Quem é Jesus Cristo para você? Fo a pergunta que o Papa Francisco fez na manhã de quinta-feira (25/10), na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta.
Se alguém nos perguntar “quem é Jesus Cristo”, nós diremos aquilo que aprendemos. É o Salvador do mundo, o Filho do Pai, aquilo que “recitamos no Credo”. Mas mais difícil, afirmou o Papa, é responder à pergunta sobre quem é Jesus Cristo “para mim”. É uma pergunta que nos coloca em dificuldade, porque para responder “tenho que chegar ao meu coração”, isto é, partir da experiência.
São Paulo, de fato, tem justamente a inquietação de transmitir que ele conheceu Jesus Cristo através da sua experiência, quando ele caiu do cavalo, quando o Senhor lhe falou ao coração. Não conheceu Cristo a partir dos “estudos teológicos” mesmo que, depois, “foi verificar” como Jesus era anunciado na Escritura.
Aquilo que ele sentiu, Paulo quer que nós cristãos sintamos. À pergunta que nós podemos fazer para Paulo: “Paulo, quem é Cristo para você?”, ele dirá a própria experiência, simples: “Ele me amou e se entregou por mim”. Mas ele está envolvido com Cristo, que pagou por ele. Esta experiência, Paulo quer que os cristãos – neste caso os cristãos de Éfeso – vivam, entrem nesta experiência a ponto que cada um possa dizer: “Ele me amou e se entregou por mim”, mas dizê-lo com a própria experiência.
A Primeira Leitura de hoje, de fato, é extraída da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 3,14-21), na qual o Apóstolo diz: “enraizados e fundados no amor. Tereis assim a capacidade de compreender qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que ultrapassa todo conhecimento, porque repletos de toda a plenitude de Deus”.
E para chegar à experiência que São Paulo teve com Jesus, o Papa destacou que recitar muitas vezes o Credo ajuda, mas o melhor caminho é reconhecer-se pecador: é o primeiro passo. Quando, de fato, Paulo diz que Jesus se entregou por ele, quer dizer que pagou por ele e conta isso em suas Cartas. A primeira definição de si mesmo é, portanto, ser um pecador, dizendo que perseguiu os cristãos, e parte justamente do ser “escolhido por amor, mas pecador”. “O primeiro passo para o conhecimento de Cristo, para entrar neste mistério – reiterou o Papa – é o conhecimento do próprio pecado, dos próprios pecados”.
Francisco ressaltou que no sacramento da Reconciliação “nós dizemos os nossos pecados”, mas “uma coisa é dizer os pecados”, outra é reconhecer-se pecadores por natureza, “capazes de fazer qualquer coisa”, “reconhecer-se uma sujeira”. São Paulo, reiterou o Papa, fez esta experiência a partir da própria miséria, “que tem necessidade de redenção”, de alguém que pague o direito de se dizer filho de Deus’”: “todos nós o somos, mas dizê-lo, ouvi-lo, era necessário o sacrifício de Cristo”. Portanto, reconhecer-se pecadores concretamente, envergonhando-se de si mesmos.
Depois tem um segundo passo para conhecer Jesus: o da contemplação, da oração que pede para conhecer Jesus: “Há uma bela oração de um Santo: ‘Senhor, que eu te conheça e me conheça’: conhecer a si mesmo e conhecer Jesus”, recorda ainda Francisco.
Aqui acontece esta relação de salvação – ressalta o Papa – exortando também a “não se contentar em dizer três, quatro palavras corretas sobre Jesus” porque, ao invés disso, “conhecer Jesus é uma aventura, mas uma aventura levada a sério, não uma aventura de adolescente”, porque o amor de Jesus é sem limites:
O próprio Paulo diz isso: “Ele tem todo o poder para fazer muito mais do que podemos pedir ou pensar. Ele tem o poder de fazer isso. Mas nós temos que pedir isso. “Senhor, que eu Te conheça; que quando eu falar de Ti, diga não palavras de papagaio, diga palavras nascidas na minha experiência. E como Paulo possa dizer: “Me amou e se entregou por mim”, e dizer isso com convicção”. Essa é a nossa força, porque esse é o nosso testemunho. Cristãos de palavras, temos muitos; também nós muitas vezes o somos. Esta não é a santidade; santidade é ser cristãos que fazem na vida o que Jesus ensinou e o que Jesus semeou no coração.
Ao concluir, o Papa Francisco reitera os dois passos para conhecer Jesus Cristo:
Primeiro passo, conhecer a si mesmo: pecadores; pecadores. Sem esse conhecimento e também sem essa confissão interior, que eu sou pecador, não podemos seguir em frente. Segundo passo, a oração ao Senhor, que com o seu poder nos faz conhecer este mistério de Jesus que é o fogo que Ele trouxe à Terra. Será um bom hábito se todos os dias, em algum momento, pudéssemos dizer: “Senhor, que eu te conheça e me conheça”. E assim seguir em frente.
Radio Vaticano