O documento do Concílio Vaticano II chamado “Gaudium et Spes” (Alegrias e Esperanças) traz a seguinte afirmação sobre a família: “A família é uma escola de enriquecimento humano” (GS 52). Como tornar nossas famílias em um ambiente onde todos se enriquecem?
Talvez, a resposta mais coerente seja: “Para existir riqueza, precisa ter coisas preciosas”. Mas, no caso da família, a riqueza é o amor. Nesse sentido, há a necessidade de cada um, no ambiente familiar, contribuir para que os laços de amor se fortaleçam. É uma tarefa diária de cada um de nós.
Proponho dois pontos fundamentais a serem exercitados, em família, para que o amor cresça e a fortaleça.
Em primeiro lugar: a oração em família. A família por si só não consegue viver o amor se não estiver conectada, ligada totalmente à fonte do amor que é Deus. E a forma de se entrar em contato com Deus é por meio da oração. Rezar em família é fundamental. Buscar a luz do Santo Espírito em cada situação, reservar momento de ir à Igreja, participar da Santa Missa, que é a oração maior e mais perfeito ato de louvor ao Senhor.
Depois é preciso investir no relacionamento humano, por meio da mudança de comportamento nas relações. Os casais devem cultivar um diálogo conjugal, onde o respeito e a forma de falar demonstrem o carinho e o afeto entre si.
Desterrar das famílias as acusações, brigas, discussões sem sentido. Trazer a harmonia, o bom humor, o perdão e a reconciliação para dentro de casa. Os pais respeitem os filhos e se tornem amigos uns dos outros e, que pelo exemplo dos pais, os filhos aprendam o amor por meio dos gestos e palavras.
Que os filhos tenham profundo respeito pelos pais e os honrem com atitudes de diálogo respeitoso e amável. O amor é sempre possível se, no cotidiano, formos introduzindo pequenos gestos de amor, de compreensão e dedicação ao outro.
O amor cresce e fortalece se existe disposição interior para buscar a Deus e investir no relacionamento. Comece hoje mesmo e verá como todos se enriquecem quando o amor é a fonte e o centro da nossa vida e da nossa família.
FONTE: Comunidade Canção Nova
A Carta de São Paulo apóstolo a Tito guiou a reflexão do Papa Francisco na homilia desta segunda-feira, na celebração da missa na Casa Santa Marta. Trata-se de especificar nos mínimos detalhes a figura do bispo; definir os critérios para colocar a Igreja em ordem.
Fervor e desordem são as duas plavras que o Pontífice usa para contar como nasceu a Igreja, recordando também as “coisas admiráveis” realizadas. “Sempre há confusão, afirmou, a força do Espírito, desordem, mas não devemos nos assustar” porque “é um belo sinal”.
A Igreja jamais nasceu completamente ordenada, tudo certo, sem problemas, sem confusão, jamais. Sempre nasceu assim. E esta confusão, esta desordem, deve ser organizada. É verdade, porque as coisas devem ser colocadas no lugar; pensemos, por exemplo, no primeiro Concílio de Jerusalém: havia a luta entre os judaizantes e os não judaizantes… Mas pensemos bem: fazem o concílio e colocam as coisas no lugar.
Por isso, destacou o Papa, Paulo deixa Tito em Creta para colocar ordem, recordando-lhe que a “primeira coisa é a fé”. Ao mesmo tempo, oferece critério e instruções sobre a figura do bispo como “administrador de Deus”.
A definição que dá de um bispo é um “administrador de Deus”, não dos bens, do poder, dos acordos, não: de Deus. Sempre deve corrigir a si mesmo e perguntar-se: “Eu sou administrador de Deus ou sou um negociante?”. O bispo é administrador de Deus. Deve ser irrepreensível: esta palavra é a mesma que Deus pediu a Abraão: “Anda na minha presença e sê perfeito”. É a palavra fundamental, de um líder.
Francisco recordou ainda como deve ser bispo. Nem arrogante nem soberbo, nem irascível nem dado ao vinho, um dos vícios mais comuns no tempo de Paulo, nem cobiçoso nem apegado ao dinheiro. Seria “uma calamidade para a Igreja um bispo do gênero”, que tivesse mesmo que um só desses defeitos, disse ainda o Papa. Já as peculiaridades do servidor de Deus são: hospitaleiro, amante do bem, ponderado, justo, santo, dono de si, fiel à palavra digna de fé que lhe foi ensinada.
