O Papa Francisco presidiu nesta sexta-feira (18), na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, em Roma, a celebração das Vésperas que deu início à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Esse período ecumênico (que no Brasil acontece entre a Ascensão e Pentecostes) foi preparado pelos cristãos da Indonésia, país conhecido por ter a maior população muçulmana.
Na homilia, o Papa Francisco começou saudando os representantes das outras Igrejas presentes em Roma e na própria Basílica, convidando a “implorar a Deus” o dom da unidade para recebê-la “com coração pronto e generoso”.
Ao comentar a leitura de Deuteronômio, em que indica a celebração das festas da Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos, o Pontífice enalteceu o quanto é importante a participação de todos, que “ninguém pode ficar excluído” e onde “o dom de cada um será segundo a medida da bênção que o Senhor lhe tiver concedido”.
O dom da unidade e da justiça
O Papa Francisco, então, lembrou como a dimensão da festa é ligada àquela da justiça de Deus:
“As próprias festas exortam o povo à justiça, lembrando a igualdade fundamental entre todos os membros, todos igualmente dependentes da misericórdia divina, e convidando cada um a partilhar com os outros os bens recebidos. O dar honra e glória ao Senhor nas festas do ano caminha de mãos dadas com o prestar honra e justiça ao seu vizinho, sobretudo se é vulnerável e necessitado.”
“Se a riqueza não for partilhada, a sociedade se divide”
Ao recordar o trabalho realizado pelos cristãos da Indonésia, ao preparar a Semana de Oração, a preocupação do crescimento econômico do país que acaba gerando muitos pobres e destinando a riqueza a poucos. Uma realidade que não é vivida só na Indonésia, enfatizou o Papa, mas pelo resto do mundo:
“ Quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum, assistimos ao escândalo de pessoas que vivem em extrema pobreza ao lado de arranha-céus, hotéis imponentes e centros comerciais luxuosos, símbolos de incrível riqueza. Esquecemo-nos da sabedoria da lei mosaica, segundo a qual, se a riqueza não for partilhada, a sociedade se divide. ”
Leis da solidariedade para os cristãos
Francisco, então, comentou que inclusive a comunidade cristã pode cair na lógica de acumular riqueza e se esquecer dos vulneráveis, citando São Paulo ao afirmar que devemos nos ocupar dos menos favorecidos, vítimas dessa realidade, edificando os que são fracos: “a solidariedade e a responsabilidade comum devem ser as leis que regem a família cristã”.
“ É um grave pecado desdenhar ou desprezar os dons que o Senhor concedeu a outros irmãos, pensando que esses sejam de algum modo menos privilegiados aos olhos de Deus. Se alimentarmos tais pensamentos, consentimos que a própria graça recebida se torne fonte de orgulho, injustiça e divisão. E, então, como poderemos entrar no Reino prometido? ”
A festa em que se disponibiliza e se partilha os dons recebidos é também a da justiça que devemos perseguir, disse o Papa. Para seguir o caminho da unidade, em primeiro lugar, devemos “reconhecer humildemente que as bênçãos recebidas não são nossas por direito, mas por dádiva, tendo-nos sido concedidas para as partilharmos com os outros”. Em segundo lugar, continuou o Pontífice, reconhecer o valor concedido às outras comunidades cristãs.
“ Um povo cristão, renovado e enriquecido por essa troca de dons, será um povo capaz de caminhar, com passo firme e confiante, pelo caminho que leva à unidade. ”
Radio Vaticano