“Queridos jovens, o coração da Igreja é jovem precisamente porque o Evangelho é como uma linfa vital que a regenera continuamente”: foi o que disse o Papa Francisco nesta manhã de segunda-feira (19/3) na abertura da reunião pré-sinodal em Roma que se realiza no Pontifício Colégio Internacional “Maria Mater Ecclesiae”.

300 jovens

São cerca de 300 os jovens dos 5 continentes, de várias religiões e também ateus, que participam a partir de hoje até sábado da reunião pré-sinodal. Neste encontro, eles serão ouvidos e suas colaborações utilizadas para preparar o Sínodo, cujo tema será “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Quem não pôde vir a Roma pôde participar ‘on line’ em seus grupos linguísticos (português, inglês, espanhol, francês, italiano e alemão), que foram moderados por outros jovens. No dia de hoje são mais 15 mil os jovens colegados via internet em todas as partes do mundo.

O Sínodo de outubro se ocupará dos problemas dos jovens e buscará adequar sua linguagem ao uso das novas tecnologias para aproximar-se a eles, segundo o documento preparatório divulgado em 2017.

Falar com coragem

Falem com coragem, digam o que vocês gostariam de dizer. Se alguém se sentir ofendido, peçam perdão e continuem…” Foi a exortação do Papa Francisco dirigida aos jovens, no início do seu discurso depois da saudação do cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do Sínodo dos Bispos.

Depois de dar as boas-vindas o Papa agradeceu aos jovens por terem aceitado o convite para participar do encontro; “alguns de vocês tiveram que fazer uma longa viagem, disse. “Vocês vieram de muitas partes do mundo e trazem com vocês uma grande variedade de povos, culturas e até mesmo religiões: vocês não são todos católicos e cristãos, nem todos são crentes, mas vocês certamente estão animados pelo desejo de dar o melhor de vocês”.

Precisamos de vocês

O Papa recordou que eles foram convidados como representante dos jovens de todo o mundo porque a contribuição deles é indispensável. “Precisamos de vocês para preparar o Sínodo que em outubro reunirá os Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Em muitos momentos da história da Igreja, bem como em inúmeros episódios bíblicos, Deus quis falar através do mais jovens: penso, por exemplo, em Samuel, Davi e Daniel. Tenho confiança, disse o Papa, acredito que nestes dias também falará através de vocês.

O Papa Francisco no seu discurso aos jovens afirmou que frequentemente se fala sobre os jovens sem questioná-los. Mesmo as melhores análises sobre o mundo juvenil, embora sejam úteis, não substituem a necessidade do encontro face a face. Alguém pensa que seria mais fácil manter vocês “a uma distância segura” para que não sejam provocados por vocês.

Os jovens devem ser levados a sério, disse o Papa! Parece-me que estamos rodeados por uma cultura que, por um lado, idolatra a juventude, tentando não deixá-la passar jamais, de outro, exclui tantos jovens de serem protagonistas. Muitas vezes vocês são marginalizados da vida pública e se encontram a mendigar ocupações que não lhes garantem um futuro. Frequentemente são deixados sozinhos.

A vontade da Igreja de ouvir todos os jovens

“Na Igreja, não deve ser assim, afirmou Francisco. O Evangelho nos pede: a sua mensagem de proximidade convida a nos encontrarmos e nos confrontarmos, a nos acolhermos e nos amarmos seriamente, a caminhar juntos e a partilhar sem medo. Esta reunião pré-sinodal quer ser um sinal de algo muito grande: a vontade da Igreja de ouvir todos os jovens, ninguém excluído”.

O próximo Sínodo se propõe, em particular, desenvolver as condições para que os jovens sejam acompanhados com paixão e competência no discernimento vocacional, isto é, no “reconhecer e acolher o chamado ao amor e à vida em plenitude”. “Esta é a certeza básica: Deus ama cada um e a cada um faz pessoalmente um chamado. É um presente que, quando é descoberto, enche de alegria. Estejam certos: Deus tem confiança em vocês, ele os ama e os chama”.

Deus nunca abandona disse o Papa, porque Ele é fiel e crê realmente em vocês. Ele faz a vocês a pergunta que um dia Ele fez aos primeiros discípulos: “O que vocês estão procurando?”. Ele convida vocês0 a partilhar a busca da vida com Ele, a caminhar juntos. E nós, como Igreja, desejamos fazer o mesmo, porque não podemos deixar de partilhar com entusiasmo a busca pela verdadeira alegria de cada um; e não podemos conservar apenas para nós Quem mudou nossas vidas: Jesus. Seus coetâneos e seus amigos, mesmo sem saber disso, esperem por Ele e pelo seu anúncio de salvação.

