Após presidir a Celebração Eucarística na Capela Sistina com o batismo de 17 crianças, o Papa Francisco rezou o Angelus com os fiéis reunidos na Praça São Pedro. Eis a íntegra de sua alocução:
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje, no final da Tempo litúrgico do Natal, celebramos a festa do Batismo do Senhor. A liturgia nos chama a conhecer mais plenamente Jesus, do qual recentemente celebramos o nascimento; e por esta razão o Evangelho (cf. Lc 3, 15-16.21-22) ilustra dois elementos importantes: a relação de Jesus com as pessoas e a relação de Jesus com o Pai.
Na narrativa do batismo, conferido por João Batista a Jesus nas águas do Jordão, vemos antes de tudo o papel do povo. Jesus está em meio ao povo. Este não é apenas um pano de fundo da cena, mas é um componente essencial do evento. Antes de mergulhar na água, Jesus “mergulha” na multidão, une-se a ela assumindo plenamente a condição humana, compartilhando tudo, exceto o pecado.
Em sua santidade divina, cheia de graça e de misericórdia, o Filho de Deus se fez carne justamente para tomar sobre si e tirar o pecado do mundo. Assumir as nossas misérias, a nossa condição humana. Por isso, a de hoje também é uma epifania, porque indo para ser batizado por João, em meio às pessoas penitente de seu povo, Jesus manifesta a lógica e o sentido de sua missão.
Unindo-se ao povo que pede a João o Batismo da conversão, Jesus compartilha dele o profundo desejo de renovação interior. E o Espírito Santo que desce sobre Ele “em forma corpórea, como uma pomba”, é o sinal de que com Jesus inicia um mundo novo, uma “nova criação”, da qual fazem parte todos aqueles que acolhem Cristo em sua vida.
Também a cada um de nós, que renascemos com Cristo no Batismo, são dirigidas as palavras do Pai: “Tu és o meu Filho, tu és o amado: em ti deposito toda a minha afeição”. Este amor do Pai, que todos recebemos no dia do nosso Batismo, é uma chama que foi acesa em nosso coração, e requer ser alimentada mediante a oração e a caridade.
O primeiro elemento era Jesus em meio ao povo. Mergulha no povo. O segundo elemento enfatizado pelo evangelista Lucas é que após a imersão no povo e nas águas do Jordão, Jesus “se imerge” na oração, isto é, na comunhão com o Pai.
O Batismo é o início da vida pública de Jesus, da sua missão no mundo como enviado do Pai para manifestar a sua bondade e o seu amor pelos homens. Tal missão é realizada em constante e perfeita união com o Pai e o Espírito Santo. Também a missão da Igreja e a de cada um de nós, para ser fiel e frutuosa, é chamada a inserir-se na de Jesus. Trata-se de regenerar continuamente na oração a evangelização e o apostolado, para dar um claro testemunho cristão, não segundo nossos projetos humanos, mas segundo o estilo de Deus.
Queridos irmãos e irmãs, a Festa do Batismo do Senhor é uma ocasião propícia para renovar com gratidão e convicção as promessas do nosso Batismo, comprometendo-nos a viver diariamente em coerência com ele.
Também é muito importante, como já disse, conhecer a data de nosso Batismo. Eu poderia perguntar: quem de vocês conhece a data do Batismo? Nem todos, certamente. Se alguém de vocês não conhece, peça aos pais, avós, amigos da família, em que data fui batizado, batizada, e não esquecê-la. Que seja uma data guardada no coração, a ser festejada todos os anos.
Que Jesus, que nos salvou não por nossos méritos, mas para realizar a imensa bondade do Pai, nos torne misericordiosos para com todos. Que a Virgem Maria, Mãe da Misericórdia, seja nossa guia e nosso modelo.
Queridos irmãos e irmãs!
Dirijo-me a todos vocês, queridos romanos e peregrinos, a minha cordial saudação.
Saúdo os professores e alunos de Los Santos de Maimona e de Talavera la Real, Espanha; os grupos paroquiais que vieram da Polônia; e do Caminho Neocatecumenal. Vieram festejar o aniversário de Kiko, suponho! Bem como os fiéis de Loreto e Vallemare, na Província de Rieti.
Esta manhã, de acordo com o costume desta Festa, tive a alegria de batizar um bom grupo de recém-nascidos. Rezemos por eles e por suas famílias. E, nesta ocasião, renovo a todos o convite para manter viva a memória do próprio Batismo. Ali estão as raízes da nossa vida em Deus; as raízes da nossa vida eterna, que Jesus Cristo nos deu com a sua Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição. No Batismo estão as raízes. E nunca esqueçam a data do nosso Batismo.
Amanhã, concluído o Tempo do Natal, retomaremos com a liturgia o caminho do Tempo Comum. Como Jesus após o seu Batismo, deixemo-nos ser guiados pelo Espírito Santo em tudo o que fazemos. Mas para isso, devemos invocá-lo! Aprendamos a invocar o Espírito Santo com mais frequência, em nossos dias o Espírito Santo, para poder viver com amor as coisas ordinárias, e assim, torná-las extraordinárias.
Bom domingo a todos. Não esqueçam de rezar por mim. Bom almoço e até logo”.
Radio Vaticano