Eu acredito que Deus tem um chamado especial para a vida de cada um de nós, justamente porque somos únicos, e Ele não nos teria criado assim por um acaso. O problema é que nem sempre conseguimos discernir e aceitar esse chamado, e aí está uma das maiores fontes de tensão para muita gente em nossos dias.
Alguns não querem nem saber qual seria a proposta de Deus para sua vida, pois estão ocupados demais com seus afazeres ou envolvidos demais na busca de riqueza e fama, por isso, simplesmente, não têm tempo para ouvir Deus. Existem outros que até escutam o chamado, mas têm medo que Deus lhes peça algo insignificante, fora do seu projeto pessoal e, por isso, preferem a indiferença. Há ainda quem escute, claramente, a vós do Senhor, mas têm uma opinião tão negativa de si próprio, que não acredita que Ele lhe escolheria para algo grande, por isso acredita que o chamado é para outra pessoa, e não responde.
O problema é que enquanto não paramos para, pelo menos, pensarmos no sentido de Deus ter nos enviado a este mundo, corremos o risco de “vivermos por viver”, sem acharmos o nosso lugar de fato. Isso gera uma sensação constante de vazio e insatisfação com a vida, o que aliás, em nossos dias, têm levado muita gente, principalmente os jovens, a perderem completamente o sentido de viver. É algo sutil que pode se tornar grandioso se não aprendermos a lidar com a situação desde o início.
Recordo-me de que, quando eu era criança, mesmo sem compreender o que seria um chamado de Deus, eu acreditava que Ele havia me criado para algo maior do que meus planos. Hoje, porém, olhando para minha história, percebo claramente como a mão de Deus sempre conduziu minha vida. O interessante é perceber também que Ele me chamou e deu-me a opção de segui-Lo ou não. Graças a sua Misericórdia, escolhi segui-Lo, e cada vez mais percebo que fui criada justamente para estar onde estou sendo quem eu sou e fazendo o que faço, o que, aliás, é sempre uma consequência do que sou. Porém, percebo que se eu tivesse parado nos meus medos, nos meus projetos pessoais e nas minhas incapacidades, jamais teria dito sim ao chamado de Deus. Portanto, se você também percebe que Ele lhe chama para algo maior, independente da sua condição, tenha a coragem de dizer sim de todo coração, pois Ele mesmo irá providenciar o necessário para que a vontade d’Ele se cumpra em sua vida, e assim sua alegria seja completa.
Oração: Senhor, eu sei que tens um propósito para minha vida, porque eu não sou fruto de um acaso. Eu sei que o Senhor pensou em mim mesmo antes do meu nascimento, como diz Sua Palavra. Por isso, peço: coloca o meu coração em sintonia com Teu coração e ajuda-me a ouvir o Teu chamado. Se minhas expectativas e planos não estão alinhados com os Teus propósitos, eu quero submetê-los a Tua autoridade; e comprometo-me a andar contigo. Quero que a Tua vontade se cumpra em mim e desejo que, com a minha vida, eu possa glorificar o Teu santo nome. Amém!
Canção Nova
O amor de Deus é fiel e não nos abandona nunca, por isto não devemos temer. “Mesmo que por infelicidade nosso pai terreno tenha se esquecido de nós, e ficamos com ressentimento com ele, não nos é negada a experiência fundamental da fé cristã: a de saber que somos filhos muito amados de Deus, e que não há nada na vida que possa apagar o seu amor apaixonado por nós.
Na Audiência Geral desta quarta-feira – realizada simultaneamente na Sala Paulo VI e na Basílica de São Pedro, onde havia recebido previamente uma peregrinação de 2.500 fiéis de Benevento – Francisco deu continuidade a sua série de catequeses sobre o Pai Nosso, recordando que as figuras de nossos pais nos ajudam a entender o mistério da “paternidade de Deus”, mas para isto, devemos sempre “refiná-las”, “purificá-las”, pois assim como nenhum de nós teve pais perfeitos, tampouco nós seremos pais ou pastores perfeitos. E se entra neste mistério da paternidade de Deus através da oração.
