Antes de explicar alguma coisa sobre como devemos orar, uma pergunta se faz pertinente: O que é a oração?
São Tomás de Aquino, utilizando São João Damasceno, responde com perfeição: “É a elevação da mente a Deus para louvá-Lo e pedir-Lhe coisas convenientes à eterna salvação”.
Veja a importância dessa definição: não se trata de pedir bens temporais apenas, ou curas, milagres, solução de problemas e de sofrimentos, mas antes, elevar a mente a Deus para louvá-Lo. Quando estamos afastados do pecado, precisamos ter um submisso agradecimento a Deus pelas coisas que Ele nos dá, mesmo que, em meio a isso, esteja algo de que não gostamos, pois tudo serve para a nossa conversão.
Ao nos dirigirmos a Deus, precisamos pedir tão somente aquilo que convém à nossa salvação. Se algum bem temporal pode nos conduzir ao apego, à distração das coisas de Deus, e o melhor é não pedir. Pense: Deus vai nos dar aquilo que vai nos afastar d’Ele? Como importa, portanto, pedir somente aquilo que pode nos conduzir à salvação!
Agora, mesmo estando em pecado, convém nos aproximarmos de Deus, especialmente para Lhe pedir ajuda para ter uma vida mais próxima d’Ele!
Existe um livro que se chama “Teologia da Pefección Cristiana”, de um padre dominicano chamado Fr. Antonio Royo Marin. Na última parte desse livro, há um tratado sobre a oração que se chama “Os Nove Graus da Oração”. Temos ali a explicação do passo a passo de como construir uma vida de oração e como progredir nela.
No primeiro grau de oração, temos a oração vocal. É o primeiro grau, o mais simples, acessível a todo cristão. Nela, estão as orações da Igreja, assim como a Santa Missa, a recitação do Santo Terço e as jaculatórias. Na oração vocal também estão as orações espontâneas, quando falamos a Deus como falamos a qualquer pessoa, partilhando nossas alegrias, tristezas, dificuldades e batalhas.
Quem está no primeiro grau de oração tem a sensação de que, se não falar nada, não há oração. Não cabe ainda ao entendimento dessa pessoa que a oração se passa também na mente, enquanto meditamos na vida de Jesus, nas coisas que Ele fez ou em alguma verdade de fé que a nossa Santa Igreja Católica nos ensina.
Pensemos que Ele está o tempo todo conosco. Mesmo que estejamos cheios de pecado, Ele permanece conosco, sustentando-nos na existência. Portanto, comecemos exercitando a oração vocal, conversando com Deus, partilhando o que se passa no nosso coração, no nosso dia a dia. Não fiquemos quietos como quem diz: “Ele já sabe de tudo”. Não! Ele quer que paremos, que nos concentremos n’Ele, que falemos, de todo coração, aquilo que está guardado, das coisas que não temos coragem de falar para mais ninguém. Façamos isso, mesmo nos sentindo indignos de olhar para o céu. Foi pensando em nós que Cristo deu Sua vida. É com cada um de nós que Ele quer se relacionar.
Sim, nós precisamos ter um relacionamento com Deus. Além da Santa Missa, separemos um tempo para irmos à capela. Ao entrar, devemos nos ajoelhar, cumprimentá-Lo e, se pudermos nos ajoelhar em algum local ou sentado, falemos com Ele sobre nossas alegrias, dificuldades, desejos, medos e vitórias.
Certamente, Ele vai se mostrar a nós, vai mostrar o quanto nos ama. Quem sabe surge a coragem e a decisão de procurar ajuda para largarmos as coisas que ofendem Deus de alguma forma. É muito melhor o arrependimento, a confissão e a permanência longe dos pecados. Nesse caso, começaremos um caminho de aproximação com Deus. Isso nos garantirá permanecer o tempo todo sob o cuidado divino.
É também extremamente importante, para aquele que quer falar com Deus, pedir o aumento da fé. Peçamos com fé o aumento da fé! Parece até uma contradição, porque, como vou pedir com fé para ter fé? Acontece que Deus dá o mínimo para todo ser humano crescer espiritualmente, até mesmo uma pequenina fé. Quando pedimos o aumento da fé, Deus não pode se recusar a nos dá-la. É o melhor e mais verdadeiro pedido de socorro e ajuda. Mesmo para o maior dos pecadores, se este pedir, com sinceridade, o aumento da fé, todos os dias, em algum tempo será possível experimentar que a coragem de ficar longe do pecado vai aumentando, a disposição de lutar também; e logo será possível, com a ajuda da graça, com os ensinos da Igreja, dos escritos dos santos e de um desenvolvimento da oração, largar o pecado de vez!
Viu como é fácil? Quer começar a ter vida de oração? Peça a Deus todos os dias, várias vezes ao dia, o aumento da fé! Fale com Ele como um amigo.
Procure conhecer Jesus pelas Sagradas Escrituras, vá à Santa Missa, procure ler sobre a vida dos santos, sobre a doutrina cristã. São pequenos passos que, pouco a pouco, vão nos conduzindo a uma vida de fé mais profunda.
Coloque essa decisão no centro de sua vida. Pense que nada é mais importante do que já ter os olhos fixos na salvação eterna! Melhor não deixarmos para depois, pois não sabemos do dia de amanhã.
Radio Vaticano
Passaram 10 anos da visita de Bento XVI a Romano Canavese, diocese de Ivrea no norte da Itália. Era o dia 19 de julho de 2009 e na terra natal do cardeal Tarcisio Bertone, o Papa emérito recitava a oração mariana do Angelus. Recordando aquele dia de festa, Bento XVI enviou uma mensagem ao pároco da cidade, padre Jacek Peleszyk.
O Papa emérito exorta a “mobilizar todas as energias positivas para dar segurança e esperança neste momento difícil do contexto social e cultural”. Eis a mensagem:
“Recordo com prazer aquele dia de festa e agradeço mais uma vez pela alegre acolhida que recebi. O nome desta cidade recorda vínculos bimilenários de Canavese com Roma. A fé cristã marcou a longa história do seu município e a imponente igreja paroquial demonstra este fato. Meus auspícios é de que vocês continuem a se nutrir com os valores fundamentais que alimentaram seus concidadãos , assim como a mobilizar todas as energias positivas para dar segurança e esperança neste momento difícil do contexto social e cultural. Confio todos vocês com a oração à materna proteção de Maria e dos seus Santos Padroeiros, e abençoo de coração as famílias, os doentes e os idosos, as crianças e os jovens”.
Para recordar o evento foi realizada uma celebração eucarística presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado emérito na cidadezinha. Na sua homilia, o cardeal definiu o Papa emérito um “modelo de oração”. Um homem de Deus, acrescentou, que passa seus dias em meditação e em oração fervorosa acompanhando assim o caminho da Igreja e do seu sucessor Papa Francisco.
Durante o Angelus, dia 19 de julho de 2009, o Papa emérito tinha sublinhado que “a Providência ajuda sempre quem faz o bem e se empenha pela justiça; ajuda quantos não pensam apenas em si mesmos, mas também naqueles que estão pior do que eles”.
A ligação de Bento XVI com Romano Canavese é marcada por vínculos de afetos. O município italiano conferiu-lhe em 2010 a cidadania honorária. Na ocasião Bento XVI tinha recordado a “longa história de fé” da cidade.