Há uma imensidão de pessoas sedentas de presenciar milagres em suas vidas
Num ciclo de 24 horas, presenciamos a repetição do amanhecer e do anoitecer. Lentamente, a escuridão, que repousava sobre a terra, rasga o véu para os primeiros raios de sol do novo dia. Pode-se ter a impressão de que esse movimento é uma eterna repetição, mas, por meio da solidariedade da noite, em ceder parte das horas do dia para sol, é que acontece o milagre do amanhecer.
Imagina-se que para que aconteçam milagres sejam necessários movimentos de nuvens em redemoinhos ou que a luz do sol escureça e um grande trovão sacuda a terra. Entretanto, quando menos se espera, em meio aos acontecimentos, surge o que mudaria suavemente a direção das coisas.
É a nobreza da solidariedade que produz o milagre de um novo dia em nossa vida.
O milagre para um paralítico aconteceu quando alguns de seus amigos resolveram descê-lo, através de um buraco aberto no telhado, junto a Jesus (cf. Lucas 5, 17-20). Muitos outros poderão acontecer minimizando a fome, o frio, a discriminação social, a inimizade, guerras e perseguições, quando a virtude da solidariedade emergir em nós.
Há uma imensidão de pessoas sedentas de presenciar milagres na vida delas. Outras tantas desejam ser objeto dessa graça, de Deus; contudo, poucas desse universo estão dispostas a se solidarizarem em seus conceitos com as demais.
O milagre da ressurreição em nossa vida poderá acontecer quando decidirmos ceder ou reavaliar aquilo que fixamos como “meu fundamento”, “minha verdade”, “meu jeito” etc. Do contrário, a luz da alegria em nossa convivência não poderá atingir as sombras que ofuscam o brilho de nossa alma.
Qual seria o milagre desejado por aqueles que estivessem se afogando? Não seria o socorro de um salva-vidas o objeto de seu desejo? E para aqueles infelizes, que não estão presentes no mundo, mas já estão na lista dos condenados à morte ainda no ventre materno, não seria a própria vida o seu maior milagre?
O milagre que estamos necessitando, no dia de hoje, está na disposição de viver a graça do momento presente. Esse poderá depender da solidariedade que carece nas nossas convivências particulares.
Deus abençoe seu dia.
Canção Nova
Ser sal e luz para os outros, sem se atribuir méritos. Este é o simples testemunho cotidiano ao qual o cristão é chamado: palavras pronunciadas pelo Papa Francisco na homilia da missa celebrada na terça-feira (12/06) na capela da Casa Santa Marta.
O simples testemunho habitual
O maior testemunho do cristão é dar a vida como fez Jesus, isto é, o martírio. Mas há também outro testemunho, de todos os dias, que começa pela manhã quando se acorda, e termina à noite, quando se vai dormir: “o simples testemunho habitual”.
Sal e luz
“Parece pouco”, mas o Senhor “com pouco faz milagres, faz maravilhas”, afirmou Francisco. Portanto, é preciso ter uma atitude de “humildade”, que consiste em tentar ser somente sal e luz:
Sal para os outros, luz para os outros, porque o sal não dá sabor a si mesmo, sempre a serviço. A luz não ilumina si mesma, sempre a serviço. Sal para os outros. Pouco sal que ajuda nas refeições, mas pouco. No supermercado, o sal não é vendido em toneladas, não… Pequenos pacotes; é suficiente. E depois, o sal não se orgulha de si mesmo porque não está a serviço de si mesmo. Está sempre ali para ajudar os outros: ajudar a preservar as coisas, a dar sabor às coisas. Simples testemunho.
Nenhum mérito
Portanto, reiterou o Papa, ser cristão de todos os dias significa ser luz “para as pessoas, para ajudar nas horas de escuridão”:
O Senhor nos diz assim: “Você é sal, você é luz”- “Ah, verdade! Senhor, é assim. Vou atrair tantas pessoas para a igreja e farei…” – “Não, você vai fazer de modo que os outros vejam e glorifiquem o Pai. E não será atribuído a você nenhum mérito. Quando comemos não dizemos: “Ah, bom o sal!”, Não!: “Bom o macarrão, boa a carne, boa …”. Não dizemos: “Que bom o sal”. À noite, quando vamos para casa, não dizemos: “Que boa a luz”, não. Ignoramos a luz, mas vivemos com aquela luz que ilumina. Esta é uma dimensão que faz com que nós cristãos sejamos anônimos na vida.
“Não somos protagonistas dos nossos méritos”, destacou ainda o Papa, reiterando que não é preciso fazer como o fariseu, que agradece ao Senhor pensando ser santo:
E uma bela oração para todos nós, no final do dia, seria se perguntar: “Fui sal hoje? Fui luz hoje?”. Esta é a santidade de todos os dias. Que o Senhor nos ajude a entender isso.
Radio Vaticano