Após a missa da Solenidade da Epifania do Senhor, celebrada na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (06/01).
“Hoje, Solenidade da Epifania do Senhor, é a festa da manifestação de Jesus, simbolizada pela luz. Nos textos proféticos, esta luz é promessa. Promete-se a luz. Isaías, de fato, se dirige a Jerusalém com essas palavras: «Levante-se, brilhe, pois chegou a sua luz, a glória do Senhor brilha sobre você»”, frisou o Pontífice em sua alocução.
Segundo o Papa, “o convite do profeta a se levantar por que vem a luz aparece surpreendente, porque se insere depois do duro exílio e das inúmeras opressões que o povo havia vivido.
“Este convite, hoje, ressoa também para nós, que celebramos o Natal de Jesus e nos encoraja a deixar-nos alcançar pela luz de Belém. Também nós fomos convidados a não nos deter nos sinais exteriores do acontecimento, mas a recomeçar dele e percorrer em novidade de vida o nosso caminho de homens e fiéis.”
“A luz que o profeta Isaías tinha preanunciado, no Evangelho está presente e foi encontrada. Jesus, nascido em Belém, cidade de Davi, veio para trazer a salvação aos próximos e distantes: a todos. O evangelista Mateus mostra diversas maneiras com as quais se pode encontrar Cristo e reagir à sua presença.”
O Papa destacou que “Herodes e os escribas de Jerusalém têm um coração duro, que se obstina e rejeita a visita daquele Menino. É uma possibilidade, fechar-se para a luz. Eles representam os que, também nos nossos dias, têm medo da vinda de Jesus e fecham o coração aos irmãos e às irmãs que necessitam de ajuda. Herodes tem medo de perder o poder e não pensa no verdadeiro bem das pessoas, mas na própria vantagem pessoal. Os escribas e os chefes do povo têm medo porque não sabem olhar além das próprias certezas, não conseguindo assim colher a novidade que está em Jesus.”
“Bem diferente é a experiência dos Magos. Vindos do Oriente, eles representam todos os povos distantes da fé hebraica tradicional. E mesmo assim, se deixam guiar pela estrela e enfrentam uma longa e arriscada viagem para chegar à meta e conhecer a verdade sobre o Messias. Os Magos estavam abertos à “novidade”, e a eles se revela a maior e mais surpreendente novidade da história: Deus feito homem. Os Magos se prostram diante de Jesus e oferecem dons simbólicos: ouro, incenso e mirra; porque a busca do Senhor implica não somente a perseverança no caminho, mas também a generosidade do coração.”
“Por fim, voltam para a sua terra», e diz o Evangelho que eles voltaram “por outro caminho”.
“Regressaram “ao seu país” levando dentro de si o mistério daquele Rei humilde e pobre. Podemos imaginar que contaram a todos a experiência vivida: a salvação oferecida por Deus em Cristo é para todos os homens, próximos ou distantes. Não é possível tomar posse daquele Menino: Ele é um dom para todos.”
“Também nós, façamos um pouco de silêncio em nosso coração e deixemo-nos iluminar pela luz de Jesus que provém de Belém. Não permitamos aos nossos medos de fechar-nos o coração, mas tenhamos a coragem de abrir-nos a esta luz que é mansa e discreta”, disse ainda Francisco.
“Então, como os Magos, experimentaremos uma grande alegria que não poderemos manter para nós. Que Nos sustente neste caminho a Virgem Maria, estrela que nos conduz a Jesus, e Mãe que mostra Jesus aos Magos e a todos aqueles que se aproximam dele.”
Após a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco recordou que há vários dias quarenta e nove migrantes salvos no Mar Mediterrâneo estão a bordo de dois navios de organizações não governamentais, em busca de um porto seguro onde desembarcar.
“Faço um apelo aos líderes europeus a fim que demostrem solidariedade concreta a essas pessoas.”
A seguir, Francisco lembrou que algumas Igrejas orientais, católicas e ortodoxas, que seguem o Calendário Juliano, celebrarão o Natal, nesta segunda-feira (07/01).