Renovado dinamismo juvenil

O próximo Sínodo – disse Francisco – será também um apelo à Igreja, para que redescubra “um renovado dinamismo juvenil”. O Papa confidenciou que leu alguns e-mails do questionário colocado na internet pela Secretaria do Sínodo e disse que ficou impressionado com o apelo lançado por vários jovens, que pedem aos adultos que estejam próximos a eles e de ajudá-los a fazer escolhas importantes. Uma jovem observou que aos jovens faltam pontos de referência e que ninguém os encoraja a ativar os recursos que possuem. Então, ao lado dos aspectos positivos do mundo juvenil, ela destacou os perigos, entre os quais o álcool, as drogas, uma sexualidade vivida de modo consumista. E concluiu quase com um grito: “Ajudem o nosso mundo juvenil que se desmorona cada vez mais”. Não sei se o mundo juvenil se desmorona cada vez mais. Mas eu sinto – disse o Papa – que o grito dessa jovem é sincero e requer atenção. Também na Igreja devemos aprender novas formas de presença e proximidade. A este respeito, um jovem relatou com entusiasmo a sua participação em alguns encontros com essas palavras: “O mais importante foi a presença de religiosos entre nós jovens como amigos que nos ouvem, nos conhecem e nos aconselham”.

O Papa recordou então a Mensagem aos jovens do Concílio Vaticano II. É também hoje um incentivo para lutar contra todo egoísmo e a construir com coragem um mundo melhor. É um convite a buscar novos caminhos e a percorrê-los com coragem e confiança, mantendo o olhar fixo em Jesus e abrindo-se ao Espírito Santo, para rejuvenescer o próprio rosto da Igreja. Porque é em Jesus e no Espírito que a Igreja encontra a força para sempre se renovar, fazendo uma revisão da vida em seu modo de ser, pedindo perdão por suas fragilidades e inadequações, não poupando as energias para se colocar a serviço de todos, com a única intenção de ser fiel à missão que o Senhor lhe confiou: viver e proclamar o Evangelho.

Jovens, o coração da Igreja

“Queridos jovens, o coração da Igreja é jovem precisamente porque o Evangelho é como uma linfa vital que a regenera continuamente. Cabe a nós ser dóceis e cooperar nesta fecundidade. Nós o fazemos também neste caminho sinodal, pensando na realidade dos jovens em todo o mundo. Temos necessidade de recuperarmos o entusiasmo da fé e o gosto da busca. Precisamos encontrar novamente no Senhor a força para nos levantarmos das falências, de avançar, de fortalecer a confiança no futuro. Precisamos ousar novos caminhos, mesmo que isso envolva riscos. Devemos arriscar, porque o amor sabe arriscar; sem arriscar, um jovem envelhece, e a Igreja também envelhece. Portanto, precisamos de vocês, pedras vivas de uma Igreja com um rosto jovem, mas não maquiado: não artificialmente rejuvenescido, mas reavivado de dentro. E vocês nos provocam a sair da lógica do “sempre se fez assim” para permanecer de forma criativa nas pegadas da autêntica tradição.

O Papa concluiu suas palavras convidando os jovens, nesta semana, a se exprimirem com franqueza e em toda liberdade. Vocês são protagonistas e é importante que vocês falem abertamente. Garanto que sua contribuição será levada a sério.

Radio Vaticano

O Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo (18/03), com os fiéis e peregrinos de várias partes do mundo, presentes na Praça São Pedro.

O Evangelho deste domingo, narra o episódio ocorrido nos últimos dias da vida de Jesus que se encontra em Jerusalém para a festa da Páscoa judaica.

Alguns gregos também participaram desta celebração ritual. “Trata-se de homens animados por sentimentos religiosos, atraídos pela fé do povo judeu e que, tendo ouvido falar desse grande profeta, se aproximam de Filipe, um dos doze apóstolos, e lhe dizem: ‘Queremos ver Jesus’”.
Chegar ao coração
“João ressalta esta frase, centrada no ver, que no vocabulário do evangelista significa ir além das aparências para entender o mistério de uma pessoa. O verbo que João usa “ver” significa chegar ao coração, chegar com os olhos, com o entendimento até o íntimo da pessoa, dentro da pessoa”, disse o Papa.

