O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, esta quinta-feira (02/05), o primeiro grupo de bispos argentinos, cerca de trinta, em visita ‘ad Limina’.
Foram duas horas repletas de conversações em que se falou dos principais desafios da Igreja na Argentina, da evangelização à educação, da falta de trabalho a uma “divisão”, se não um verdadeiro “confronto” entre “vários grupos políticos, no seio da sociedade”, sem esquecer os danos provocados pelas inundações que dias atrás atingiram as províncias do norte argentino de Chaco, Corrientes, Missiones e Formosa.
Nas palavras do bispo auxiliar de La Plata e presidente da Comissão para a Pastoral da Saúde da Conferência Episcopal Argentina, Dom Alberto Germán Bochatey, tratou-se de um “encontro fraterno”, de um diálogo “muito espontâneo”.
Em primeiro lugar, os prelados convidaram o Papa a visitar a Argentina, “sua casa”, da qual está ausente há seis anos. Francisco partilhou com eles “seu programa de viagem dos próximos seis meses, repleto, ressaltando que está dando prioridade aos países particularmente com urgências pastorais, políticas e sociais e acrescentando: “porém irei”, ressaltou o bispo auxiliar de La Plata.
Passados dez anos da última visita ‘ad Limina’ do episcopado argentino, no colóquio desta quinta-feira – que precedeu as audiências a outros dois grupos de bispos programadas para os dias 10 e 16 deste mês – “o Papa Francisco levou-nos imediatamente a um nível imenso de profundidade convidando-nos a rezar e contemplar o Santíssimo Sacramento” e, ao mesmo tempo, a olhar o rosto ‘do outro’, privilegiando o ‘encontro pessoal’: ‘não ter medo, também como bispos – que por vezes nos encontramos tomados por tantos compromissos administrativos ou oficiais –, de estar no meio do povo, de dialogar, de encontrá-lo, de poder partilhar, para chegar à profundidade” dos fatos da vida, disse Dom Alberto num colóquio com o Vatican News, por ocasião do encontro que os prelados tiveram com o Dicastério para a Comunicação.
O Pontífice, “homem totalmente doado à força do Espírito”, acrescentou o prelado, deteve-se longamente em seguida sobre dois temas particulares: dos jovens e das vocações, fazendo uma ponte entre eles.
Francisco impulsionou os bispos argentinos a “apresentar um Cristo vivo, como na Exortação apostólica pós-sinodal Christus vivit: por conseguinte, a união de Jesus com a vida, dois valores fundamentais, o religioso e o humano, confiando aos jovens o valor da própria vida”.
Em referência aos seminaristas, “recomendou-nos ser exigentes: os jovens hoje devem entender – prosseguiu – que existe um forte compromisso, ser sacerdote traz consigo um compromisso para a vida inteira, para se chegar a uma profundidade de espiritualidade, de interioridade que inverta o mundo. O sacerdote é uma testemunha que atrai os outros a Jesus”.
Também a Igreja argentina teve que enfrentar o drama dos abusos contra menores cometidos por membros do clero: a Conferência episcopal criou normas austeras para encorajar as vítimas a denunciar, ressaltando que o abuso sexual contra menores é um delito, além de ser um “sinal de falta de profundidade na fé”, acrescentou Dom Alberto: um tema do qual os bispos falaram com Francisco.
Nesse quadro, “mesmo sendo a Argentina um país muito católico, com uma profunda fé em Nossa Senhora”, o desafio principal da Igreja é voltar ao “anúncio do Evangelho”, como os primeiros discípulos, num caminho iluminado pela recente beatificação dos mártires de La Rioja, Dom Enrique Ángel Angelelli, o franciscano conventual Carlos de Dios Murias, o sacerdote Gabriel Longueville e o catequista Wenceslao Pedernera, assassinados em 1976 durante o período da ditadura militar.
Radio Vaticano
Empresas buscam produtividade, e a capacidade de produção está associada ao esforço oferecido por cada funcionário. Empresas crescem à medida que seus colaboradores também crescem interiormente. Quanto menor for a capacidade de crescimento interior de cada um, menor será sua produtividade.
