O Papa Francisco, entre a série de audiências na manhã desta quinta-feira (27), recebeu uma centena de capelães, voluntários e diretores nacionais do Apostolado do Mar na Sala Clementina, no Vaticano. O grupo, que trabalha nos portos europeus, participou de um encontro em Roma neste mês de junho.
No discurso, o Papa começou lembrando da atuação do apostolado Stella Maris há mais de 300 anos presente em todos os portos do mundo para “oferecer assistência espiritual e material” aos agentes da navegação marítima, pescadores e suas famílias. Sem eles, afirmou Francisco, “a economia global pararia” e “muitas partes do mundo sofreriam a fome”. Afinal, mais de 90% do comércio mundial é transportado pelos navios de todos os tipos, criando “uma dependência indiscutível” da nossa sociedade em relação à indústria marítima, explicou o Pontífice, numa rotina profissional vivida por “longos períodos, a milhares de quilômetros de distância” do país de origem e dos familiares.
Com a realidade vivida pelo mundo marítimo, “às vezes serena ou inquieta ou angustiante”, o Papa encoraja capelães e voluntários do Stella Maris a seguir na missão de visitar diariamente os navios com “compaixão e discrição”, dando a possibilidade de que as pessoas “abram o coração” num serviço importante de escuta.
“A escuta depois leva à ação. Encorajo, então, a multiplicar os esforços para enfrentar questões que são muito frequentemente o resultado da ganância humana. Penso ao tráfico de seres humanos, ao trabalho forçado e às violações dos direitos humanos e do trabalho de tantos homens e mulheres que vivem e trabalham nos mares. Com esse serviço, vocês podem contribuir a restituir o sentido da dignidade a essas pessoas.”
O Papa também lembrou em discurso que, em 2020, será celebrado o centenário do Apostolado do Mar com um Congresso Mundial em Glasgow, na Escócia. Uma ocasião, disse Francisco, para “discernir o presente e traçar o futuro” do serviço pastoral e segundo “as exigências do nosso tempo”. Invocando Maria, Estrela do Mar, o Pontífice concedeu a bênção apostólica para ser levada às pessoas encontradas pelos mares, principalmente às mais vulneráveis, para que possam “reencontrar a esperança de um futuro melhor”.
“O empenho de vocês pode ajudá-las a não desistir diante de uma vida precária e às vezes marcada pela exploração. A presença de vocês nos portos, pequenos e grandes, já por si deveria ser uma demonstração da paternidade de Deus e ao fato de que, perante Ele, somos todos filhos e irmãos; um chamado ao valor primário da pessoa humana antes e sobre qualquer interesse; e um estímulo a todos, a partir dos mais pobres, a se empenhar pela justiça e pelo respeito dos direitos fundamentais.”
Radio Vaticano