O sacerdócio e seu ministério

Pensando neste mistério de vocação, que é o sacerdócio, imediatamente penso para que essa vocação foi feita. O sacerdócio foi feito para a Eucaristia. O padre existe para a Eucaristia e ambos existem para a salvação do povo.

Jesus, com o coração mais generoso que a face da terra já viu, deu-nos dois grandes presentes. Na última ceia, antecipando a Sua doação total, mesmo diante da traição e do mistério de dor pelo qual teria de passar para salvar o mundo das trevas do pecado e da morte, entrega aos discípulos o sacramento do amor: a Eucaristia.

“A Santíssima Eucaristia é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada homem. Nesse sacramento admirável, manifesta-se o amor maior: o amor que leva a dar a vida pelos amigos” (Bento XVI).

O sacerdócio e a Eucaristia nascem do mesmo lugar, das fontes misericordiosas do Coração de Jesus. Nesse mesmo dia, o Mestre “divide” o Seu sacerdócio com os apóstolos e faz deles ministros do sacramento do amor, ministros do perdão e da misericórdia. O vínculo intrínseco entre a Eucaristia e o sacramento da ordem é deduzido das próprias palavras de Jesus no cenáculo: “fazei isso em memória de mim” (Lucas 22,19). Nós sacerdotes usamos as mesmas palavras de Jesus quando instituiu o mistério de amor, porque somos os primeiros a estar no lugar de Cristo Jesus para a salvação do mundo. Portanto, o sacerdócio é um movimento divino do amor de Deus Pai, que continua agindo em Sua Igreja em todo tempo e o tempo todo. Onde existe um sacerdote, há a possibilidade do amor e da misericórdia de Deus se manifestarem pelo homem.

Testemunho

O lema do meu sacerdócio é: “Tudo posso naquele que me dá força” (Filipenses 4,13). A força do meu sacerdócio não vem de mim mesmo, mas a força do sacerdote vem da fonte pela qual ele oferece todos os dias torrentes de Água Viva ao povo fiel e sedento desse amor, que é Jesus. Eu busco a força para exercer minha vida como ministro desse sacramento nas palavras que eu dirijo todos os dias ao Pai: “Tomai e comei, isto é o meu corpo; tomai e bebei isto é o meu sangue, sangue da nova e eterna aliança, para a remissão dos pecados, fazei isto em memória de mim!”. As mesmas palavras de Cristo são fonte de vida, de salvação, em primeiro lugar, para mim, alimento substancioso para a minha intimidade com o Senhor e para servir ao povo de Deus, que procura, no sacerdote, não ele mesmo, mas Jesus Cristo, o seu Salvador.

O saudoso Papa João Paulo II disse para os sacerdotes, em sua última carta, na Quinta-feira Santa de 2005: “O povo tem o direito de ver Jesus Cristo na pessoa do sacerdote”. Essas palavras do Santo Padre ficaram gravadas em minha alma como uma missão, apesar de ser pecador e cheio de limitações como todo homem, eu não sou um homem comum, eu sou ministro do sacramento do amor e da misericórdia. Cristo, hoje e na última ceia, depôs-se do manto, sinal de Sua dignidade de Senhor, de Rei, para servir aos discípulos, para lavar os seus pés; esse gesto de humildade revela o caminho que o discípulo deve seguir: imitar o Mestre. “Compreendeis o que acabo de fazer? Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais à mesma coisa que eu fiz. Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (cf. Jo13, 1-15). Aos sacerdotes, hoje, felicidades, força, e que eles saibam que não estão sozinhos, pois disse o Senhor: “Eu estarei convosco todos os dias, até o final dos tempos!”

Oração

Oração: Jesus sumo e eterno Sacerdote, dai-me a graça como padre de viver como o Senhor viveu e ser para o Vosso povo sinal vivo de Vossa misericórdia. Maria, Mãe dos sacerdotes, quero sempre estar sobre os teus cuidados na proteção do teu manto de mãe, pois sou o teu filho predileto. Quero estar imerso nestes dois mistérios para os quais eu fui feito: sacerdócio e Eucaristia, para que eu seja ponte para os meus irmãos do Amor misericordioso de Deus. Dá-me a graça da fidelidade de Cristo.

Eu sou feliz e realizado em minha vocação como sacerdote.

Radio Vaticano

Theodore McCarrick, 88 anos, arcebispo emérito de Washington, não é mais cardeal. “Papa Francisco – informa a Sala de Imprensa do Vaticano – aceitou sua renúncia” e “ordenou sua suspensão do exercício de qualquer ministério público, juntamente com a obrigação de permanecer em uma casa que lhe será indicada, para uma vida de oração e de penitência, até que as acusações feitas contra ele sejam esclarecidas pelo processo canônico regular”.

A carta com a qual McCarrick “apresentou a renúncia como membro do Colégio dos Cardeais” chegou às mão do Papa Francisco na noite de sexta-feira, 27.

Acusações credíveis e fundadas

No mês passado, o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, seguindo as instruções do Papa Francisco, já havia dado instruções para que o cardeal McCarrick não exercesse mais publicamente seu ministério sacerdotal.

A decisão seguiu-se às conclusões de uma Comissão da Arquidiocese de Nova York, que havia definido como “credíveis e fundadas” as alegações contra McCarrick sobre abusos por ele cometidos contra um menor, há mais de 45 anos, quando era sacerdote em Nova York. McCarrick aceitou a decisão dizendo que era inocente.

Card. O’Malley: comportamento incompatível com o papel de padre, bispo ou cardeal

Nos dias passados, o cardeal Sean Patrick O’Malley, arcebispo de Boston e presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores, disse estar chocado com as notícias sobre McCarrick, que também foi acusado de comportamento sexual inadequado com adultos.

“Essas presumíveis ações ” – disse O’Malley em um comunicado – “são moralmente inaceitáveis ​​e incompatíveis com o papel de padre, bispo ou cardeal”. “Esses e outros casos exigem mais do que um pedido de desculpas” – sublinhou  – observando que “quando são feitas acusações contra um bispo ou um cardeal, ainda há uma grande lacuna nas políticas da Igreja sobre comportamento e abuso sexual”.

A Igreja nos Estados Unidos adotou uma política de “tolerância zero” em relação ao abuso sexual de menores por padres, mas são necessários “procedimentos mais claros para os casos envolvendo bispos”.

Radio Vaticano