Assim é o bispo. Este é o perfil do bispo. E quando se fazem as pesquisas a eleição dos bispos, seria belo fazer essas perguntas no início, não?, para saber se é possível ir avante com outras investigações. Mas, sobretudo, se vê que o bispo deve ser humilde, manso, servidor, não príncipe. Esta é a palavra de Deus. “Ah sim padre, isso é verdade, depois do Concílio Vaticano II isso deve ser feito…” – “Não, depois de Paulo!”. Esta não é uma novidade pós-conciliar. Isso é desde o início, quando a Igreja percebeu que deveria colocar em ordem com bispos do gênero.
“Na Igreja, concluiu o Papa, não se pode colocar em ordem sem esta atitude dos bispos”. O que conta diante de Deus não é ser simpático, pregar o bem, mas a humildade e o serviço. Recordando a memória de São Josafá, bispo e mártir, Francisco pede orações para que os bispos “sejam assim, sejamos assim, como Paulo nos pede para ser”.
Radio Vaticano
“O ensinamento que Jesus nos oferece hoje nos ajuda a recuperar o que é essencial em nossa vida e favorece um concreto e cotidiano relacionamento com Deus (…). Ele não mede a quantidade, mas a qualidade, perscruta o coração e olha para a pureza das intenções”.
Na presença de 20 mil fiéis e turistas na Praça São Pedro para o tradicional encontro dominical do Angelus, o Papa Francisco refletiu sobre o Evangelho de Marcos, proposto pela liturgia do dia, que contrapõe duas figuras. O escriba que “representa as pessoas importantes, ricas e influentes” e a viúva, que “representa os últimos, os pobres, os fracos”.
Jesus – explica Francisco – tem um julgamento firme em relação aos escribas que “se vangloriam da própria condição social, com o título “rabi”, ou seja, mestre, gostam de ser reverenciados e ocupar os primeiros lugares”.
A ostentação deles é “sobretudo de natureza religiosa”, rezam para serem vistos, “e se servem de Deus para se credenciarem como defensores de sua lei”.
“E essa atitude de superioridade e de vaidade – observou o Papa – os leva ao desprezo daqueles que contam pouco ou se encontram em uma posição econômica desvantajosa, como o caso das viúvas”. E Jesus, desmascara este mecanismo perverso:
“Denuncia a opressão dos fracos feita instrumentalmente, com base em motivações religiosas, dizendo claramente que Deus está do lado dos últimos”.
Para fixar bem este ensinamento, Jesus dá aos seus discípulos o exemplo da viúva, “cuja posição social era irrelevante, porque ela não tinha um marido que pudesse defender os seus direitos, e que por isso torna-se presa fácil de algum credor sem escrúpulos, porque estes credores perseguiam os fracos para que pagassem a eles”:
“Essa mulher, que vai depositar somente duas moedinhas no tesouro do templo, tudo o que lhe restava, e faz a sua oferta procurando passar despercebida, quase envergonhando-se. Mas, precisamente nesta humildade, ela realiza um ato carregado de grande significado religioso e espiritual”.
Jesus – diz o Santo Padre – vê neste gesto “o dom total de si a quem deseja educar seus discípulos”:
“O ensinamento que Jesus nos oferece hoje nos ajuda a recuperar o que é essencial em nossa vida e favorece um concreto e cotidiano relacionamento com Deus. Irmãos e irmãs, as medidas do Senhor são diferentes das nossas. Ele pesa as pessoas e suas ações de maneira diferente. Deus não mede a quantidade, mas a qualidade, perscruta o coração e olha para a pureza das intenções”.
Isto significa que o nosso “dar” a Deus na oração e aos outros na caridade – observa o Papa – deveria sempre fugir do ritualismo e formalismo, bem como da lógica do cálculo, ser uma expressão de gratuidade, como fez Jesus conosco: nos salvou gratuitamente; não nos fez pagar a redenção.
