O Papa Francisco concluiu sua série de audiências recebendo no Vaticano a Liga Nacional Italiana de Futebol Amador, por ocasião de seus 60 anos de fundação.

Em seu discurso, o Pontífice ressaltou o papel de relevo que a Liga desempenha na sociedade italiana, em especial em relação aos jovens.

O atual contexto cultural e social, analisou o Papa, nos leva a uma corrida sem fim, onde muitas vezes falta um objetivo claro, um “goal”, como se diz em inglês.

“ Devemos sempre nos esforçar para esclarecer as metas que nos impulsionam todos os dias a nos levantar e nos mexer, e devemos sempre correr tendo um ‘goal’ à nossa frente! ”

Isso não significa que se possa sempre vencer, esclareceu Francisco, mas que devemos ter sempre claro para onde estamos indo e para onde nos levam os nossos esforços.

Fair-play

Neste percurso, o esporte é “uma academia formidável”, acrescentou o Papa, porque requer não somente habilidade técnica, mas também treino e determinação, paciência, aceitando as derrotas. Neste contexto, é importante promover o “fair-play”, ou seja, o jogo leal e correto. Este propósito requer um bom domínio de si, que se adquire com um treino interior e cuidando da vida espiritual.

Amador ou profissional, o importante para o Papa é não perder a alegria de jogar. “A alegria é a alma do jogo”, pedindo que os pais brinquem com os filhos em família. Essa alegria deve se evidenciar também através da solidariedade e da atenção para com o próximo.

Isso significa ajudar o companheiro de equipe, dar a mão ao adversário, não denigrar quem é menos capaz e estar consciente de que um campeonato não se faz sozinho.

Os últimos serão os primeiros

Quando Jesus diz que os últimos serão os primeiros, “certamente não quer dizer que se deve buscar a derrota”, mas “simplesmente que se deve amar e fazer tudo com um olhar de bondade” para os outros e para nós mesmos, aceitando os limites com serenidade.

É este espírito que contribuirá para a revolução da mudança cultural tão desejada, promovendo a sustentabilidade ambiental e a realização de campos sem barreiras.

Um milhão de inscritos

A Liga Nacional Italiana de Futebol Amador compreende também a categoria do futsal e do futebol de praia masculino e feminino. A instituição agrega 12 mil círculos esportivos com mais de um milhão de inscritos.

Radio Vaticano

O Papa Francisco presidiu a missa, deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (14/04), na Praça São Pedro, que contou com a participação de milhares de fiéis.

A liturgia solene da Paixão do Senhor começou com a bênção dos ramos de oliveira, perto do obelisco situado no centro da Praça São Pedro. A seguir, houve a procissão até o adro da Basílica de São Pedro.

Em sua homilia, Francisco destacou que Jesus nos mostra no Evangelho deste domingo “como enfrentar os momentos difíceis e as tentações mais insidiosas, guardando no coração uma paz que não é isolamento, não é ficar impassível nem fazer o super-homem, mas confiante abandono ao Pai e à sua vontade de salvação, de vida e misericórdia”.

Jesus nos mostra o caminho

Na sua entrada em Jerusalém, Jesus “também nos mostra o caminho. Nesse acontecimento, o maligno, o príncipe deste mundo, tinha uma carta para jogar: a carta do triunfalismo, e o Senhor respondeu permanecendo fiel ao seu caminho, o caminho da humildade”.

Segundo o Papa, “o triunfalismo procura tornar a meta mais próxima por meio de atalhos, falsos comprometimentos. Aposta na subida para o carro do vencedor. O triunfalismo vive de gestos e palavras, que não passaram pelo cadinho da cruz; alimenta-se da comparação com os outros, julgando-os sempre piores, defeituosos e falhos… Uma forma sutil de triunfalismo é a mundanidade espiritual, que é o maior perigo, a mais pérfida tentação que ameaça a Igreja. Jesus destruiu o triunfalismo com a sua Paixão”.

