Dizer-se cristão é bom, mas é preciso ser cristão: palavras do Papa Francisco ao se reunir com os fiéis e peregrinos na Praça São Pedro para o Angelus dominical.
O Pontífice comentou o trecho de São Lucas, no qual Jesus adverte os discípulos de que chegou o momento da decisão.
“A sua vinda ao mundo, de fato, coincide com o tempo das escolhas decisivas: não se pode adiar a opção pelo Evangelho”, explicou o Papa.
Para exemplificar melhor esse chamado, Jesus utiliza a imagem do fogo que Ele mesmo veio trazer sobre a terra: «Vim lançar fogo na terra; e que mais quero, se já está aceso ?».
Essas palavras, prosseguiu Francisco, têm a finalidade de ajudar os discípulos a abandonar toda atitude de preguiça, de apatia, de indiferença e de fechamento para acolher o fogo do amor de Deus.
“Jesus revela aos seus amigos, e também a nós, o seu desejo mais ardente: levar sobre a terra o fogo do amor do Pai, que acende a vida e mediante o qual o homem é salvo.”
O fogo do amor, aceso por Cristo no mundo por meio do Espírito Santo, é sem limites, universal, disse ainda o Papa.
Foi o que aconteceu desde os primeiros tempos do Cristianismo: o testemunho do Evangelho se propagou como um “incêndio benéfico, superando toda divisão entre indivíduos, categorias sociais, povos e nações”.
Este testemunho queima toda forma de particularismo e mantém a caridade aberta a todos, com uma preferência pelos mais pobres e excluídos.
Aderir a este fogo significa duas coisas: adorar a Deus e a disponibilidade a servir o próximo. A primeira quer dizer “aprender a oração da adoração, que com frequência esquecemos”, afirmou o Papa, convidando os fiéis a descobrirem a beleza desta oração. Depois, estar disponível a servir o próximo e Francisco manifestou sua admiração a quem se dedica aos mais necessitados mesmo durante o período de férias.
“Para viver segundo o espírito do Evangelho, é preciso que, diante das sempre novas necessidades que aparecem no mundo, haja discípulos de Cristo que saibam responder com novas iniciativas de caridade. Assim, o Evangelho se manifesta realmente como fogo que salva, que transforma o mundo a partir da mudança do coração de cada um.”
Assim se compreende outra afirmação de Jesus contida no trecho de Lucas, que numa primeira leitura pode chocar: «Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, vos digo, mas antes dissensão».
Isso significa que Jesus veio para “separar com o fogo” o bem do mal, o justo do injusto.
“Neste sentido, Jesus veio para “dividir”, para colocar “em crise” – mas de modo saudável – a vida dos seus discípulos, desfazendo as fáceis ilusões daqueles que acreditam poder conjugar vida cristã e mundanidade, vida cristã e acordos de todo gênero, práticas religiosas e atitudes contra o próximo.” O Pontífice advertiu que recorrer à cartomante é superstição, “não é de Deus”.
A adesão a este fogo requer deixar a hipocrisia de lado e estar dispostos a pagar o preço por escolhas coerentes com o Evangelho. “Esta é a atitude que cada um deve buscar na vida: coerência”, e pagar o preço por ela.
Francisco concluiu pedindo a Maria que “nos ajude a deixar-nos purificar o coração pelo fogo trazido por Jesus, para propagá-lo com a nossa vida, mediante escolhas firmes e corajosas”.
Radio Vaticano
A mensagem do Papa Francisco, assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, Card. Pietro Parolin, foi lida ao final da missa desta quinta-feira (15), na Igreja de Saint-Sulpice, em Paris, por ocasião da Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.
Depois de quatro meses do incêndio que devastou parte da Catedral de Notre-Dame, na noite de 15 de abril, a diocese promoveu a tradicional procissão da Virgem Maria com centenas de fiéis, que começou na ponte Saint-Louis. Com os terços em mão, entoaram a Ave Maria e caminharam em direção à Igreja de Saint-Sulpice, onde o arcebispo Michel Aupetit presidiu a missa. Na oportunidade, como sempre, o prelado renovou “os votos” do rei Luís XIII que consagrou a França a Maria, em 10 de fevereiro de 1683.
Para a ocasião, o Papa Francisco enviou a mensagem para assegurar “a sua proximidade espiritual” aos fiéis. No texto, que foi lido ao final da celebração eucarística pelo reitor da Catedral de Notre-Dame, Dom Patrick Chauvet, o Pontífice lembrou que, “como uma verdadeira mãe, Maria caminha conosco, luta conosco e dissemina incansavelmente a proximidade do amor de Deus. Compartilha a história de cada povo que recebeu o Evangelho e que agora faz parte da sua identidade histórica”.