Falando aos peregrinos presentes na Sala Paulo VI e na Basílica de São Pedro, o Santo Padre recordou que “vivemos nossas relações de amor sempre sob o signo de nossos limites e também de nosso egoísmo”, motivo pelo qual “são frequentemente poluídas por desejos de posse ou manipulação do outro.
Por isso que quando falamos de Deus como “pai” pensando na imagem de nossos pais – especialmente se eles nos amaram – “devemos ir além”:
“O amor de Deus é o do Pai “que está nos céus”, segundo a expressão que Jesus nos convida a usar: é o amor total que nós, nesta vida, experimentamos apenas de forma imperfeita. Os homens e as mulheres são eternamente mendigos de amor – somos mendigos de amor, temos necessidade de amor – procurando um lugar onde serem finalmente amados, mas não o encontram. Quantas amizades e quantos amores desiludidos existem no nosso mundo, quantos!”
O Papa observa que do “deus grego do amor” – que “é o mais trágico de todos”, pois não fica claro “se ele é um ser angélico ou um demônio” – se pode pensar “na natureza ambivalente do amor humano”, “capaz de florescer e viver forte em um momento do dia e imediatamente após, murchar e morrer”.
A expressão do Profeta Oseias: “Vosso amor é como a nuvem da manhã, como o orvalho que logo se dissipa”, ilustra bem a “congênita fraqueza de nosso amor”. “Aqui está o que o nosso amor é muitas vezes: uma promessa que se esforça para permanecer, uma tentativa que logo seca e evapora, um pouco como quando o sol sai de manhã e faz desaparecer o orvalho da noite”:
“Quantas vezes nós, homens, amamos desta maneira tão fraca e intermitente. Todos temos esta experiência. Acabou aquele amor ou ficou muito fraco. Todos nós temos esta experiência. Desejosos de querer bem, nos deparamos com nossos limites, com a pobreza de nossas forças: incapazes de manter uma promessa que nos dias de graça parecia fácil de cumprir. No fundo, até mesmo o apóstolo Pedro teve medo e teve que fugir. O apóstolo Pedro não foi fiel ao amor de Jesus. Tem sempre esta fraqueza que nos faz cair”.
No entanto – chama a atenção o Papa Francisco – “existe um outro amor, aquele do Pai “que está nos céus”. Ninguém deve duvidar de ser destinatário desse amor. Ele nos ama”:
“Ainda que nosso pai e nossa mãe – uma hipótese histórica – não tivessem nos amado, existe um Deus no céu que nos ama como ninguém na terra jamais o fez ou poderia fazê-lo. O amor de Deus é constante, sempre! O profeta Isaías diz: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta de seu filho, não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca”. Eis que estás gravada na palma de minhas mãos”. Mesmo que todos os nossos amores terrenos desmoronassem, e não restar nada nas mãos além de pó, existe sempre para todos nós, ardente, o amor único e fiel de Deus”.
Na fome de amor que todos sentimos – disse Francisco – não procuramos algo que não existe: esse é, ao contrário, o convite para conhecer a Deus que é Pai”, como aconteceu com a conversão de Santo Agostinho.
A expressão “nos céus” – explicou o Papa – “não quer expressar uma distância, mas uma diferença radical, uma outra dimensão”, mas que está sempre à mão. Basta dizer “Pai Nosso que está nos céus e este amor vem!”.
“Portanto – foi a exortação do Papa ao concluir – não tenha medo! Nenhum de nós está sozinho. E mesmo que por infelicidade teu pai terreno tenha se esquecido de ti, e ficaste ressentido com ele, não te é negada a experiência fundamental da fé cristã: a de saber que tu és filho muito amado de Deus, e que não há nada na vida que possa apagar o seu amor apaixonado por ti”.
Ao concluir sua saudação aos peregrinos de língua italiana, antes de cantar o Pai Nosso, o Santo Padre recordou que na próxima sexta-feira celebra-se a festa da Cátedra de São Pedro Apóstolo, e pediu orações pelo seu ministério e pelo Papa emérito Bento XVI: “Rezem por mim e pelo meu ministério, também por Bento XVI, para que confirme sempre e em toda parte os irmãos na fé”.
Radio Vaticano