nos ajude a “ver sempre a unidade da história da salvação através dos sinais da passagem de Deus em nosso tempo e nos rostos daqueles que nos rodeiam, e a aprender que o tempo e os rostos humanos são mensageiros do Deus vivo”.

Radio Vaticano

Ao final da Audiência Geral desta quarta-feira (18/09), o Papa Francisco recordou que em 21 de setembro celebra-se o Dia Mundial do Alzheimer.

Esta doença, afirmou o Papa, atinge inúmeros homens e mulheres, os quais com frequência são vítimas de violência, maus-tratos e abusos que espezinham a sua dignidade.

“ Rezemos pela conversão dos corações e por quem sofre com o Alzheimer, por suas famílias e por aqueles que cuidam dos doentes. ”

A esta oração, Francisco incluiu também quem sofre de patologias tumorais, para que sejam também eles amparados, seja na prevenção, seja no tratamento desta doença.

Memória

No Dia Mundial da Doença de Alzheimer, a ‘Alzheimer’s Disease International’ (ADI) vai lançar um relatório mundial que aborda as atitudes globais em relação à demência, com base numa pesquisa com quase 70 mil pessoas em 155 países.

A síndrome afeta a memória, outras capacidades cognitivas e comportamentos que interferem significativamente na capacidade de uma pessoa em manter as suas atividades diárias.

Segundo a ADI, as mortes devido à demência mais do que duplicaram entre os anos 2000 e 2016, tornando-a a quinta principal causa de morte global em 2016; estima-se que o número de pessoas que vivem com demência passará dos 50 milhões atuais para 152 milhões em 2050.

Radio Vaticano