Como a espiritualidade cristã pode ajudar as companhias a serem locais de alta produtividade gerada a partir da humanização? Jesus Cristo conhecia Seus discípulos, Ele sabia o nome de cada um, conhecia a história de vida deles. Cristo trilhou um caminho fazendo deles não funcionários do Reino de Deus, mas amigos que poderiam difundir, para outros cantos da Terra, a mensagem de amor que Ele anunciava.
Claro que, em uma empresa de grande porte, essa realidade de conhecer cada colaborador é praticamente impossível de ser aplicada no dia a dia. Grandes empresas, no entanto, possuem equipes responsáveis por seus diversos setores. Por isso, o primeiro passo é que o empresário conheça aqueles que estão em contato direto com ele. Essa rede de conhecimento deve ser criada na base e estender-se de modo mais amplo aos diversos setores da empresa, a fim de saber quem está ao seu lado, suas dificuldades, limites e potencialidades. Conhecer os dons de cada um que com ele convive diretamente é o primeiro passo para uma equipe de base, na qual o crescimento é prioridade a ser buscada e não meta a ser imposta.
Conhecer aqueles que colaboram para o bom andamento da empresa é fundamental para que a ideia principal desse conhecimento interpessoal chegue a todos. Essa rede de amor não é impossível de ser realizada; no entanto, ela só funcionará se for vivenciada por todos aqueles que acreditam na verdade de seus princípios.
Uma rede de amor, na qual o conhecer e a acolhida são eficazes, é fruto de um processo nascido na verdade dos sentimentos de quem busca um jeito novo de vivenciar as relações no ambiente de trabalho. Ao buscar apenas o resultado financeiro, essa rede terminará, mais cedo ou mais, no fracasso.
O projeto inicial deve nascer da convicção de que as relações entre empresário e colaboradores seja fruto de um processo que busque, em primeiro lugar, superar as divisões existentes na empresa onde os funcionários não mais sejam vistos apenas como meros executores de funções, e passem a ser vistos e conhecidos como pessoas. Para o crescimento de uma empresa, o empresário terá de ter consciência de que ele, primeiro, deverá buscar o crescimento interior. Não há como exigir mudanças se antes elas não acontecerem, verdadeiramente, em sua própria vida.
Radio Vaticano
Os neopopulismos e suas consequências foram o tema do longo e articulado discurso do Papa Francisco aos participantes da Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
De fato, o tema da Plenária é “Nação, Estado. Estado-Nação”. Infelizmente, constatou o Pontífice, alguns Estados nacionais atuam mais em espírito de contraposição do que de cooperação. As fronteiras de um país nem sempre coincidem com demarcações de populações homogêneas e muitas tensões provêm de uma excessiva reivindicação de soberania por parte dos Estados.
O Papa recordou que a Igreja sempre exortou “ao amor do próprio povo e da pátria”, todavia, sempre advertiu para os desvios deste sentimento quando resulta na exclusão e no ódio pelos demais, quando se torna “nacionalismo conflituoso que levanta muros” ou se torna racismo ou antissemitismo.
Por isso, a Igreja observa com preocupação o reemergir em todo o mundo de correntes agressivas contra os estrangeiros, especialmente os imigrantes, como também de um crescente nacionalismo que ignora o bem comum. Isso pode comprometer formas já consolidadas de cooperação internacional.
Para Francisco, o modo com que uma nação acolhe os migrantes revela a sua visão da dignidade humana e da sua relação com a humanidade. “Quando uma pessoa ou uma família é obrigada a deixar a própria terra, deve ser acolhida com humanidade”, afirmou Francisco, citando os quatro verbos sobre os quais os governos têm responsabilidade perante a migração: acolher, proteger, promover e integrar.
Um Estado que suscita sentimentos nacionalistas do próprio povo contra outras nações ou grupos de pessoas, não realiza a sua missão. E a história ensina para onde conduzem semelhantes desvios.
