A palavra “servo” se dirige, em primeiro lugar, a Jesus, pois Ele é o Servo: o Servo Javé, o Servo de Deus, o Servo do Senhor. Essa palavra também se aplica a todos aqueles que são de Jesus e fazem parte do Seu Corpo: “Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda minha afeição, faço repousar sobre Ele meu Espírito, para que leve às nações a verdadeira religião” (Is 42,1).

Jesus compreendeu que o Pai O enviou, mas que não realizaria Sua missão sozinho. Por isso, Jesus escolheu os apóstolos e os discípulos, conviveu com eles e, assim, fundou uma Igreja sobre Pedro.

O Pai foi revelando o Seu plano aos poucos, até Jesus homem entender a Sua vontade. Jesus não estava sozinho, estava com aqueles que o Pai escolheu para ser um com Ele.

O Senhor te escolheu e te elegeu Seu servo para ajudá-Lo na Sua missão. Assuma essa identidade e aja!

Lúcifer, um anjo de luz, foi escolhido por Deus para preparar esta terra para a vinda do Filho de Deus, para que Ele viesse e a governasse. Porém, ele não o fez nem quis fazer. Então, somos os servos do Senhor que estamos preparando a terra, a humanidade para que Jesus venha e governe. Nossa posição é a de servo.

Afirme para si mesmo: “Eu sou servo. Minha identidade é ser servo! O Senhor me escolheu para servir. Vivo para servir o Senhor”.

Somos servos e nos encaixamos bem na Palavra de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e produzais fruto” (Jo 15,16). O Senhor nos escolheu gratuitamente, por amor.

A palavra “eleito” nos dá a conotação de amor. Você nunca chama uma mulher de “minha eleita”, se não a ama; nunca chama um homem de “meu eleito“, se não o ama. O “eleito”, aqui, traz a conotação de amor. Deus é amor e derrama este amor sobre você.

Esta é a nossa identidade: somos servos eleitos do Senhor, sobre quem Ele põe toda a Sua afeição.

O força do Espírito Santo em nós

Eu sempre ficava atrapalhado com esta expressão: “… faço repousar sobre Ele meu Espírito” devido a palavra “repousar”. Num outro trecho, ela aparece novamente: “O Espírito do Senhor repousa sobre Mim, porque o Senhor consagrou-Me pela unção” (Is 61,1).

O termo “pairar” em hebraico e utilizado em Gênesis: ” E o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2), é o mesmo usado em Isaías com o sentido de “repousar”. O mais interessante é que, tanto em Gênesis como em Isaías, era um termo comum, conhecido por todas as pessoas. Era um verbo usado no hebraico para indicar a ação da galinha que está chocando os ovos. A galinha abre as asas, paira e faz pousar o corpo inteiro sobre os ovos; com o seu calor é que os ovos são chocados.

O mais interessante é que a galinha não quebra os ovos para que os pintinhos saiam. É o próprio pintinho que, dentro do ovo, bate com o bico e quebra a casca! Tudo acontece a partir do calor que o ovo recebe da galinha.
É isto que o Senhor está dizendo:

“Eis meu Servo que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda minha afeição, faço repousar sobre ele meu espírito.”

Consagrado ao Senhor

Imagine um ovo que começa a ser chocado mas não chega ao fim do processo. Dentro de cada um de nós há um caos, algo malcheiroso. Mas o Espírito de Deus, pousando sobre nós, transforma todas as coisas; formando o homem novo à imagem de Jesus Cristo. Essa é a nossa consagração!

“O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor consagrou-me pela unção” (Is 61,1). É necessário proclamar: “Eu sou um consagrado!”.

Às vezes, pensamos que consagrado é alguém que toma a iniciativa de se entregar ao Senhor. É o contrário: é o Senhor quem nos consagra; é Ele quem nos escolhe e nos faz Seus eleitos; é Ele quem toma a iniciativa. “Não fostes vós que Me escolhestes, mas Eu vos escolhi a vós e vos constituí para que vades e produzais frutos”.

Somos consagrados ao Senhor. Somos os levitas, aqueles que o próprio Senhor consagrou e cuja missão é levar a arca da aliança a qual somos nós! Dentro dela repousa o Espírito Santo que está vivo, ativo, agindo com Seus dons.

Constatamos um intercessor pelo fato de ser alguém batizado no Espírito Santo. Não podemos pensar que “batizar no Espírito” é uma ação que ocorre num determinado momento e pronto. Jesus nos disse: “Vós sereis batizados no Espírito Santo” (At 1,5).

Em outras palavras: “Vós sereis mergulhados, encharcados no Espírito Santo”. Imagine um lenço branco, seco, limpinho: se o mergulharmos na água, ele ficará tão encharcado que, ao apertá-lo, sairá água.

Orgulhe-se de ser batizado

Quando somos batizados no Espírito Santo, o que comunicamos é o Espírito: quando tocamos alguém, o Espírito toca; quando oramos, o Espírito ora; quando pedimos, o Espírito pede, age e faz. Assim acontece a realização dos dons.

Muitas pessoas têm receio de cair em orgulho espiritual. Temos de buscar sempre a humildade, mas a humildade está nesta verdade: não sou eu quem realizo prodígios é o Espírito do Senhor! E, se Ele quer que eu O leve e há tanta gente precisando, eu só posso levá-Lo.

