O casal que ora junto faz frutificar seus talentos e se fortalece espiritualmente

Só Deus é uno, só a Ele pertence o caráter de ser único, portanto, somente Deus pode transmitir a unidade do casal. “Que todos sejam um; como tu ó Pai, estás em mim e eu em ti, que também eles estejam em nós” (Jo 17,22).

Homem e mulher que deixam pai e mãe partem rumo ao belíssimo desafio da vivência da unidade, contam com a graça de estado do matrimônio. “Aquilo que Deus uniu, não o separe o homem” (Mc 10,9).

matrimônio é um sacramento celebrado pelos cônjuges e abençoado pela Igreja na pessoa do sacerdote. Porém, é essencial que ambas as partes, homem e mulher, tomem consciência de que, desde a bênção nupcial, a unidade entre eles se faz perfeita. Percebe-se, então, com clareza, que esse sacramento não é uma sociedade humana, tampouco um reconhecimento, por parte da Igreja, de um casal que já vivia junto e passa a viver sob a bênção de Deus.

Unidade em Deus

Desde o princípio, o homem e a mulher foram criados para serem unidos e viverem o mistério da unidade em Deus. Unidade semelhante àquela vivenciada pela Santíssima Trindade. É a experiência mística de aprender a amar o seu próximo mais próximo, como a si mesmo.

Nesse relacionamento, onde Deus gera a unidade, existe continuamente uma batalha espiritual a dois. Um cônjuge está sempre erguendo o outro no momento de uma possível queda, pois Deus nunca permite que ambos caiam ao mesmo tempo.

Os cônjuges veem a imagem de Jesus Cristo na face um do outro, e assim aprendem a se amar. No entanto, se existe uma batalha espiritual no relacionamento matrimonial, se o inimigo de Deus tenta de todas as maneiras destruir os casamentos, faz-se necessário que os esposos estejam sempre muito bem armados para se defenderem.

No mundo moderno, dificilmente os cônjuges têm a consciência do que é o matrimônio. Normalmente, quando surge uma situação mais difícil ou mesmo uma pequena discordância de ideias, ambos reagem humanamente, tantas vezes assumindo posturas precipitadas, ignorando as armas que Deus põe em suas mãos por ocasião do casamento.

A missão do casal

Os casais têm a missão de fazer seu matrimônio cada vez mais santo. Para que esse objetivo seja atingido, faz-se necessário uma labuta incansável, uma lapidação da pedra bruta, do diamante, para que ele, transformando-se em brilhante, reflita Jesus Cristo para todos os que o cercam e d’Ele têm sede.

A vida espiritual é dinâmica. O Espírito Santo é a espada santa de todo casal. Quantas palavrasincompreendidas e duras podem ser trocadas entre os esposos que ainda não sabem que sua união é sinal vivo e eficaz de Jesus!

Um casal precisa orar junto, tendo em vista o carisma de sua unidade. Homem e mulher, tornados um pelo sacramento do matrimônio, necessitam rezar. Essa oração não pode ser apenas pessoal, ela precisa acontecer no casal. A perfeita unidade da alma e do corpo é cultivada pela oração.

Quantas vezes os casais propagam sua unidade intelectual e de corpos, mas não experimentam ainda a união de suas almas! Uma harmonia perfeita no casamento deve ser fundada, alicerçada em Jesus.

O casal que, reconhecendo sua pequenez enquanto pecadores, mas sua grandeza por sua filiação divina, coloca-se totalmente carente e despojado diante da única e verdadeira fonte de amor e sabedoria lá derrama sua alma, viverá plenamente as graças de sua unidade. “Quando dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles” (Mt 18,20).

A unidade divina do casal

oração do casal leva-o a perceber que seu matrimônio não se situa mais no plano humano. Esse modo de orar aprofunda, pois, a unidade do casal no mistério da unidade divina.

Se a oração do casal é algo tão maravilhoso, frutuoso e que tanto agrada ao coração de Deus, por que não acontece sempre? Muitas vezes, sob a desculpa de sono ou cansaço, os cônjuges são confundidos pelo inimigo de Deus e as justificativas, parecendo legítimas, adiam ou impedem que a graça se derrame mais e mais sobre os esposos.

Um casal unido em Jesus terá uma família fundada na rocha. Satanás tenta impedir essa harmonia. Ao casal cabe enfrentar essa batalha com a Espada Santa do Espírito e prostrar-se diariamente aos pés da cruz do seu Redentor, para clamar por sabedoria e unidade, gemer pela graça de poder perdoar-se mutuamente e, acima de tudo, de se amar de modo verdadeiro.

