O Papa Paulo VI faleceu em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração. O Papa Francisco assim recordou dele no Angelus deste domingo:
“Há quarenta anos, o Beato Papa Paulo VI estava vivendo as suas últimas horas nesta terra. Morreu, de fato, na noite de 6 de agosto de 1978. Recordemos dele com muita veneração e gratidão, à espera da sua canonização, em 14 de outubro próximo. Do céu interceda pela Igreja, que tanto amou, e pela paz no mundo. Este grande Papa da modernidade, o saudemos com um aplauso, todos!”.
O processo diocesano para a beatificação de Paulo VI teve início em 11 de maio de 1993, tendo sido beatificado em 19 de outubro de 2014 pelo Papa Francisco. Ele será canonizado em 14 de outubro na Praça São Pedro, durante o Sínodo dedicado aos jovens, ao lado de Dom Óscar Arnulfo Romero, dois sacerdotes italianos, uma religiosa alemã e uma espanhola.
Paulo VI foi o Pontífice que concluiu o Concílio Vaticano II iniciado pelo seu antecessor São João XXIII. É dele a Encíclica Humanae Vitae, publicada em 25 de julho de 1968, que defende a visão tradicional da Igreja sobre métodos anticoncepcionais e aborto. A Encíclica também serviu de base para outros dois documentos do Magistério da Igreja: as Instruções Donum vitaee Dignitas personae, ambas sobre moral sexual e ética reprodutiva.
Dele também são as Encíclicas Populorum Progressio, de 26 de março de 1967, e a Sacerdotalis Caelibatus, de 24 de junho de 1967 e a Carta Apostólica Octogesima Adveniens, 14 de maio de 1971, esta última de natureza social em comemoração aos oitenta anos da Rerum Novarum de Leão XIII.
Paulo VI foi o primeiro Pontífice a visitar os cinco continentes e o primeiro a encontrar-se com o arcebispo de Cantuária e o primeiro, em vários séculos, a encontrar-se com os dirigentes das diversas Igrejas Ortodoxas orientais.
Célebre, o encontro e o abraço ao Patriarca Atenágoras I, no Fanar do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, em 25 de julho de 1967.
Radio Vaticano
Resistir à tentação de “reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões”.
No Angelus deste XVIII Domingo do Tempo Comum, falando aos milhares de fiéis e turistas presentes na Praça São Pedro a uma temperatura de 30ºC, o Papa exortou a “cultivar nossa relação” com Jesus, “fortalecer nossa fé n’Ele, que é o “pão da vida”.
Inspirado no Evangelho de João proposto pela liturgia deste domingo, o Papa recorda que “a Jesus não basta que as pessoas o procurem, ele quer que as pessoas o conheçam; quer que a busca por Ele e o encontro com Ele ultrapasse a satisfação imediata das necessidades materiais”:
“Jesus veio para nos trazer algo mais, a abrir a nossa existência a um horizonte mais amplo em relação às preocupações cotidianas do alimentar-se, vestir-se, da carreira e assim por diante. Por isso, voltando-se a multidão, exclama: «Me buscais não porque vistes sinais, mas porque comestes daqueles pães e vos saciastes»”.
Desta forma, “estimula as pessoas a darem um passo em frente, a interrogarem-se sobre o significado do milagre e não apenas para tirar proveito dele”.
O milagre da multiplicação dos pães e dos peixes – explicou Francisco – “é sinal do grande dom que o Pai deu à humanidade, que é o próprio Jesus!”:
“Ele, verdadeiro “pão da vida”, quer saciar não apenas os corpos, mas também as almas, dando o alimento espiritual que pode satisfazer a fome mais profunda. Por isso convida a multidão a procurar não a comida que não dura, mas aquela que permanece para a vida eterna. Trata-se de um alimento que Jesus nos dá todos os dias: sua Palavra, seu Corpo, seu Sangue”.
Também nós – como a multidão na época – ouvimos o convite de Jesus, mas não entendemos seu significado. As pessoas pensam que Jesus pede a elas “para observarem os preceitos para obter outros milagres, como a multiplicação dos pães”:
“É uma tentação comum, esta, de reduzir a religião somente à prática das leis, projetando em nossa relação com Deus a imagem da relação entre os servos e seus patrões: os servos devem executar as tarefas que o patrão determinou, para ter a sua benevolência. Isto o sabemos todos”.
À multidão que quer saber de Jesus que ações deve fazer para agradar a Deus, Jesus dá uma resposta inesperada: “A obra de Deus é que vocês acreditem naquele que ele enviou”:
“Essas palavras são dirigidas também a nós hoje: a obra de Deus não consiste tanto no “fazer” coisas, mas em “crer” n’Aquele que Ele enviou. Isto significa que a fé em Jesus nos permite realizar as obras de Deus. Se nos deixarmos envolver nesta relação de amor e confiança com Jesus, poderemos fazer boas obras que perfumam de Evangelho, pelo bem e às necessidades dos irmãos”.
E se é importante preocupar-nos com o pão – disse o Papa – mais importante ainda “é cultivar nossa relação com Ele, fortalecer nossa fé n’Ele, que é o “pão da vida”, vindo para saciar a nossa fome de verdade, a nossa fome de justiça, a nossa fome de amor”.
“Que a Virgem Maria – disse ao concluir – no dia em que recordamos a dedicação da Basílica de Santa Maria Maior – a Salus populi romani – em Roma, nos sustente em nosso caminho de fé e nos ajude a nos abandonarmos com alegria ao plano de Deus para nossas vidas”.
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