Um ano para a Santa Sé e o Papa Francisco rico de viagens, eventos, encontros e acordos. Destes, um dos mais significativos foi com a República Popular Chinesa assinado em 22 de setembro. Trata-se de uma reaproximação entre os dois Estados, com o foco na nomeação de bispos, criando as condições para uma colaboração mais ampla em nível bilateral.
Outro tema que dominou a agenda vaticana foi a reparação para os crimes de abusos, a ponto de o Papa convocar todos os presidentes das Conferências Episcopais para fevereiro próximo.
Em todas as viagens de 2018, Francisco se reuniu com as vítimas, fez um pedido de perdão público na Irlanda, por ocasião do Encontro Mundial das Famílias, e reiterou a linha “tolerância zero” que deve ser adotada por toda a Igreja no discurso de final de ano aos membros da Cúria Romana.
O Papa foi enfático ao pedir a conversão dos culpados e que os mesmos se entreguem à justiça terrena e se preparem para a justiça celeste. Crime, monstruosidade, ato abominável, vergonha: foram algumas das palavras usadas pelo Pontífice para tratar do assunto.
No ano de 2018 Francisco não deixou de colocar no centro de suas preocupações os últimos: os descartados da sociedade, as vítimas das guerras, da violência e da fome, os cristãos perseguidos e os migrantes.
Foram inúmeros os pronunciamentos e, sobretudo, as homilias na Casa Santa Marta para denunciar a opulência de poucos em contraste com a miséria de muitos.
Uma doença séria, a do consumismo, de hoje! O consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de vida: este é um inimigo da generosidade. A generosidade alarga o coração e o leva à magnanimidade.
A juventude foi protagonista este ano na Igreja com a realização do Sínodo dos Bispos em outubro, ápice de um caminho que teve fundamento um evento inédito: a reunião pré-sinodal em março com jovens de todo o mundo em Roma.
“Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus.”
Em 2018, Francisco “reduziu” suas viagens internacionais para retomar a agenda das visitas ad Limina apostolorum em Roma. Mesmo assim, foram quatro etapas internacionais: Chile e Peru em janeiro, Genebra em junho, Irlanda em agosto e Lituânia, Letônia e Estônia em setembro. Dentro da Itália, foram cinco dioceses visitadas: Palermo, Bari, Florença, Lecce e San Giovanni Rotondo.
As audiências no Vaticano e as visitas pastorais pela Diocese de Roma ofereceram inúmeras ocasiões para um contato próximo do Papa com os fiéis. As crianças foram as protagonistas em dois momentos especiais: a visita do Papa à paróquia São Paulo da Cruz, no dia 15 de abril, na periferia de Roma. Um garoto se comoveu ao perguntar ao Pontífice se o seu pai falecido, ateu, está no céu. Uma pergunta sussurrada no ouvido do Papa, que prontamente o consolou com um longo abraço.
Já na audiência geral de 28 de novembro, uma criança “indisciplinadamente livre” atraiu as atenções dos peregrinos, ao subir no palco da Sala Paulo VI e se entreter com o Guarda Suíço. O menino argentino levou o Pontífice à seguinte reflexão:
“Esta criança não consegue falar, é muda. Porém, sabe “comunicar”, sabe se expressar. E tem uma coisa que me fez pensar: é livre, indisciplinadamente livre. Porém livre. E me leva a pensar: também eu sou livre diante de Deus? Quando Jesus diz que devemos nos fazer como crianças, nos diz que devemos ter a liberdade que tem uma criança diante de seu Pai…esta criança…peçamos a graça de que possa falar”.
Radio Vaticano