“A elas dirijo minhas cordiais e fraternas saudações no sinal de comunhão entre todos nós cristãos, que reconhecem Jesus como Senhor e Salvador. Um Feliz Natal!”
“A Epifania é também a Jornada Missionária dos Meninos que este ano convida os jovens missionários a serem “atletas de Jesus”, para testemunhar o Evangelho na família, na escola e nos lugares de diversão.”
O Papa saudou todos os peregrinos, famílias, paróquias e associações provenientes da Itália e outros países.
Uma saudação especial foi dirigida ao cortejo histórico e folclórico que promove os valores da Epifania e que este ano é dedicado à Região de Abruzzo.
Recordou também o cortejo dos Magos que se realiza em muitas cidades da Polônia com uma grande participação de famílias e associações.
Saudou também os músicos da banda que ouviu tocar. “Continuem soando a alegria deste dia da Epifania”, concluiu Francisco, pedindo aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.
Radio Vaticano
O Papa Francisco celebrou a missa, na Basílica de São Pedro, neste domingo (06/01), Solenidade da Epifania do Senhor.
“Epifania: esta palavra indica a manifestação do Senhor, que se revela, como diz São Paulo, na segunda Leitura, aos gentios, hoje representados pelos Magos. Desvenda-se, assim, a verdade sublime que Deus veio para todos: todas as nações, línguas e povos são acolhidos e amados por Ele. Símbolo disso é a luz, que tudo alcança e ilumina”, disse o Pontífice em sua homilia.
“Ora, se é verdade que o nosso Deus Se manifesta para todos, surpreende, porém, o modo como o faz. O Evangelho nos mostra um movimento de gente desencadeado em torno do palácio do rei Herodes, precisamente quando se designa Jesus como rei: «Onde está, perguntam os Magos, o rei dos judeus que acaba de nascer?» O encontrão, mas não onde pensavam: não no palácio real de Jerusalém, mas numa casa humilde de Belém.”
Segundo o Papa, “o mesmo paradoxo aparecera nos textos de Natal, quando o Evangelho falava do recenseamento de toda a terra no tempo do imperador Augusto e do governador Quirino. Mas, nenhum dos poderosos de então percebeu ter nascido, nos seus dias, o Rei da história. E mais tarde quando Jesus, pelos trinta anos, se manifesta publicamente, tendo João Batista como precursor, de novo o Evangelho nos proporciona uma solene apresentação do contexto: depois de elencar todos os «grandes» de então, tanto no poder secular como no religioso, Tibério César, Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Lisânias, os sumos-sacerdotes Anás e Caifás, conclui: «a Palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto», ou seja, a nenhum dos grandes foi dirigida, mas a um homem que se retirara para o deserto. Eis a surpresa: Deus não sobe ao palco do mundo para se manifestar.”
“Ao ouvir aquela lista de personagens ilustres, poderia vir a tentação de «fixar os holofotes» nelas. Poderíamos pensar: teria sido melhor se a estrela de Jesus aparecesse em Roma, na colina do Palatino, onde reinava Augusto sobre o mundo; todo o império teria se tornado cristão imediatamente. Ou então, se tivesse iluminado o palácio de Herodes, este poderia ter feito o bem em vez do mal. Mas, a luz de Deus não vai para quem brilha de luz própria. Deus propõe-se, não se impõe; ilumina, mas não ofusca. É sempre grande a tentação de confundir a luz de Deus com as luzes do mundo.”
“Quantas vezes corremos atrás dos clarões sedutores do poder e da ribalta, convencidos de que prestamos um bom serviço ao Evangelho! Mas, assim, voltamos os holofotes para o lado errado, porque Deus não estava lá. A sua luz amável resplandece no amor humilde. Além disso, quantas vezes tentamos, como Igreja, brilhar de luz própria! Mas, não somos nós o sol da humanidade; somos a lua que, mesmo com as suas sombras, reflete a luz verdadeira, o Senhor: Ele é a luz do mundo. Ele…, não nós!”
Francisco destacou que “a luz de Deus vai para quem a acolhe. Isaías, na primeira Leitura, nos lembra que a luz divina não impede as trevas e o nevoeiro denso de cobrirem a terra, mas resplandece em quem está pronto a recebê-la. Por isso, o profeta dirige um convite, que interpela a cada um: «Levanta-te e brilhe».”
