FOTO: Papa na varanda central da Basílica São Pedro / VATICAN NEWS
Exortação ao diálogo e pedidos de frutos de paz para o mundo inteiro, a começar pela “martirizada Síria”, Terra Santa, continente africano, península coreana, Ucrânia, Venezuela, as crianças e os idosos.
Os dramas vividos por milhões de pessoas em cada uma destas partes do globo foram recordados pelo Papa Francisco em sua mensagem Urbi et Orbi na Páscoa da Ressurreição. Mas mesmo diante disto, existe a esperança, pois “a morte, a solidão e o medo não têm a última palavra”.
Jesus, Morto pelo pecado do mundo, permaneceu dois dias no sepulcro, mas na sua morte estava contido todo o poder do amor de Deus, e “nós cristãos, acreditamos e sabemos que a ressurreição de Cristo é a verdadeira esperança do mundo, aquela que não desilude”, disse o Santo Padre:
“É a força do grão de trigo, a do amor que se humilha e oferece até ao fim e que verdadeiramente renova o mundo. Esta força dá fruto também hoje nos sulcos da nossa história, marcada por tantas injustiças e violências. Dá frutos de esperança e dignidade onde há miséria e exclusão, onde há fome e falta trabalho, no meio dos deslocados e refugiados – frequentemente rejeitados pela cultura atual do descarte – das vítimas do narcotráfico, do tráfico de pessoas e da escravidão dos nossos tempos”.
Síria
Ao recordar da “amada e martirizada Síria, cuja população está exausta por uma guerra que não vê fim”, o Pontífice pediu que “a luz de Cristo Ressuscitado ilumine as consciências de todos os responsáveis políticos e militares, para que coloquem fim imediatamente ao extermínio em andamento”, respeitando o direito humanitário e facilitando o acesso das ajudas humanitárias aos “nossos irmãos e irmãs que têm necessidade urgente” e assegurando condições adequadas para o retorno dos deslocados.
Terra Santa
O Papa desejou “frutos de reconciliação” para o Iêmen, o Oriente Médio, para a Terra Santa – “também nestes dias ferida por conflitos” que não poupam os inocentes – pedindo que “o diálogo e o respeito recíproco prevaleçam sobre as divisões e sobre a violência” e que “nossos irmãos em Cristo, que não raro sofrem abusos e perseguições, possam ser testemunhos luminosos do Ressuscitado e da vitória do bem sobre o mal”.
África
“Frutos de esperança” foi a súplica do Santo Padre pelas populações do continente africano que anseiam por uma vida mais digna, em particular nas áreas afetadas “pela fome, por conflito endêmicos e pelo terrorismo”.
Neste continente, o Papa citou o Sudão do Sul, pedindo que “a paz do Ressuscitado cure as feridas, abra os corações ao diálogo e à compreensão recíproca”.
“Não esqueçamos as vítimas deste conflito, especialmente as crianças!” sublinhou, pedindo que “não falte a solidariedade às pessoas obrigadas a abandonaram as próprias terras “e privadas do mínimo necessário para viver”.
Península coreana
“Frutos de diálogo” foi o que implorou o Santo Padre para a Península coreana, para que os colóquios em andamento “promovam a harmonia e a pacificação da região”, e que os responsáveis diretos “ajam com sabedoria e discernimento” para promover o bem do povo coreano.
Ucrânia
“Frutos de paz”, com o fortalecimento dos passos em direção à concórdia e a facilitação para as iniciativas humanitária em favor das populações necessitadas foi o desejo de Francisco para a Ucrânia.
Venezuela
Para o povo venezuelano o Pontífice suplicou “frutos de consolação”, recordando a mensagem do episcopado local que afirmava que no país se vive uma espécie de “terra de ninguém”.
Assim, Francisco pede que “pela força da Ressurreição do Senhor Jesus” possa ser encontrado “o caminho justo, pacífico e humano para sair o mais rápido possível da crise política e humanitária” e que “não faltem acolhida e assistência àqueles, entre os seus filhos, são obrigados a abandonar o próprio país”.
Crianças e idosos
O Papa pediu “frutos de vida nova” para as crianças, “que devido às guerras e à fome, crescem sem esperança, privadas de educação e de assistência sanitária” e também pelos idosos “descartados pela cultura egoísta, que deixa de lado quem não é “produtivo””.
