O Papa Francisco celebrou nesta manhã do dia 17 de março, em frente ao Santuário de Nossa Senhora das Graças, em San Giovanni Rotondo, onde se encontra o corpo de São Pio. Em sua homilia, nos chamou a atenção para três palavras importantes vividas pelo santo e aconselhadas também a nós: oração, pequenez e sabedoria.
Oração

O Evangelho de hoje apresenta-nos Jesus que reza. Do seu coração, fluem estas palavras: “Eu te louvo, Pai, Senhor dos céus e da terra …” (Mt 11,25). Para Jesus, a oração surgia espontaneamente, mas não era opcional: costumava retirar-se para lugares desertos para rezar (Mc 1,35).

O diálogo com o Pai estava em primeiro lugar. E os discípulos descobriram tão naturalmente a importância da oração, até que um dia lhe perguntaram: “Senhor, ensine-nos a orar” (Lc 11,1).

“ Se quisermos imitar Jesus, também devemos começar por onde Ele começou, isto é, da oração. ”

O Papa pergunta: como cristãos rezamos bastante? Relata que no dia a dia, sempre nos momentos de oração vem em mente tantas desculpas e muitas coisas urgentes para fazer.
Ao recordar Padre Pio, diz que após 50 anos desde sua entrada no céu, ele nos ajuda deixando como herança a oração:

“ Rezem muito meus filhos, rezem sempre, sem nunca se cansar ”

O Papa nos recorda ainda que Jesus é quem nos mostra como se deve rezar. E diz que não se deve começar com súplicas ou pedidos, mas louvando a Deus. Jesus diz: “eu te louvo ó Pai”; ele não diz “eu preciso disso ou daquilo”, mas ” eu te louvo ó Pai “. Quantas vezes esquecemos a adoração e o louvor. Não se conhece o Pai sem abrir-se ao louvor, sem dedicar tempo somente a Ele, sem adorar. Cada um deve perguntar-se: como eu adoro? Quanto eu o adoro? Quando o adoro?

O Papa nos lembra também que a oração é um contato pessoal, “face a face”, um momento de se estar em silêncio diante do Senhor, e afirma que este é o segredo para entrar sempre em comunhão com Ele. A oração amadurece no louvor e na adoração. E nos pergunta se as nossas orações são iguais a de Jesus ou se reduzem a chamadas de emergência.

A oração, segundo o Papa, deve ter um caráter também indispensável nas obras de misericórdia espirituais. E sublinha: se nós não confiamos os nossos irmãos, as situações ao Senhor, quem o fará? Quem intercederá, quem tocará e incomodará o coração de Deus para abrir a porta da misericórdia à humanidade carente?

Foi por isso que Padre Pio nos deixou os grupos de oração. E o Papa termina este item da oração com as seguintes perguntas: eu rezo? E quando rezo, sei louvar, sei adorar, sei conduzir a vida a Deus?

Pequenez

A segunda palavra destacada pelo Santo Padre na homilia em Nossa Senhora das Graças foi a palavra pequenez. O Papa nos recorda que os mistérios do Reino foram revelados aos pequeninos. E nos pergunta:

“ Quem são esses pequeninos, que souberam acolher os segredos de Deus? ”

São aqueles que não pensam ser autossuficientes. São aqueles que possuem o coração humilde, aberto, pobre e necessitado. Que sentem a necessidade de orar, confiar-se e deixar-se acompanhar. O coração desses pequeninos é como uma antena, que captura o sinal de Deus. Porque Deus busca o contato com eles.

Segundo o Papa um exemplo deste mistério de pequenez e humildade é a hóstia em cada missa, é um mistério de amor e de humildade, e só pode ser entendido por ser pequeno e estando com os pequeninos.

Falando do hospital “Casa Alívio do Sofrimento”, Padre Pio o chamava de templo santo, de templo de oração e de ciência: onde todos são chamados a ser uma reserva de amor para os outros. Papa Francisco recordou que no enfermo se encontra Jesus, e no cuidado amoroso daqueles que se dobram sobre as feridas do próximo, está o caminho para encontrá-lo.

Quem cuida das crianças está do lado de Deus e vence a cultura do descarte, que, pelo contrário, prefere os poderosos e considera inúteis os pobres. Os que preferem os pequenos proclamam a profecia da vida contra os profetas da morte de todos os tempos, que ainda hoje, descartam as pessoas, descartam as crianças e os idosos porque não servem.

Quando criança, na escola, eles nos ensinaram a história dos espartanos. Fiquei impressionado com o que a professora nos disse, que quando uma criança com malformação nascia, levavam-na para o topo da montanha e jogavam-na para baixo, para que desaparecessem esses pequeninos. Nós, crianças, dizíamos: “Mas quanta crueldade!”

Irmãos e irmãs, fazemos o mesmo, porém com mais crueldade e com mais ciência. Aquele que não serve, o que não produz deve ser deixado. Esta é a cultura do descarte, os pequeninos não são queridos. E por isso Jesus também é deixado de lado.

Sabedoria

Por fim, a ultima palavra mencionada pelo Papa em sua homilia foi a Sabedoria. Nos diz que a verdadeira sabedoria não está no ter muitos dons e a verdadeira força não está na potência. Não é sábio quem se mostra forte e não é forte quem responde mal com o mal.

A única arma sábia e invencível é a caridade animada pela fé, porque tem o poder de desarmar as forças do mal. São Pio lutou contra o mal ao longo de sua vida e lutou com sabedoria, como o Senhor: com humildade, com obediência, com a cruz, oferecendo a dor por amor.