“É preciso levantar-se, isto é, erguer-se do próprio sedentarismo e prontificar-se a caminhar. Caso contrário, fica-se parado como os escribas consultados por Herodes, que sabiam bem onde nascera o Messias, mas não se moveram. Além disso, é preciso revestir-se de Deus – que é a luz – todos os dias, até que Jesus se torne a nossa vestimenta diária. Mas, para usar a vestimenta de Deus, que é simples como a luz, primeiro é preciso desfazer-se das roupas pomposas.”
“Caso contrário, faz-se como Herodes, que preferia as luzes terrenas do sucesso e do poder à luz divina. Ao invés, os Magos realizam a profecia, levantam-se para ser revestidos de luz. E são os únicos que veem a estrela no céu: nem os escribas, nem Herodes, ninguém em Jerusalém a viu. Para encontrar Jesus, deve-se planejar um itinerário diferente, deve-se tomar outro caminho: o d’Ele, o caminho do amor humilde. E deve-se perseverar nele. De fato, na conclusão do Evangelho de hoje, diz-se que os Magos, tendo encontrado Jesus, «regressaram ao seu país por outro caminho». Outro caminho, diferente do de Herodes, distinto do caminho do mundo. Um caminho como o percorrido pelos que estão com Jesus, no Natal: Maria e José, os pastores. Eles, como os Magos, deixaram suas casas e tornaram-se peregrinos pelos caminhos de Deus. Com efeito, só encontra o mistério de Deus quem deixa os próprios apegos mundanos e se põe a caminho.”
Para Francisco, “o mesmo vale para nós. Não basta saber onde nasceu Jesus, como os escribas, se não caminhamos até esse onde. Não basta saber que Jesus nasceu, como Herodes, se não o vamos encontrar. Quando o seu onde se torna o nosso onde, o seu quando o nosso quando, a sua pessoa a nossa vida, então cumprem-se em nós as profecias. Então Jesus nasce dentro e torna-se Deus vivo para mim.”
“Hoje, somos convidados a imitar os Magos. Eles não discutem, mas caminham; não ficam olhando, mas entram na casa de Jesus; não se colocam no centro, mas se prostram aos pés d’Ele, que é o centro; não se fixam nos seus planos, mas se prontificam a tomar outro caminho. Nos seus gestos, temos um contato estreito com o Senhor, uma abertura radical a Ele, um envolvimento total com Ele. Com Ele, usam a linguagem do amor, a própria linguagem que Jesus, ainda infante, já fala. De fato, os Magos vão até o Senhor, não para receber, mas para dar. Perguntemo-nos: no Natal, trouxemos algum presente a Jesus, pela sua festa, ou trocamos presentes apenas entre nós?”
“Se fomos até o Senhor de mãos vazias, hoje podemos remediar. Com efeito, o Evangelho contém por assim dizer uma pequena lista de presentes: ouro, incenso e mirra. O ouro, considerado o elemento mais precioso, nos lembra que, a Deus, deve ser dado o primeiro lugar. Deve ser adorado. Mas, para isso, é preciso privar-se a si mesmo do primeiro lugar e considerar-se necessitado, não autossuficiente.”
“E aqui entra o incenso, que simboliza o relacionamento com o Senhor, a oração, que se eleva para Deus como perfume (cf. Sal 141, 2). Ora, como o incenso para exalar o seu perfume se deve queimar, assim também para a oração é preciso «queimar» um pouco de tempo, gastá-lo para o Senhor. Mas fazê-lo de verdade, e não só em palavras. A propósito de fatos, entra a mirra, unguento que seria utilizado ao envolver amorosamente o corpo de Jesus descido da cruz (cf. Jo 19, 39). Agrada ao Senhor que cuidemos dos corpos provados pelo sofrimento, da sua carne mais frágil, de quem ficou para trás, de quem só pode receber não tendo nada de material para retribuir.”