Por fim, o pedido de “frutos de sabedoria” por aqueles que têm responsabilidades políticas, para que “respeitem sempre a dignidade humana” e que estejam a serviço “do bem comum”, assegurando “desenvolvimento e segurança aos próprios cidadãos”.
Recordando que “a morte, a solidão e o medo não têm a última palavra”, e que a força do amor de Deus “derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos, dissipa o ódio, quebra a dureza dos poderosos, promove a concórdia e a paz”, o Papa Francisco desejou a todos “Boa Páscoa”.
Ao final, o Santo Padre concedeu a todos a Bênção Pascal com a Indulgência Plenária, segundo a forma estabelecida pela Igreja:
Bênção Urbi et Orbi
Ao final, o Santo Padre concedeu a todos a Bênção Urbi et Orbi, cuja fórmula em latim é a seguinte:
Sancti Apostoli Petrus et Paulus: de quorum potestate et auctoritate confidimus ipsi intercedant pro nobis ad Dominum.
R: Amen.
Precibus et meritis beatæ Mariae semper Virginis, beati Michaelis Archangeli, beati Ioannis Baptistæ, et sanctorum Apostolorum Petri et Pauli et omnium Sanctorum misereatur vestri omnipotens Deus; et dimissis omnibus peccatis vestris, perducat vos Iesus Christus ad vitam æternam.
R: Amen.
Indulgentiam, absolutionem et remissionem omnium peccatorum vestrorum, spatium verae et fructuosae poenitentiæ, cor semper penitens, et emendationem vitae, gratiam et consolationem Sancti Spiritus; et finalem perseverantiam in bonis operibus tribuat vobis omnipotens et misericors Dominus.
R: Amen.
Et benedictio Dei omnipotentis, Patris et Filii et Spiritus Sancti descendat super vos et maneat semper.
R: Amen.
Radio Vaticano
FOTO: VATICAN NEWS
O Papa Francisco presidiu a Missa da Páscoa da Ressurreição na Praça São Pedro, não seguindo nenhum texto em sua homilia, mas falando brevemente e de forma espontânea.
“Depois de ouvir a Palavra de Deus, desta passagem do Evangelho, me vem o desejo de dizer três coisas.
Primeiro: o anúncio. Há um anúncio lá: o Senhor ressuscitou. Esse anúncio que desde os primeiros tempos dos cristãos ia de boca em boca; era a saudação: o Senhor ressuscitou. E as mulheres ali, que foram para ungir o corpo do Senhor, tiveram uma surpresa. A surpresa … os anúncios de Deus são sempre surpresas, porque o nosso Deus é o Deus das surpresas.
E assim, desde o início da história da salvação, de nosso pai Abraão, Ele te surpreende: “Mas vai, vai, sai, deixa a tua terra e vai”. E sempre há uma surpresa atrás da outra. Deus não sabe fazer um anúncio sem nos surpreender.
E a surpresa é aquilo que te move o seu coração, que te toca exatamente ali onde menos esperavas. Para dizer um pouco com a linguagem dos jovens: a surpresa é um golpe baixo; você não espera por isso. E ele vai e comove você. Primeiro: anúncio como surpresa.
Segundo: a pressa. As mulheres correm, se apressam para dizer: “Mas, nós encontramos isso!”.
As surpresas de Deus nos colocaram em caminho, imediatamente, sem esperar. Então correm para ver. E Pedro e João correm. Os pastores, naquela noite de Natal, correm: “Vamos a Belém para ver o que os anjos nos disseram”.
E a mulher samaritana corre para dizer às pessoas: “Esta é uma novidade: encontrei um homem que me contou tudo o que fiz”. E as pessoas sabiam as coisas que ela tinha feito.
E essas pessoas correm, deixam o que estão fazendo, até mesmo a dona de casa deixa as batatas na panela – ela vai achá-las queimadas – mas o importante é ir, correr, para ver aquela surpresa, esse anúncio.
Ainda hoje acontece. Nos nossos bairros, nos povoados, quando algo extraordinário acontece, as pessoas correm para ver. Vão com pressa. André não perdeu tempo e apressou-se a ir a Pedro para lhe dizer: “Encontramos o Messias”.