“A reação de Jesus é surpreendente. Ele não responde com um sim ou com um não, mas diz: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado.” Estas palavras, que à primeira vista parecem ignorar a pergunta dos gregos, na realidade dão a verdadeira resposta, porque quem quer conhecer Jesus deve olhar dentro da cruz, onde sua glória é revelada. Olhar dentro da cruz.”

“ O Evangelho de hoje nos convida a dirigir o nosso olhar ao crucifixo, que não é um objeto de decoração ou o acessório de uma roupa, às vezes abusado! ”

“Mas, um sinal religioso a ser contemplado e compreendido. Na imagem de Jesus crucificado se revela o mistério da morte do Filho como supremo ato de amor, fonte de vida e salvação para a humanidade de todos os tempos. Em suas chagas fomos curados”.

Sabedoria da cruz

“Posso pensar: como eu olho o crucifixo? Como uma obra de arte, para ver se é bonito ou feio? Eu o olho de dentro, entro nas chagas de Jesus até o seu coração? Olho o mistério do Deus que se aniquilou até a morte, como um escravo, como um criminoso? Não se esqueçam disso: olhar o crucifixo, mas olhá-lo dentro.”

“Existe a devoção bonita de rezar um Pai-Nosso numa das cinco chagas: quando rezamos este Pai-Nosso, procuremos entrar dentro das chagas de Jesus, em seu coração.”

“ Ali, aprenderemos a grande sabedoria do mistério de Cristo, a grande sabedoria da cruz. ”

Para explicar o significado de sua ressurreição, Jesus usa uma imagem e diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só; mas se morre, então produz muito fruto.”

Resgatar os homens

“Ele quer deixar claro que o seu evento extremo, ou seja, a cruz, morte e ressurreição, é um ato de fecundidade, as suas chagas nos curaram. Uma fecundidade que dará fruto para muitos. Assim, ele se compara ao grão de trigo que morrendo na terra gera vida nova.”

“Com a encarnação, Jesus veio ao mundo; mas isso não basta: Ele deve também morrer para resgatar os homens da escravidão do pecado e dar-lhes uma nova vida reconciliada no amor. Eu disse para resgatar os homens: para me resgatar, resgatar você, todos nós, cada um de nós. Ele pagou esse preço. Este é o mistério de Cristo. Vai às suas chagas, entra e contempla. Veja Jesus de dentro.”

Dinamismo do grão de trigo

Segundo o Papa, “este dinamismo do grão de trigo, realizado em Jesus, também deve ser realizado em nós seus discípulos”.

“ Somos chamados a fazer nossa esta lei pascal de perder a vida para recebê-la nova e também eterna. ”

Então Francisco perguntou: “O que significa perder a vida? O que significa ser um grão de trigo? Significa pensar menos em si mesmos, nos interesses pessoais, e saber “ver” e ir ao encontro das necessidades de nosso próximo, especialmente dos últimos.”

“Realizar com alegria obras caritativas aos que sofrem no corpo e no espírito é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e no acolhimento recíproco. Quero ver Jesus, mas vê-lo de dentro. Entra em suas chagas e contempla o amor de seu coração por você, por mim, por todos.”

Papa recorda visita a Pietrelcina e San Giovanni Rotondo

Após a oração mariana do Angelus, o Papa saudou todos os fiéis presentes na Praça São Pedro, provenientes da Itália e várias partes do mundo. Saudou também a União Folclórica Italiana.

Francisco recordou sua visita pastoral realizada, neste sábado (17/03), a Pietrelcina e San Giovanni Rotondo, nas pegadas de São Pio.

“Ontem, visitei Pietrelcina e San Giovanni Rotondo. Saúdo com afeto e agradeço as comunidades diocesanas de Benevento e Manfredonia, os bispos, Dom Accrocca e Castoro, os consagrados, fiéis e autoridades. Agradeço o acolhimento caloroso e tenho todos no coração, especialmente os doentes da “Casa Alívio do Sofrimento”, os idosos e os jovens. Agradeço aos que prepararam esta visita que realmente não esquecerei. Que Padre Pio abençoe a todos.”

Francisco concluiu, desejando a todos um bom domingo e pedindo aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.

Radio Vaticano