Meditando sobre os mistérios do rosário, percebi como a vida de Nossa Senhora foi uma entrega ininterrupta. Quando abordada pelo anjo, prontamente disse sim; imediatamente após, por amor a Deus, foi servir à sua prima velha e grávida; depois, entregou todas as suas posses e família quando teve de fugir para o Egito. Nascendo o Menino, foi ao templo entregá-Lo, e assim aconteceu por toda a sua vida.

Nossa Senhora entendeu corretamente que o sim que damos a Deus se renova em todos os momentos da nossa vida. Foi um eterno “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, que, na verdade, mais que a palavra do anjo, era a Palavra de Deus, a vontade d’Ele. Fico pensando como essas palavras se parecem com as de Jesus: “Seja feita a vossa vontade!”. Também com Maria, Jesus aprendeu a Se entregar, e a oração que ensinou aos Seus discípulos, em boa parte, aprendeu-a dos lábios de Sua mãe. Maria quer nos ensinar que a sua força veio do amor, de seu grande amor pelo Senhor.

Convide Nossa Senhora

Convide Nossa Senhora a tomar parte em sua oração, para que ela ensine você a rezar; convide-a a participar de tudo o que for fazer, e ela estará com você em seus empreendimentos e o afastará de tudo o que for mau e arriscado para a sua salvação.

Se a tentação o assola, se a tristeza o oprime, invoque Maria! Se o medo de ser condenado ao inferno o desespera, olhe para ela, pois ela não o abandonou. Pense em Nossa Senhora, chame pelo seu nome. Que ela não se afaste de seus lábios, não se afaste de seus pensamentos e não se afaste de seu coração. Maria tudo pode quando intercede por nós junto de Deus. Não há caso de alguém que, tendo recorrido a Nossa Senhora, fosse por ela desamparado.

São Luís Maria G. de Monfort dizia que as graças que, ao receber de Deus, depositamos em Maria não se perdem, pois ela não o permite; também diz que o Inimigo está atento, à espera de poder roubar essas graças ou mesmo de esvaziá-las. Desde que soube isso, tenho guardado em Maria os meus tesouros, tenho colocado à sua disposição os meus esforços para que ela disponha deles como quiser. Confio nela! Sei que qualquer coisa que ela fizer com os poucos méritos que eu venha a ter será sempre muito melhor do que qualquer coisa que eu faria.

“Se o meu redentor, por causa de meus pecados, me atirasse longe de Si, lançar-me-ia aos pés de Sua Mãe e, prostrado, não me levantaria enquanto ela não me obtivesse o perdão. Ela não deixaria de fazer violência ao Coração de Jesus para que me perdoasse” (São Boaventura). Com esses fervorosos santos que descobriram o grande tesouro que é Nossa Senhora, rezemos:

Lembrai-vos, ó piedosíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que recorrem à vossa proteção, imploram vossa assistência, reclamam vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado, eu, com igual confiança, a vós, Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que vos rogo. Amém.

(São Bernardo)

Texto extraído do livro “Quando só Deus é a resposta”.

Como é possível conciliar as “tribulações” e as perseguições que São Paulo sofre, narradas na página dos Atos dos Apóstolos de hoje, com a paz que Jesus deixa aos seus discípulos contidas no Evangelho de João? A homilia do Papa Francisco esta manhã na Casa Santa Marta se inspira nesta interrogação.

Bem-aventurados quando vos injuriarem…

“A vida de perseguições e tribulações parece uma vida sem paz” e, ao invés, é a última das bem-aventuranças, recordou o Papa: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, falarem todo mal contra vós por minha causa”:

A paz de Jesus caminha com esta vida de perseguição, de tribulação. Uma paz que é muito profunda em relação a todas essas coisas. Uma paz que ninguém pode tirar, uma paz que é um dom, como o mar que na profundidade é tranquilo e, na superfície, existem as ondas. Viver em paz com Jesus é ter esta experiência dentro, que permanece durante todas as provações, todas as dificuldades, todas as “tribulações”.

O cristão carrega a vida nas costas sem perder a paz

Somente assim, acrescentou o Papa, pode-se compreender como tantos santos viveram a última hora sem “perder a paz”, a ponto de falar às testemunhas que estavam “indo ao martírio como convidados às núpcias”. Este é o dom da “paz de Jesus” – paz que não podemos ter através de meios humanos, como por exemplo, citou Francisco, “indo ao médico ou tomando ansiolíticos”.

Trata-se de algo diferente que vem “do Espírito Santo dentro de nós” e que traz consigo a “fortaleza”. O Papa citou o caso de um homem, que ele visitou alguns dias atrás, acostumado a trabalhar tanto e que, de maneira improvisa, com o avançar da doença, teve que abandonar todos os seus projetos e mesmo assim conseguiu ficar em paz. “Este é um verdadeiro cristão”, comentou Francisco, que explicou:

A paz nos ensina, a paz de Jesus, nos ensina a ir avante na vida. Ela nos ensina a suportar. Suportar: uma palavra que nós não entendemos bem o que significa, uma palavra muito cristã, que é carregar sobre os ombros. Suportar: carregar a vida sobre os ombros, as dificuldades, o trabalho, tudo, sem perder a paz. Ou melhor, carregar sobre os ombros e ter a coragem de ir avante. Isso se entende somente quando há o Espírito Santo dentro, que nos dá a paz de Jesus.

Mas se ao invés, afirmou Francisco, nos deixamos tomar por um nervosismo frenético” e perdemos a paz, “tem alguma coisa que não funciona”.

A paz não faz perder o senso de humor

Tendo no coração o “dom prometido por Jesus” e não aquele que vem do mundo ou do dinheiro no banco, conseguimos enfrentar as dificuldades mesmo as “mais difíceis”, ir avante e com uma capacidade a mais, que faz sorrir o coração”, concluiu o Papa:

A pessoa que vive esta paz jamais perde o senso de humor. Sabe rir de si mesma, dos outros, ou melhor, da própria sombra, ri de tudo … Este senso do humor que está tão próximo da graça de Deus. A paz de Jesus na vida cotidiana, a paz de Jesus nas tribulações e com aquele pouquinho senso de humor que nos faz respirar bem. Que o Senhor nos dê esta paz que vem do Espírito Santo, esta paz que é característica Dele e que nos ajuda a suportar, carregar, tantas dificuldades na vida.

Radio Vaticano