As surpresas, as boas novas, são dadas sempre assim: com pressa. No Evangelho há alguém que leva algum tempo; ele não quer arriscar. Mas o Senhor é bom, esperando por ele com amor: Tomé. “Eu vou acreditar quando eu ver as feridas”. Até mesmo o Senhor tem paciência com aqueles que não vão tão rápido.
O anúncio-surpresa, a resposta rápida e a terceira que eu gostaria de fazer a vocês hoje é uma pergunta:
“E eu que? Meu coração está aberto às surpresas de Deus, consigo ir com pressa ou sempre com aquela cantilena: “Mas amanhã verei, amanhã, amanhã …?”.
(…) O que me diz a surpresa? João e Pedro correram para o túmulo. De João o Evangelho nos diz: “Acredite”. Também Pedro: “Acredite”, mas a seu modo, com fé um pouco misturada com o remorso de ter renegado o Senhor.
Radio Vaticano
FOTO: VATICAN NEWS / Papa Francisco na Vigília Pascal
O Papa Francisco presidiu na Basílica Vaticana na noite deste Sábado Santo, à solene celebração da grande Vigília Pascal.
Durante a celebração foram batizados oito catecúmenos, provenientes da Albânia, Itália, Peru, Nigéria e Estados Unidos.
A cerimônia teve início no átrio da Basílica, com a celebração da Luz, a bênção do fogo e a preparação do Círio Pascal.
Após a procissão até ao altar da Cátedra, Francisco proclamou solenemente o anúncio da Ressurreição do Senhor, enquanto fiéis, com velas acesas, o acompanhavam o Canto Exultet.
A seguir, com o Canto do Glória e a Liturgia da Palavra, o Santo Padre continuou o rito da Vigília Pascal com a celebração da Santa Missa, durante a qual pronunciou sua homilia.
Francisco partiu do significado da rito pascal, comentando o silêncio dos discípulos de Jesus, pela condenação à morte do seu Senhor, diante da qual ficaram sem palavras, por causa das injustiças, calúnias e falsos testemunhos.
Durante as horas difíceis e dolorosas da Paixão, os discípulos experimentaram, de forma dramática, a sua incapacidade de arriscar e de defender o Mestre, a ponto de renegá-lo e fugir. E o Papa explicou:
“Esta é a noite do silêncio do discípulo que se sente enrijecido e paralisado, sem saber para onde ir diante de tantas situações dolorosas que o oprimem e envolvem. É o discípulo de hoje, emudecido diante de uma realidade que se lhe impõe, diante da qual acredita que nada se pode fazer para vencer as tantas injustiças. O discípulo fica perplexo, emudecido e ofuscado. Em meio aos nossos silêncios, as pedras começam a gritar”.
De fato, disse Francisco, a pedra do sepulcro gritou e, com o seu grito, anunciou a todos um novo percurso: o triunfo da Vida! Ela foi a primeira a entoar um canto de louvor e entusiasmo, de júbilo e esperança, do qual, hoje, todos participamos.
Com as mulheres, discípulas de Jesus, somos chamados, hoje, a contemplar o túmulo vazio e ouvir as palavras do anjo: «Não tenhais medo! Ele ressuscitou!»:
“O túmulo vazio quer desafiar, mover, interpelar, mas, sobretudo, encorajar-nos a crer e confiar que Deus se faz presente em qualquer situação e em qualquer pessoa. Cristo Ressuscitou da morte! A expectativa das mulheres nos tornam partícipes da obra de salvação. O anúncio da Ressurreição sustenta a nossa esperança, transforma as nossas ações, renova a nossa fé, ressurge a nossa esperança cristã”.
A pedra do sepulcro – concluiu Francisco – desempenhou o seu papel e as mulheres fizeram a sua parte. Agora, o convite é dirigido a nós:
“Convite a quebrar os hábitos rotineiros, renovar a nossa vida, as nossas escolhas e a nossa existência; convite que nos é dirigido na situação em que nos encontramos, naquilo que fazemos e somos; com a «quota de poder» que temos. Queremos participar neste anúncio de vida ou ficaremos mudos perante os acontecimentos?”.
“Não está aqui, ressuscitou! – exclamou o Papa ao concluir. E espera por ti na Galileia, convida-te a voltar ao tempo e lugar do primeiro amor, para te dizer: «Não tenhas medo, segue-Me»”.