O Papa Francisco enviou uma mensagem em vídeo aos participantes do Festival da Doutrina Social que começou nesta quinta-feira (22), em Verona, na Itália. Seguindo o tema do encontro, sobre “o risco da liberdade”, o Pontífice convidou à reflexão desse caminho seguido por homens, mulheres, sociedade e civilização, um percurso muitas vezes desviado por “guerras, injustiças e violações dos direitos humanos”.
O desejo de liberdade, “que é o grande presente de Deus à Criação”, não pode perder o seu significado maior, disse o Papa: “todos juntos precisamos nos empenhar para eliminar aquilo que priva os homens e as mulheres do tesouro da liberdade”, reencontrando aquele “sabor” que sabe “proteger a ‘Casa Comum’ que Deus nos deu”.
Quando se corre o risco de perder a liberdade
O Papa Francisco, então, citou três situações em que não se pode correr o risco de perder a liberdade: a indigência, o domínio da tecnologia e a redução do homem a consumidor.
Partindo da primeira, a indigência, o Pontífice alertou, novamente, para a cultura do descarte vivida por quem sofre as “grandes injustiças” do mundo. Não é somente um fenômeno de exploração e opressão, disse o Papa, mas de pessoas “excluídas” e rejeitadas, como “restos” de comida: “se um homem ou uma mulher são reduzidas a ‘resto’, não só sentem os maus frutos da liberdade”, como têm roubada a possibilidade de arriscar a própria liberdade para si, para a família e por uma vida digna.
Já o desenvolvimento tecnológico, segundo Francisco, é outra situação que influencia negativamente para se ter a experiência da liberdade. Quando não é acompanhado de “responsabilidade, valores e consciência”, acrescentou o Papa ao recordar palavras de Paulo VI da década de 70, “a absolutização da técnica pode se voltar contra o homem”.
A terceira situação negativa, indicou Francisco, “é representada pela redução do homem a mero consumidor”. Nesse sentido, a liberdade de consumir é uma “ilusão” ou nem é considerada liberdade, porque a grande maioria não detém o poder econômico: “é uma escravidão, a experiência quotidiana é marcada pela resignação, desconfiança, medo e fechamento”.
Ser livre é desafio permanente
Embora possam existir esses desvios, todos temos o desejo de correr riscos para ter a própria liberdade, disse o Papa, inclusive quem vive situações de escravidão e exploração. E o Festival de Verona, acrescentou ele, traz testemunhos que ajudam a ilustrar quem venceu essa realidade, com “força e esperança”, em histórias em que se pode dizer: “sim, é possível ‘o risco da liberdade’!”.
A verdadeira resposta às diferentes formas de escravidão, disse Francisco, vem de quem tem estilo de vida solidário e aberto, “porque se movem como pessoas livres”. Ser livre, comentou o Papa, “é um desafio permanente”, dá coragem, faz sonhar, cria esperança e contém “uma força que mais forte que qualquer escravidão. O mundo precisa de pessoas livres!”.
Sejam pessoas livres!
Esse foi o desejo final do Papa Francisco aos participantes e voluntários do Festival de Verona que termina no domingo (25): que sejam pessoas livres e que não tenham medo de sujar as mãos para realizar o bem e ajudar quem precisa.
Radio Vaticano