A Igreja nos propõe o jejum como uma maneira de nos educar, de aprendermos a dominar nosso corpo e também nossas inclinações. O jejum e a penitência não são para que sintamos fome ou passemos necessidade. A penitência é “uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo o nosso coração” (cf. Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1431). Ou seja, essas práticas espirituais servem para nos ajudar a encontrarmos a Deus por meio da oração.

A Igreja “contém pecadores no seu seio” (CIC, n. 1428) e é, “ao mesmo tempo, santa e necessitada de purificação, prosseguindo constantemente no seu esforço de penitência e renovação”. “A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração e a esmola que exprimem a conversão” (CIC, n. 1434).

Os jejuns e as mortificações, embora sejam atos exteriores, impelem-nos à oração, a uma melhor escuta de Deus por meio da temperança, do espírito de sacrifício, de equilíbrio do corpo e da mente, levando-nos a essa conversão interior. Inclusive, recomenda-se que o gesto do jejum seja acompanhado da partilha do alimento não consumido, com os necessitados. O tempo litúrgico da Quaresma tem essa dimensão penitencial de revisão interior, mas também, de amor concreto ao próximo.

Por que a Igreja recomenda essa prática espiritual?

É importante saber que o jejum é uma prática muito mais interior do que exterior, não é apenas algo que se deixa de comer, mas tem um propósito: abster-se de certos alimentos. O jejum não é uma dieta, mas uma prática espiritual que visa uma intimidade maior com Deus. O jejum é para a conversão, e também, para que amemos mais a Deus e ao próximo. O Papa Leão Magno aconselhava:

“Mortifiquemos um pouco o homem exterior, para que o interior seja restaurado. Perdendo um pouco do excesso corpóreo, o espírito robustece-se”. As práticas penitenciais são tão importantes na busca da conversão que, a observância de algumas delas, foram indicadas como um dos mandamentos da Igreja. Muito mais do que preceitos, essas práticas penitenciais revelam ser busca pela perfeição no amor.

O quarto mandamento da Igreja diz que é preciso “jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja”. Os dias e tempos penitenciais, em toda a Igreja, são todas as sextas-feiras do ano, e o tempo da Quaresma. Estão obrigados à lei da abstinência, os católicos que tiverem completado catorze anos de idade, e obrigados à lei do jejum todos os católicos maiores de idade até os sessenta anos começados.

Jejum e abstinência

A abstinência de carne ou de outro alimento, segundo as prescrições da Conferência dos Bispos, devem ser observadas em todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades. Na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, devem ser observados o jejum e a abstinência. (Código de Direito Canônico, cânon 1250).

No Brasil, a CNBB afirma que, o fiel católico brasileiro pode substituir a abstinência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou trocar a carne por outro alimento.

Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, apresenta em seu livro “Práticas de Jejum”, quatro tipos de jejum, para nos mostrar que todos podem fazê-lo, desde que, escolha qual se adeque mais à sua realidade.

Regiane Calixto, Missionária da Comunidade Canção Nova

Existem exercícios quaresmais que proporcionam a conversão

A liturgia que abre o tempo da Quaresma manda proclamar o Evangelho em que o Nosso Senhor Jesus fala da esmola, da oração e do jejum, os quais nos conduzem a um caminho de conversão.

Toda nossa vida torna-se um sacrifício espiritual, o qual apresentamos continuamente ao Pai, em união com o sacrifício de Jesus sofredor e pobre; a fim de que, por Ele, com Ele e n’Ele, seja o Pai em tudo louvado e glorificado. Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico, pastoral, litúrgico e existencial para cada cristão pessoalmente e para a comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da luz, a noite do fogo, a noite santa da Páscoa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vamos refletir sobre os rumos de nossa espiritualidade até a Páscoa de Nosso Senhor Jesus, ou seja, a vida nova que Ele tem para nós, os exercícios quaresmais de conversão. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas, que abre o Tempo da Quaresma, manda proclamar o Evangelho em que Nosso Senhor fala da esmola, da oração e do jejum, conforme Mateus 6,1-8.16-18.

Exercícios Quaresmais de conversão

Oração: A oração é a expressão máxima de nossa fé. Não podemos pensar nela como algo que parte somente de nós, pois, quando o homem se põe em oração, a iniciativa é de Deus, que atingiu, com a Sua graça, o coração desse homem. Toda a nossa vida deveria ser uma oração, ou seja, uma comunicação com o divino em nós.