O Papa destacou que nenhum Estado pode ser considerado um absoluto, uma ilha, sobretudo na atual situação de globalização não somente da economia, mas dos intercâmbios tecnológicos e culturais. O Estado nacional não é mais capaz de obter sozinho o bem comum para as suas populações. “O bem comum se tornou mundial e as nações devem se associar para o próprio benefício”, afirmou Francisco, citando os desafios das mudanças climáticas, das novas escravidões e da paz.
Neste âmbito, o Pontífice encorajou o caminho de cooperação regional empreendido, por exemplo, pela União Europeia e o “sonho” de Simón Bolivar na América Latina de uma Pátria Grande.
Com o multilateralismo a humanidade poderia evitar o perigo de conflitos armados toda vez que surgem disputas entre Estados nacionais, assim como o perigo da colonização econômica e ideológica das superpotências.
Já a crescente tendência dos nacionalismos está enfraquecendo o sistema multilateral, com o êxito de uma escassa credibilidade na política internacional e de uma progressiva marginalização dos membros mais vulneráveis da família das nações.
A este ponto do discurso, Francisco manifestou sua preocupação com o abrir-se de uma “nova estação de confronto nuclear”, que cancela os progressos do passado recente e multiplica o risco de guerras.
Portanto, para o Pontífice, é tempo de uma maior responsabilidade e de uma renovada solidariedade internacional. Hoje, é tarefa do Estado participar da edificação do bem comum da humanidade, sempre mantendo a soberania de cada país e preservando a identidade e a riqueza de cada povo.
Radio Vaticano
Este 1º de maio foi dia de trabalho para o Papa Francisco, que acolheu na Praça São Pedro milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral.
O Pontífice deu prosseguimento ao ciclo de catequese sobre o Pai-Nosso, explicando hoje a penúltima invocação: “Não nos deixeis cair em tentação” (Mt 6, 13).
Esta invocação, afirmou, nos introduz no âmago do drama, isto é, no terreno do confronto entre a nossa liberdade e as insídias do maligno. Independentemente da interpretação do texto, deve-se excluir que Deus seja o protagonista das tentações que pairam sobre o caminho do homem.
“Os cristãos não lidam com um Deus invejoso, em competição com o homem, ou que gosta de colocá-lo à prova”, disse Francisco. Pelo contrário, quando o mal aparece na vida do homem, combate ao seu lado, para que possa ser libertado. “Um Deus que combate por nós, não contra nós. É um Pai. É nesse sentido que rezamos o Pai-Nosso.”
Deus está sempre conosco, prosseguiu o Papa: “Quando nos dá a vida, durante a vida, nas alegrias, nas provações, na tristeza, nos fracassos quando pecamos. Mas sempre conosco porque é Pai, não pode nos abandonar”.
Se somos tentados em fazer o mal, negando a fraternidade com os outros e desejando um poder absoluto sobre tudo e todos, Jesus já combateu por nós essa tentação.
Jesus foi tentado no deserto pelo Satanás. A sua vida pública começou assim, recordou o Papa. Alguns recriminam: “Mas por que falar do diabo, é uma coisa antiga, não existe. Mas o Evangelho nos ensina que Jesus enfrentou o diabo. E saiu vitorioso”.
Quando Jesus se retira para rezar no Getsêmani, seu coração é invadido por uma angústia indescritível, e Ele experimenta a solidão e o abandono a ponto de pedir aos seus amigos: “Ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26, 38). Eles adormeceram.
Mas no tempo em que o homem conhece sua provação, Deus ao invés vigia.
É o nosso conforto na hora da provação: saber que aquele vale, desde que Jesus o atravessou, não está mais desolado, mas é abençoado pela presença do Filho de Deus.
“Afasta portanto de nós, ó Deus, o tempo de provação e da tentação. Mas quando chegar para nós este tempo, mostra-nos que não estamos sozinhos, que o Cristo já tomou sobre si o peso dessa cruz, e nos chama a carregá-la com Ele, abandonando-nos confiantes no amor do Pai”, foi a oração final do Pontífice.
Radio Vaticano