O Papa concluiu a homilia, dizendo que “é preciosa aos olhos de Deus a misericórdia com quem não tem para restituir, a gratuidade. Neste tempo de Natal que está a terminar, não percamos a ocasião para dar um lindo presente ao nosso Rei, que veio para todos, não nos cenários faustosos do mundo, mas na pobreza luminosa de Belém. Se o fizermos, resplandecerá sobre nós a sua luz”.
A luz da estrela, o caminho dos Magos e a oferta dos dons a Jesus que nos presenteia a sua vida. Estes são os temas sobre os quais o Papa Francisco se deteve nas homilias das missas celebradas na Solenidade da Epifania do Senhor, desde o início de seu pontificado.
“A estrela que apareceu no céu acendeu” no coração dos Magos “uma luz que os moveu em busca da grande Luz de Cristo”, disse o Papa Francisco na homilia da primeira missa celebrada na Solenidade da Epifania, em 2014.
O Pontífice recordou que é “a esperteza santa”, a dos Magos, que nos guia no caminho da fé, que “não nos faz cair nas armadilhas das trevas” e nos ensina “como nos defender das trevas que buscam envolver a nossa vida”.
“Nesse tempo é muito importante guardar a fé. É preciso ir além da escuridão, além do encanto das sereias, além da mundanidade, além de muitas modernidades que existem hoje, e caminhar rumo a Belém, onde na simplicidade de uma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e fé, resplandece o Sol que nasceu do alto, o Rei do universo”, disse o Papa.
“A luz da estrela ilumina ainda hoje as pessoas que buscam a Deus”, sublinhou Francisco na homilia da missa celebrada em 6 de janeiro de 2015, lembrando que é a graça do Espírito Santo que faz com que os Magos encontrem o verdadeiro Deus, que recusem o engano de Herodes, aceitando a pequenez da Criança que eles adoraram, oferecendo presentes preciosos. “O amor de Deus é grande, é poderoso e humilde, muito humilde”, disse o Pontífice.
“Os Magos representam as pessoas de todas as partes do mundo que são acolhidas na casa de Deus”, destacou o Papa na homilia da missa celebrada em 2016. “Diante de Jesus não há mais divisão de raça, língua e cultura: naquele Menino a humanidade encontra a sua unidade”. Portanto, eis a tarefa da Igreja: despertar o desejo de Deus, encorajar a se colocar a caminho, esquecendo os interesses cotidianos, seguindo a voz do Espírito Santo.
“A Igreja tem a tarefa de reconhecer e fazer emergir de maneira mais clara o desejo de Deus que cada um carrega dentro de si. Este é o serviço da Igreja, com a luz que ela reflete. Como os Magos, muitas pessoas, mesmo em nossos dias, vivem com o “coração inquieto” que continua a fazer perguntas sem encontrar respostas certas. É a inquietação do Espírito Santo que se move nos corações. Elas também estão procurando a estrela que indica o caminho para Belém”, frisou o Papa.
Na missa da Epifania de 2017, Francisco explicou a saudade de Deus, “atitude que rompe o conformismo entediante” e “nos tira dos recintos deterministas”. Os Magos são o retrato do fiel, “refletem a imagem de todos os homens que em suas vidas não deixaram anestesiar seus corações”. Eles descobrem que “o olhar desse Rei desconhecido, mas desejado, não humilha, não escraviza e não aprisiona”.
“Descobrir que o olhar de Deus levanta, perdoa e cura. Descobrir que Deus quis nascer lá onde não esperávamos, onde talvez não o queremos ou onde nós o negamos muitas vezes. Descobrir que no olhar de Deus tem lugar para os feridos, os cansados, os maltratados e os abandonados: que sua força e seu poder se chamam misericórdia”, sublinhou o Pontífice naquela ocasião.
Manter os olhos no alto, entender que “o sucesso, dinheiro, carreira, honrarias e prazeres” despertam fortes emoções, mas são “meteoros: brilham por um tempo, mas acabam logo”. Foi o que Papa enfatizou na homilia da missa celebrada no ano passado, destacando que “a estrela do Senhor nem sempre é deslumbrante, mas é sempre presente”, “nos pega pela mão na vida”, “garante a paz e doa, como os Magos, uma grande alegria”.
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