Jejum: Jejuar é abster-se de um pouco de comida ou bebida, é estabelecer o correto relacionamento do homem com a natureza criada. A atitude de liberdade e respeito diante do alimento torna-se símbolo de sua liberdade e respeito para com tudo quanto o envolve e o possa escravizar: bens materiais, qualidades, opiniões, ideias, pessoas, apegos e assim por diante. Jejuar significa fazer espaço em si.

Esmola ou caridade: O que significa esmola? Dar esmola significa dar de graça, dar sem interesse de receber de volta, sem egoísmo, sem pedir recompensa, mas em atitude de compaixão. Nisso, o homem imita o próprio Deus no mistério da criação, e a Jesus Cristo, no mistério da redenção.

Celebrar a Eucaristia no tempo da Quaresma significa percorrer com Cristo o itinerário da provação que cabe à Igreja e a todos os homens; é assumir mais, decididamente, a obediência filial ao Pai, e o dom de si aos irmãos que constituem o sacrifício espiritual. Assim, renovando os compromissos do nosso batismo, na noite pascal, poderemos “passar” para a vida nova de Jesus, Senhor ressuscitado para a glória do Pai na unidade do Espírito.

Para celebrar bem este tempo

1. O Tempo da Quaresma, que é esse tempo de conversão, se estende da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, inclusive, essa Missa vespertina dá início, nos livros litúrgicos, ao Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, o qual tem seu cume na Vigília Pascal e termina com as vésperas do Domingo da Ressurreição. A semana que precede a Páscoa toma o nome de Semana Santa. Ela começa com o Domingo de Ramos.

2. Os domingos desse tempo de conversão chamam-se de 1°, 2°, 3°, 4° e 5° Domingo da Quaresma. O 6° domingo toma o nome de “Domingo de Ramos e da Paixão”. Esse dia tem a precedência sobre as festas do Senhor e sobre qualquer solenidade.

3. As solenidades de São José, esposo de Nossa Senhora (19 de março) e da Anunciação do Senhor (25 de março), como outras possíveis solenidades dos calendários particulares, antecipam sua celebração para o sábado, caso coincidam com esses domingos.

4. A liturgia da Quarta-feira de Cinzas abre o tempo da Quaresma. Não se cantam o “Glória” nem o “Credo” nessa Missa.

5. Aos domingos da Quaresma, não se canta o hino Glória; faz-se, porém, sempre a Profissão de Fé e o Creio. Depois da segunda leitura, não se canta o Aleluia; o versículo, antes do Evangelho, é acompanhado de uma aclamação a Cristo Senhor. Omite-se o – Aleluia – também nos outros cantos da Missa.

6. A cor litúrgica do Tempo da Quaresma é a roxa; para o 4° domingo (Laetare – Alegria) é permitido o uso da cor rosa. No Domingo de Ramos e na Sexta-feira Santa, a cor das vestes litúrgicas e do celebrante é a vermelha, por tratar-se da Paixão do Senhor.

7. Sugestão: em oração, colha de Deus uma penitência ou mortificação pessoal que você possa viver nesse tempo de retiro. Por exemplo: deixar algo de que gosta muito de fazer ou de comer, falar menos, diminuir o barulho ao seu redor, assistir menos a televisão, reconciliar-se com as pessoas e situações, fazer um bom exame de consciência e confessar-se. Nos dias de jejum: oferecer a quem não tem o que você iria comer e beber.

Canção Nova

Tenha uma vida de intimidade com o Anjo da Guarda, invocando-o constantemente e colocando-se debaixo de sua proteção

Santo Anjo da Guarda, meu poderoso protetor,

guardai-me sempre na paz de vosso amor.

Dos perigos, livrai-me;

do mal, libertai-me;

e nos momentos de angústia, consolai-me!

Durante o sono, velai sobre o meu descanso,

não deixais o mal de mim se aproximar.

Sob as asas do seu amor,

possa meus sonhos habitar!

Nesta noite de luz, afugentai as trevas do medo,

afastai também as tentações,

para que minha alma tranquila

descanse sem aflições.

E que no alvorecer de um novo dia,

eu acorde feliz e restaurado,

e seja para o mundo

testemunha de ser sempre por vós amado!

FONTE: Canção Nova

Pediram-me para responder a estas duas perguntas: O que significa benzer? O que significa abençoar? Começo com o verbo “abençoar”, ou com o substantivo “bênção”: e percebo, antes de tudo, que o termo “bênção”, na Bíblia, sintetiza toda a história da salvação. De fato, toda a história de Israel é a história da bênção prometida a Abraão (Gênesis 12,3) e dada ao mundo por Jesus, “fruto bendito” do “seio bendito” de Maria (Lucas, 1,42). Aliás, essa bênção, já começa com a criação, como lemos em Gênesis 1,28: “E Deus os abençoou e lhes disse: ‘Sejam fecundos’ (…)”. Por outro lado, o pecado desencadeia a “maldição” sobre “a serpente” (3,14-15) e sobre o solo (3,17).

