O pregador oficial da Casa Pontifícia, padre Raniero Cantalamessa, fez na manhã desta sexta-feira, 14, na Capela Redemptoris Mater no Vaticano, sua segunda meditação de Advento, na presença do Papa e da Cúria Romana.
Este ano, o tema das pregações é extraído do Salmo: “A minha alma tem sede do Deus vivo”!
Ao explicar a temática proposta para o período de Advento, o Capuchinho afirmou que “os homens do nosso tempo buscam, com insistência, sinais da existência de seres vivos e inteligentes em outros planetas, mas poucos se esforçam em descobrir sinais da existência do Ser vivo por excelência, que criou o universo, que entrou na nossa história e vive conosco”.
No entanto, disse o Pregador, na Igreja, estamos sempre atarefados, com problemas para resolver, desafios para se superar. Por isso, “corremos o risco de perder de vista a nossa relação pessoal com Deus”.
Deus vivo e trino é amor
O Deus vivo, a quem nós cristãos recorremos, não é simplesmente a primeira pessoa divina “Deus-Pai”, sem levar em conta as outras duas: Filho e Espírito Santo. O único Deus é aquele citado pela Bíblia: “Eu Sou!” O Pai gera o Filho e, com ele, exala o Espírito, comunicando-lhes toda a sua divindade.
Eis o Deus da comunhão e do amor, no qual unidade e trindade procedem da mesma raiz e do mesmo ato; um não existe sem o outro e nenhum é superior ao outro.
Enfim, o Deus vivo dos cristãos é a Trindade viva: “Deus é amor”, Deus é trindade! Nisto encontramos a resposta da revelação dada pela Igreja: Deus é amor desde sempre, com o Verbo, o qual amava com amor infinito “no Espírito Santo”. Nós cristãos acreditamos “em um só Deus”, não em um Deus solitário!
Contemplar a Trindade para superar a divisão do mundo
A Trindade, por definição, é invisível e inefável. O dogma da unidade e trindade de Deus é expresso na frase: “Sejam um, como nós somos um”.
Todos, portanto, queremos a unidade; todos nós a desejamos do fundo do coração. A Trindade nos mostra o verdadeiro caminho para a unidade, segundo as palavras de Cristo: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”.
O Filho nos ensina a gritar Abba, Pai! O Espírito Santo nos ensina a clamar: “Jesus é o Senhor! E a invocar”: Maranathà, “Vem, Senhor Jesus”.
Contemplar a Trindade nos ajuda a vencer “a odiosa discórdia do mundo”. O primeiro milagre que o Espírito fez em Pentecostes foi fazer dos discípulos “um só coração e uma só alma”.
Entrar na Trindade
O que mais nos torna felizes, em relação à Trindade, é contemplá-la, imitá-la e entrar nela! Não podemos abraçar o oceano, mas podemos entrar nele. Da mesma forma, não podemos abraçar o mistério da Trindade, mas podemos entrar nele, através da Eucaristia. Na comunhão realiza-se o significado da palavra de Cristo: “Quem me vê, vê o Pai, quem me recebe, recebe o Pai”.
O Pregador da Casa Pontifícia concluiu sua segunda meditação de Advento afirmando: “A Trindade não é apenas um mistério da nossa fé, mas uma realidade viva e palpitante: o Deus vivo, a Trindade viva”!
Radio Vaticano