A inveja foi um dos primeiros pecados da humanidade

Dando continuidade à nossa série de estudos sobre os pecados capitais, tomemos conhecimento, agora, sobre o pecado da inveja e o remédio para combatê-la: a benevolência. Professor Felipe Aquino nos ensina que “a inveja é companheira daquele que não suporta o sucesso dos outros nem se conforma em ver alguém melhor do que ele mesmo. O invejoso está sempre com aquelas pessoas soberbas, que querem sempre ser melhores do que os outros em seus negócios e nas suas atividades; fica torcendo pelo mal do outro, e quando este fracassa, diz em seu interior: “bem feito!”.

Santo Agostinho dizia que “a inveja é o pecado diabólico por excelência”. E se referia a ela como “o caruncho da alma, que tudo rói e reduz a pó”. A inveja foi um dos primeiros pecados da humanidade. O Livro do Gênesis nos relata que Caim matou seu irmão Abel por inveja. (Gn 4,8). De lá para os dias atuais, infelizmente, algo de semelhante tem acontecido.

Vale também recordar a inveja dos filhos do Patriarca Jacó. Por inveja, foram capazes de vender seu irmão caçula para os mercadores, que o levaram para o Egito. Jacó amava José mais do que os outros filhos, porque era “o filho da sua velhice ” (Gen 37,3).

Ainda outro relato bíblico para ilustrar a gravidade do pecado da inveja, vale recordar a inveja por parte do Rei Saul em relação a Davi. Depois que Davi venceu o gigante aterrorizante, Golias, todo o povo o aclamava e lhe tinha grande admiração. Diz o relato bíblico que o rei Saul ficou enciumado, a ponto de não mais suportar a presença de Davi. A situação chegou a tal ponto, que o rei procurava Davi para lhe tirar a vida (ISm 18,8;19,1).

O invejoso é infeliz e, além do mais, não gosta de ver a felicidade do outro. Santo Agostinho nos ajuda a entender a gravidade da inveja quando este diz: “Terrível mal da alma, vírus da mente e fulminante corrosivo do coração, é invejar os dons de Deus que o irmão possui, sentir-se desafortunado por causa da fortuna dos outros, atormentar-se com o êxito dos demais, cometer um crime no segredo do coração, entregando o espírito e os sentidos à tortura da ansiedade; destroçar-se com a própria fúria!”.

Percebamos algo de suma importância recordado por Santo Agostinho. Jamais podemos invejar o dom do outro recebido por Deus. Em vez disso, devemos no alegrar pelo dom do irmão. Devemos compreender que o dom que falta em nós é completado pelo dom que existe no outro. A inveja nunca edifica, pelo contrário, mata o que de melhor tem no outro.

A virtude da benevolência

Resta-nos perguntar: o que fazer para combater a inveja de nossa vida? Os padres da Igreja vão ensinar que a virtude oposta à inveja é a benevolência. Concretamente, o que devemos fazer? Ensina o Professor Aquino: “Quando o triste sentimento de inveja quiser se aninhar em nosso coração, é preciso, de imediato, ‘agir-contra’ isto é, reagir com benevolência, desejar o bem da pessoa invejada, fazer o bem a ela e falar bem dela”.

Dizia São Leão Magno que, “quando todos estivermos cheios de sentimentos de benevolência, o veneno da inveja há de desaparecer inteiramente”. O mesmo santo doutor e papa ensinava que ardem de inveja da perfeição dos outros; e, como os vícios desagradam as virtudes, armam-se de ódios contra aqueles cujos exemplos não seguem.

São João Crisóstomo, o grande patriarca e doutor da Igreja, chamado de “boca de ouro”, mostra bem o perigo da inveja para a vida cristã: “Nós nos combatemos mutuamente, e é a inveja que nos arma uns contra os outros. Se todos procurarem, por todos os meios, abalar o Corpo de Cristo, onde acabaremos? Nós estaremos enfraquecendo o Corpo de Cristo. Declaramos devoramos como feras. É acaso por meio de vós que quereis ver Deus glorificado? Pois bem, alegrai-vos com o progresso do vosso irmão e, imediatamente, Deus será glorificado por vós.”

Em suma, ficou claro que o pecado da inveja, se não for arrancado de nosso coração, pode levar a morte do irmão. Portanto, como nos ensinou os santos da Igreja, por meio da benevolência, arranquemos a inveja de nosso coração. Em vez da inveja, possamos cultivar, em nosso coração, a alegria pelo sucesso e pelo o dom dos outros.

Cancão Nova