Os esposos que oram juntos, que recebem a Eucaristia em conjunto, fazem frutificar seus talentos e nutrem-se espiritualmente. Não mais caminharão tendo o mundo e seus valores como modelo, mas sim Cristo, e, com destemor, enfrentarão todas as batalhas e desafios advindos do fato de viverem no mundo sem a ele pertencerem.

Maria Adília Ramos de Castro
Comunidade Shalom

 

Nestes tempos parece que o Grande Acusador está perseguindo os bispos e portanto, para eles é importante recordar que a sua força é ser homens de oração, saber terem sido escolhidos por Deus e permanecer próximos às pessoas.

Na homilia da missa celebrada esta manhã na capela da Casa Santa Marta, o Papa refletiu sobre esse ministério, inspirando-se no Evangelho de Lucas (Lc 6, 12-19) proposto pela liturgia do dia. A passagem narra que Jesus passa a noite em oração, e depois escolhe os Doze Apóstolos – ou seja, os “primeiros bispos” – e então desce para as planícies e está em meio às pessoas que vêm para ouvi-lo e serem curadas de doenças.

Cursos para bispos

Francisco fez esta reflexão sobre a escolha dos bispos como Jesus fez pela primeira vez, também à luz do fato de que, neste período em Roma, estão sendo realizados três cursos para bispos: um de atualização para os bispos que completaram 10 anos de episcopado – concluído nestes dias  – um para 74 bispos que  estão à frente das dioceses de territórios de missão – que portanto fazem referência  à Congregação de Propaganda Fidei – e um com 130-140 bispos que pertencem à Congregação dos Bispos. Portanto, novos bispos: mais de 200 nesses dois cursos.

Homem de oração

O primeiro aspecto fundamental é ser homens de oração. A oração é, de fato, “a consolação que um bispo tem nos momentos difíceis” – observa o Papa – isto é, saber que “neste momento Jesus reza por mim”, “reza por todos os bispos”.

Nessa consciência, o bispo encontra aquela “consolação” e aquela força que o leva por sua vez a rezar por si mesmo e pelo povo de Deus.  Esta é sua primeira tarefa. São Pedro também confirma que o bispo é um homem de oração quando diz: “Para nós, a oração e o anúncio da Palavra”. Ele não diz: “Para nós, a organização dos planos pastorais …”, enfatiza Francisco.

Um homem que se sente escolhido e é humilde

O segundo aspecto que o Papa ressalta é que Jesus escolhe os Doze e o bispo fiel sabe que não foi ele que escolheu:

O bispo que ama Jesus não é um galgador que segue em frente com sua vocação como se fosse uma função, talvez olhando para outra possibilidade de seguir em frente e de subir: não. O bispo se sente escolhido. E ele tem a certeza de ter sido escolhido. E isso o leva ao diálogo com o Senhor: “Você me escolheu, que sou pouca coisa, que sou pecador …”: tem humildade. Porque ele, quando se sente escolhido, sente o olhar de Jesus sobre a própria existência e isso lhe dá força.

Não fica distante das pessoas

Por fim, como Jesus no Evangelho de hoje, o bispo desce a um lugar plano para estar perto do povo e não se afasta:

O bispo que não permanece distante do povo, que não usa atitudes que o levam a estar distante do povo; o bispo que toca as pessoas e se deixa tocar pelas pessoas. Ele não vai procurar refúgio nos poderosos, nas elites: não. Serão as elites que irão criticar o bispo; o povo tem essa atitude de amor para com o bispo, e tem essa  – por assim dizer – esta unção especial: confirma o bispo na vocação.

O Grande Acusador quer escandalizar as pessoas

Várias vezes durante a homilia o Papa reafirma que a força do bispo é precisamente ser “homem de oração”, “homem que se sente escolhido por Deus” e “homem em meio ao povo”:

É bom recordar, nestes tempos, em que parece que o Grande Acusador tenha se soltado e persegue os bispos. É verdade, existem, todos  somos pecadores, nós bispos. Mas, procura desvendar os pecados, para que sejam vistos, para escandalizar as pessoas. O Grande Acusador que, como ele mesmo diz a Deus no primeiro capítulo do Livro de Jó, “vaga pelo mundo procurando como acusar”. A força do bispo contra o Grande Acusador é a oração, aquela de Jesus sobre ele e a própria; e a humildade de sentir-se escolhido e de permanecer próximo ao povo de Deus, sem ir em direção a uma vida aristocrática que lhe tira essa unção.

Rezemos hoje  por nossos bispos: por mim, por estes que estão aqui  e por todos os bispos do mundo.

Radio Vaticano