“O Senhor realmente aceitou e alegrou-se com a iniciativa do povo, com os jovens que gritavam o seu nome, aclamando-o Rei e Messias. O seu coração rejubilava ao ver o entusiasmo e a festa dos pobres de Israel, de tal maneira que, aos fariseus que lhe pediam para censurar os discípulos pelas suas escandalosas aclamações, Jesus respondeu: «Se eles se calarem, as pedras gritarão». Humildade não significa negar a realidade, e Jesus é realmente o Messias, o Rei.”

O Pontífice frisou que “ao mesmo tempo o coração de Cristo encontra-se noutro caminho, no caminho santo que só Ele e o Pai conhecem: aquele que vai da «condição divina» à «condição de servo», o caminho da humilhação na obediência «até à morte e morte de cruz».”

Dar espaço a Deus

Jesus “sabe que, para chegar ao verdadeiro triunfo, deve dar espaço a Deus; e, para dar espaço a Deus, há somente uma maneira: o despojamento, o esvaziamento de si mesmo. Calar, rezar, humilhar-se. Com a cruz, não se pode negociar: se deve abraçá-la ou recusá-la. E, com a sua humilhação, Jesus quis abrir-nos o caminho da fé e preceder-nos nele”.

O Papa recordou que, atrás de Jesus, a primeira a percorreu esse caminho “foi a sua Mãe, Maria, a primeira discípula. A Virgem e os santos tiveram que padecer para caminhar na fé e na vontade de Deus. No meio dos acontecimentos duros e dolorosos da vida, responder com a fé custa «um particular aperto do coração». É a noite da fé. Mas, só desta noite é que desponta a aurora da ressurreição. Aos pés da cruz, Maria repensou nas palavras com as quais o Anjo lhe anunciou o seu Filho: «Ele será grande (…). O Senhor Deus dará a ele o trono de seu pai Davi, reinará para sempre sobre a casa de Jacó e o seu reino não terá fim».”

Francisco sublinhou que “no Gólgota, Maria se depara com a negação total daquela promessa: o seu Filho agoniza numa cruz como um malfeitor. Deste modo o triunfalismo, destruído pela humilhação de Jesus, foi igualmente destruído no coração da Mãe; ambos souberam calar”. Depois de Maria, vários santos e santas “seguiram Jesus pelo caminho da humildade e da obediência”.

Jornada Mundial da Juventude diocesana

Celebra-se também neste domingo a 34ª Jornada Mundial da Juventude. As JMJ são realizadas anualmente no âmbito diocesano, no Domingo de Ramos. Este ano, o tema da Jornada Mundial da Juventude diocesana é “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38)”. A esse propósito o Papa disse:

“Hoje, Jornada Mundial da Juventude, quero lembrar os inúmeros santos e santas jovens, especialmente os da «porta ao lado», que só Deus conhece e que às vezes Ele gosta de nos revelar de surpresa. Queridos jovens, não tenham vergonha de manifestar o seu entusiasmo por Jesus, gritar que Ele vive, que é a sua vida. Mas, ao mesmo tempo não tenham medo de segui-lo pelo caminho da cruz. E quando sentirem que Ele lhes pede para renunciar a si mesmos, para se despojar das próprias seguranças confiando completamente no Pai que está nos céus, então alegrem-se e exultem! Vocês estão no caminho do Reino de Deus.”

Silêncio de Jesus

Segundo o Papa, “é impressionante o silêncio de Jesus na sua Paixão. Vence inclusivamente a tentação de responder, de ser «midiático». Nos momentos de escuridão e grande tribulação, é preciso ficar calado, ter a coragem de calar, contanto que seja um calar manso e não rancoroso”.

“A mansidão do silêncio nos fará parecer ainda mais frágeis, mais humilhados, e então o demônio, ganhando coragem, sairá. Será necessário resistir-lhe em silêncio, «conservando a posição», mas com a mesma atitude de Jesus. Ele sabe que a guerra é entre Deus e o príncipe deste mundo, e não se trata de empunhar a espada, mas de permanecer calmos, firmes na fé. Enquanto esperamos que o Senhor venha e acalme a tempestade, com o nosso testemunho silencioso na oração, demos a nós mesmos e aos outros a «razão da esperança que está em [nós]»”, concluiu Francisco.

Radio Vaticano