Desta forma, aquela viúva pobre e generosa torna-se o “modelo da vida cristã a ser imitado”:
“Dela não sabemos o nome, mas conhecemos o coração – a encontraremos no Céu e iremos saudá-la, certamente; e é isso que conta diante de Deus. Quando somos tentados pelo desejo de aparecer e de contabilizar os nossos gestos de altruísmo, quando estamos muito interessados no olhar dos outros e – permitam-me a palavra – quando fazemos “os pavões”, pensemos nessa mulher. Nos fará bem: nos ajudará a nos despojarmos do supérfluo para ir ao que realmente importa e a permanecermos humildes”.
“Que a Virgem Maria – disse o Papa ao concluir – mulher pobre que se entregou totalmente a Deus, sustente-nos no propósito de dar ao Senhor e aos irmãos não algo de nós mesmos, mas nós mesmos, em uma oferta humilde e generosa”.
Ao saudar os grupos presentes na Praça São Pedro, o Papa Francisco dirigiu-se, entre outros, ao grupo do Coração Imaculado de Maria, do Brasil, e ao grande números de poloneses.
Radio Vaticano
Antes de saudar os peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou os cem anos do final da I Guerra Mundial, convidando a rejeitar a cultura da guerra e investir na paz. O Pontífice também ofereceu o gesto de São Martinho de Tours ao dividir seu manto com um pobre como caminho para construir a paz:
“Recorre hoje o centenário do final da Primeira Guerra Mundial, que meu antecessor, Bento XV, chamou de “matança inútil”. Por esta razão, hoje, às 13h30 horário italiano, tocarão os sinos em todo o mundo, também os da Basílica de São Pedro. A página histórica da Primeira Guerra Mundial é para todos uma grave advertência a rejeitar a cultura da guerra e buscar todos os meios legítimos para pôr fim aos conflitos que ainda ensanguentam diversas regiões do mundo. Enquanto rezamos por todas as vítimas dessa terrível tragédia, digamos, com força: invistamos na paz, não na guerra! E, como sinal emblemático, peguemos aquele do grande São Martinho de Tours, que hoje recordamos: ele cortou seu manto em dois para compartilhá-lo com um homem pobre. Que este gesto de humana solidariedade indique a todos o caminho para a construir a paz”.
A Primeira Guerra Mundial teve início em 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918, envolvendo as grandes potências de todo o mundo, organizadas em duas alianças opostas: os aliados (com base na Tríplice Entente entre Reino Unido, França e Rússia) e os Impérios Centrais, a Alemanha e a Áustria-Hungria.
Mais de setenta milhões de militares, incluindo sessenta milhões de europeus, foram mobilizados em uma das maiores guerras da história. Mais de nove milhões de combatentes foram mortos, em grande parte por causa de avanços tecnológicos que determinaram um crescimento enorme na letalidade de armas, mas sem melhorias correspondentes em proteção ou mobilidade. Foi o sexto conflito mais mortal na história da humanidade e que posteriormente abriu caminho para várias mudanças políticas, como revoluções em muitas das nações envolvidas.
Bento XV, citado pelo Papa Francisco no Angelus e conhecido como o “Papa da paz”, publicou em novembro de 1914 a primeira de suas doze Encíclicas: “Ad Beatissimi Apostolorum”. As nações maiores e mais ricas, disse ele, estão “bem equipadas com as mais terríveis armas que a ciência militar moderna havia inventado e se esforçam para destruir umas às outras com requintes de horror (…) Não há limite para a medida da ruína e do abate; diariamente a terra fica marcada com o sangue recém-derramado e coberta com os corpos de mortos e feridos”.
Em julho de 1915, Bento publicou a Exortação Apostólica “Aos povos hoje em guerra e a seus governantes”, documento que marcou uma mudança na diplomacia ativa que culminou, dois anos mais tarde, com o plano de sete pontos apresentado às partes em guerra no mês de agosto de 1917.
Na Encíclica “Quod Iam Diu”, publicada em 1º de dezembro de 1918, três semanas depois do armistício, Bento pediu a todos os católicos que rezassem pela paz e por aqueles que se ocupavam com as negociações de paz. No entanto, ressaltou que a verdadeira paz não tinha chegado, mas que somente foram suspensas as hostilidades, o abate e a devastação.
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