Eis o que diz o Senhor Deus que criou os céus e os desdobrou, que firmou a terra e toda a sua vegetação, que dá respiração a seus habitantes, e o sopro vital àqueles que pisam o solo. “Eu, o Senhor, chamei-te realmente, eu te segurei pela mão, eu te formei e designei para ser a aliança com os povos, a luz das nações; para abrir os olhos aos cegos, para tirar do cárcere os prisioneiros e da prisão aqueles que vivem nas trevas. Eu sou o Senhor, esse é meu nome, a ninguém cederei minha glória, nem a ídolos minha honra. Realizaram-se os primeiros acontecimentos anunciados, eu predigo outros; antes que aconteçam, Eu vos-los faço conhecer” (Is 49,5-9).

Agora assuma diante do Senhor: “Eu sou um consagrado! Sou, hoje, um levita! O Senhor me escolheu e consagrou, para que eu leve em mim mesmo a Arca da Aliança, a Arca da Salvação.

Canção Nova

Abrir o coração à compaixão e não fechar-se na indiferença. Este foi o convite que o Papa Francisco fez esta manhã (17/09) ao celebrar a missa na Casa Santa Marta. A compaixão, de fato, nos leva para o caminho da verdadeira justiça”, salvando-nos assim do fechamento em nós mesmos.

Sentiu compaixão

Toda a reflexão foi feita a partir do trecho do Evangelho de Lucas da liturgia de hoje (Lc 7,11-17), em que é narrado o encontro de Jesus com a viúva de Naim, que chora a morte do seu único filho, enquanto é levado ao túmulo.

O evangelista diz que Jesus “sentiu compaixão para com ela”, como se fosse “foi vítima da compaixão”, explicou o Papa. Havia muita gente que acompanhava aquela mulher, mas Jesus viu a sua realidade: ficou sozinha hoje e até o final da vida, é viúva, perdeu o único filho. É propriamente a compaixão que faz compreender profundamente a realidade:

A compaixão faz ver as realidades como são; a compaixão é como a lente do coração: nos faz entender realmente as dimensões. E no Evangelho, Jesus sente muitas vezes compaixão. A compaixão também é a linguagem de Deus. Não começa, na Bíblia, a aparecer com Jesus: foi Deus quem disse a Moisés “vi a dor do meu povo” (Ex 3,7); é a compaixão de Deus, que envia Moisés a salvar o povo. O nosso Deus é um Deus de compaixão, e a compaixão é – podemos dizer – a fraqueza de Deus, mas também a sua força. Aquilo que de melhor dá a nós: porque foi a compaixão que o levou a enviar o Filho a nós. É uma linguagem de Deus, a compaixão.

A compaixão não é pena

A compaixão “não é um sentimento de pena” que se sente, por exemplo, quando vemos morrer um cachorro na rua: “coitadinho, sentimos um pouco de pena”, afirmou Francisco. Mas é “envolver-se no problema dos outros, é arriscar a vida ali”. O Senhor, de fato, arrisca a vida e vai.

Outro exemplo feito pelo Papa Francisco vem do Evangelho da multiplicação dos pães, quando Jesus diz aos discípulos que deem de comer à multidão que o seguiu, enquanto eles preferiam que fosse embora. “Os discípulos eram prudentes”, notou o Papa.

”Eu creio que naquele momento Jesus tenha ficado bravo, no coração”, prosseguiu Francisco, considerando a resposta que deu: ‘Deem vocês de comer!’”. O seu convite é para cuidar das pessoas, sem pensar que depois de um dia assim poderiam ir aos vilarejos para comprar pão. “O Senhor, diz o Evangelho, sentiu compaixão porque via aquelas pessoas como ovelhas sem pastor”, recordou o Papa. De um lado, portanto, o gesto de Jesus, a compaixão e, de outro, a atitude egoísta dos discípulos, que “buscam uma solução sem se comprometer”, sem sujar as mãos, como dizendo: “que se virem”:

E se a compaixão é a linguagem de Deus, muitas vezes a indiferença é a linguagem humana. Cuidar até certo ponto e não pensar além. A indiferença. Um dos nossos fotógrafos, do l’Osservatore Romano, tirou uma foto que agora está na Esmolaria, que se chama “Indiferença”. Já falei outras vezes disto. Uma noite de inverno, diante de um restaurante de luxo, uma senhora que vive na rua estende a mão a outra senhora que sai, bem coberta, do restaurante, e esta senhora olha para o outro lado. Esta é a indiferença. Vejam aquela foto: esta é a indiferença. A nossa indiferença. Quantas vezes olhamos para o outro lado… E assim fechamos a porta para a compaixão. Podemos fazer um exame de consciência: eu habitualmente olho para o outro lado? Ou deixo que o Espírito Santo me leve para o caminho da compaixão? Que é uma virtude de Deus…

A seguir, o Papa se dissecomovido com uma palavra do Evangelho de hoje, quando Jesus diz a esta mãe: “Não chore”. “Uma carícia de compaixão”, afirmou Francisco. Jesus toca no caixão, ordenando ao jovem que levante. O jovem então fica sentado e começa a falar. E o Papa ressaltou propriamente o final: “E Jesus o entregou à sua mãe”:

Ele o entregou: um ato de justiça. Esta palavra se usa na justiça: restituir. A compaixão nos leva para o caminho da verdadeira justiça. É preciso sempre devolver àqueles que têm certo direito, e isso nos salva sempre do egoísmo, da indiferença, do fechamento em nós mesmos. Continuemos a Eucaristia de hoje com esta palavra: “O Senhor sentiu compaixão”. Que Ele tenha também compaixão de cada um de nós: nós precisamos disso.

Radio Vaticano