“Um convite para olhar com confiança o futuro da vida consagrada na Espanha”. Em síntese, foi o que escreveu o Papa Francisco na mensagem enviada nesta terça-feira à XVI Assembleia Geral da Conferência Espanhola de Religiosos (CONFER), que se realiza em Madri de 13 a 15 de novembro sob o lema “Darei a vós um futuro repleto de esperança”.
O Senhor – disse Francisco – nos dá esperança com suas constantes mensagens de amor e com suas surpresas, que às vezes podem nos deixar desorientados, “porém nos ajudam a sair de nossos fechamentos mentais e espirituais. Sua presença é de ternura, nos acompanha e nos compromete”.
O caminho realizado pela CONFER – ressaltou o Papa – “tem uma história frutífera, cheia de exemplos de dedicação e santidade oculta e silenciosa”. Neste sentido, “nenhum esforço deve ser poupado para servir e encorajar a vida consagrada espanhola, para que não lhe falte a memória agradecida nem o olhar para o futuro, porque não há dúvida de que o estado de vida religiosa, sem esconder incertezas e preocupações, está cheio de oportunidades e também de entusiasmo, paixão e consciência de que a vida consagrada hoje tem sentido”.
O Papa enfatiza então que a Igreja “precisa de nós profetas, isto é, homens e mulheres de esperança”.
Diante das dificuldades que a vida religiosa está vivendo hoje disse o Pontífice, citando – “a diminuição das vocações e o envelhecimento de seus membros, os problemas econômicos e os desafios da internacionalidade e da globalização, as insídias do relativismo, a marginalização e a irrelevância social” – “nossa esperança se eleva ao Senhor, o único que pode nos ajudar e nos salvar”.
E esta esperança, “leva-nos a pedir ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe, e trabalhar na evangelização dos jovens para que se abram ao chamado do Senhor”. Estar ao lado dos jovens – enfatizou Francisco – “é um grande desafio”.
Especialmente no contexto atual, há necessidade de “religiosos audazes, que abram novos caminhos e uma abordagem da questão vocacional como opção fundamental cristã. Cada tempo da história é tempo de Deus, também o nosso, pois o Espírito sopra onde quer, como quer e quando quer”.
Por isso, “qualquer momento pode transformar-se em um “Kairós”. É preciso somente estar atentos para reconhecê-lo e vivê-lo como tal”, alertou.
Como religiosos – observou o Santo Padre – devemos ser obstinados, nos gastar e nos cansar, vivendo “as obras de misericórdia, que são o programa de nossa vida”.
“Não se trata de ser heróis nem de nos apresentar aos outros como modelos, mas de estar com aqueles que sofrem, acompanhar, buscar com outros caminhos alternativos, conscientes de nossa pobreza, mas também com a confiança depositada no Senhor e no seu amor sem limites. Daí a necessidade de voltar a ouvir o chamado a viver com a Igreja e na Igreja, deixando os nossos esquemas e confortos, para estar próximos das situações humanas de sofrimento e desesperança que esperam a luz do Evangelho”.
Os tempos mudaram e as nossas respostas devem ser diferentes, disse o Papa, encorajando os religiosos “a darem uma resposta tanto a situações estruturais que exigem novas formas de organização, como a necessidade de sair e buscar novas presenças para ser fiéis ao Evangelho e canais do amor de Deus”.
“A vida de oração, o encontro pessoal com Jesus Cristo, o discernimento comunitário, o diálogo com o bispo devem ser uma prioridade na tomada de decisões. Temos que viver com humilde audácia olhando para o futuro e em atitude de escuta do Espírito, com ele podemos ser profetas da esperança”, disse o Santo Padre ao concluir, concedendo sua bênção aos participantes da Assembleia.
Radio Vaticano