“ Todos se admiram, mas poucos fazem o mesmo. Muitos falam bem, mas quantos o imitam? ”

Muitos estão dispostos a colocar um “like” na página da internet dos grandes santos, mas quem faz como eles? Porque a vida cristã não é um “like”, mas um “dom”. A vida perfuma quando é oferecida como presente; torna-se insípida quando é mantida para si mesma.

São Pio ofereceu a vida e inúmeros sofrimentos para encontrar o Senhor nos irmãos. E o meio decisivo para encontrá-lo era a confissão, o sacramento da reconciliação. Ali começa e recomeça uma vida sábia, amada e perdoada, ali inicia a cura do coração.

Padre Pio foi um apostolo da confissão. Também hoje nos convida e nos diz: onde vai? Vai a Jesus ou ao encontro das tuas tristezas? Para onde retornarás? Para aquele que salva ou nos teus abatimentos, nos teus arrependimentos, nos teus pecados? Vens, o Senhor te espera. Coragem, não tem nenhum motivo assim grave que te exclua da sua misericórdia.

Radio Vaticano

Em seu discurso aos fiéis de Piana Romana, o Papa expressou sua alegria de poder visitar o lugar onde Francisco Forgione, – hoje São Padre Pio, – nasceu e iniciou sua longa e fecunda ação humana e espiritual. Ao cumprimentar seus concidadãos, disse:

“Nesta comunidade, ele fortaleceu a sua humanidade, aprendeu a rezar e a reconhecer nos pobres o rosto do Senhor, que o levou abraçar a sequela de Cristo. Assim, pediu para fazer parte da comunidade dos Frades Menores Capuchinhos, onde se tornou Frei Pio de Pietrelcina. Ali, começou a experimentar a maternidade da Igreja, da qual foi sempre um filho devoto; meditou com intensidade o mistério de Deus”.

Pe. Pio passou por todo tipo de tribulação e tentação

Naquela localidade, – sua cidade natal, – Padre Pio permaneceu por motivo de saúde. Naquele tempo, não havia antibióticos e as doenças se curavam em casa, no âmbito familiar. Mas, não foi um período fácil, pelo contrário, passou por todo tipo de tribulação e tentação. O demônio existe; ele nos atormenta e nos engana. Porém, aquelas terríveis provações tornaram-se linfa vital para uma oração contínua e uma crescente confiança no Senhor, do qual se sentia interiormente atraído. Eis o centro da sua teologia. E Francisco acrescentou:

“Desta forma, Padre Pio imergiu-se na oração para aderir, sempre mais aos desígnios divinos. Por meio da celebração da Santa Missa, – que era o coração do seu dia e a plenitude da sua espiritualidade, – atingiu um elevado nível de união com Deus, do qual recebeu dons místicos especiais, que precederam os sinais da Paixão de Cristo em sua carne”.

Aqui o Santo Padre elogiou a população de Pietrelcina por ter dado à Igreja uma das figuras mais belas e luminosas da sua comunidade. Este humilde Frade capuchinho surpreendeu o mundo com a sua vida, toda dedicada à oração e à escuta paciente dos irmãos, sobre cujos sofrimentos derramou o bálsamo da caridade de Cristo. E exortou:

“Ao imitar seu heroico exemplo e as suas virtudes, vocês  também podem ser instrumentos do amor de Jesus entre os mais necessitados. Ponderando a sua fidelidade à Igreja, podem dar testemunho de comunhão, união e paz, que edificam e constroem”.

Em uma cidade, onde se briga todos os dias, não cresce, não se constrói, mas espanta as pessoas; é uma cidade doente e triste. Ao invés, uma cidade, onde se busca a paz, onde todos se querem bem e não desejam mal a ninguém, cresce, aumenta e se torna forte. Por isso, advertiu o Papa, a não perderem tempo e forças com briguinhas, porque isto não faz crescer, não faz progredir. Se alguém tiver vontade de brigar, – disse ainda – deve “morder a língua”. A língua poderá doer, mas fará bem à alma e à cidade. Logo, procurem dar testemunho de paz e comunhão entre vocês.

Extrair uma nova linfa dos ensinamentos do Padre Pio

Por fim, Francisco fez votos de que os habitantes de Pietrelcina tenham a coragem de extrair uma nova linfa dos ensinamentos do Padre Pio, sobretudo neste momento de crise geral. Que jamais faltem atenção e ternura com os jovens e idosos desta comunidade.

A população envelhece e muitos jovens são obrigados a ir para outros lugares em busca de trabalho. A migração dos jovens é um problema! Peçamos a Nossa Senhora para que os jovens encontrem trabalho aqui, perto de suas famílias. A população envelhece, sim, mas é um tesouro. Que haja diálogo entre os idosos e os jovens.

Os idosos, – disse por fim o Papa, – são um tesouro e não devem ser excluídos da sociedade. Eles representam a sabedoria; são os protagonistas e o patrimônio das nossas comunidades. “Gostaria – afirmou – que por uma vez fosse dado o Prêmio Nobel aos idosos, que são a memória da humanidade!

O Papa se despediu dos fiéis de Pietrelcina, animando-os a guardar, como um tesouro precioso, o testemunho cristão e sacerdotal de São Pio, que contribui para viver a plenitude da vida, na paz e na unidade da comunidade.

Radio Vaticano