Depois do dilúvio, uma nova bênção, dá-se a humanidade: poder e fecundidade (9,1).

Mas, a partir de Abraão, a bênção é de um tipo novo, pois nela aparece o desígnio de Deus de abençoar “todas as nações da terra” (Gênesis, 12,3).

Uma fase importante, na qual se manifesta de maneira significativa a bênção de Deus, é a aliança com o povo de Israel. E a fidelidade a essa aliança é a garantia das bênçãos de Deus (Deuteronômio 28,1-14).

Deus é bondoso

Deus abençoa e, ao mesmo tempo, é abençoado, porque os fiéis reconhecem que Deus é bom e providente. A oração dos salmos com frequência é um exemplo disso. “Seja bendito Javé! Ele fez por mim maravilhas de amor” (Salmo 31,22). “Bendiga a Javé, ó minha alma, e todo o meu ser ao seu nome santo! Bendiga a Javé, ó minha alma, e não esqueça nenhum dos seus benefícios” (Salmo 103,1-2).

Muito significativo, a esse respeito, é o cântico de Zacarias, no dia da circuncisão do filho João Batista. Esse cântico é repetido todos os dias na Liturgia das horas: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo” (Lucas 1,68).

Mas a bênção acontece também de homem para homem, como quando Melquisedeque abençoa Abraão (Gênesis 14,18-19), ou Isaac abençoa Jacó (Gênesis 27,27).

E, por que não pensar nas bênçãos de Jesus? Ele abençoa as crianças (Marcos 10,16) e seus discípulos (Lucas 24,50). Antes de partir o pão nas multiplicações dos pães (Marcos 6,42; 8,7) e na última ceia (14,22), ele pronunciou, conforme o costume judaico, uma fórmula de bênção, isto é, glorificou a Deus por causa do pão. Ensinou a seus discípulos a responder com uma bênção, às maldições dos seus inimigos (Lucas 6,28), descreveu a eterna felicidade dos justos como a bênção definitiva dada pelo Pai (Mateus 25,34). O mesmo Jesus foi abençoado pelos piedosos judeus (Marcos 11,9-10).

Rito de bênção

E hoje a Igreja abençoa, e até com ritual de bênção. Pense, por exemplo, na bênção das casas ou dos objetos de devoção. E, como não lembrar o belo costume, que ainda vigora em alguns lugares, dos filhos pedirem a bênção dos pais, quando estão saindo de casa! Os pais respondem ao pedido de bênção dos filhos invocando a Deus: “Deus te abençoe, meu filho!”.

Se olharmos para a etimologia, quer dizer, a origem da palavra, na língua latina os termos “benedicere” (benzer, abençoar) e benedictio (bênção), significam “dizer bem”, “palavra benevolente”. Nesse sentido, a “bênção de Deus” sobre nós, corresponde a uma “palavra criadora” de bem. Em outros termos, Deus, com a sua poderosa palavra, cria o bem na nossa vida. E, quando nós bendizemos a Deus, reconhecemos o bem que Ele nos fez e nos faz. Quando nós abençoamos os outros, pedimos a Deus que derrame o bem sobre eles.

Acreditamos que, quem está mais perto de Deus, pode interceder por nós. Eis por que nós nos aproximamos dessas pessoas pedindo a bênção. Às vezes, poderia haver até uma superstição: motivo pelo qual “benzer”, ou “benzedeiro”, teria outro significado. Nos dicionários da língua portuguesa o termo “benzedeiro” chega a ter, entre outras acepções, também tem a de “bruxo”, ou de “feiticeiro”. Por isso, vale a pena seguir o conselho do apóstolo Paulo: “Examinem tudo e fiquem com o que é bom” (1 Tessalonicenses 5,21).

Que Deus, na sua misericórdia, abençoe todos nós!

Fonte: Canção Nova

Para que a nossa participação na Santa Missa seja consciente, ativa e frutuosa, é necessário conhecermos bem o que celebramos. Contudo, muitos católicos não receberam uma formação adequada acerca da liturgia da Santa Missa, e seguem aquilo que lhes foi ensinado sem questionamento algum.

A Igreja quer manter sempre a sua unidade. Não são várias Igrejas Católicas, mas uma única Igreja. Por isso mesmo, é necessário que haja uma unidade na liturgia, e aqueles que presidem as celebrações são os primeiros que devem vivenciar aquilo que celebram em plena unidade com a Igreja em todo o mundo. Por isso mesmo, todo presbítero deve ser o primeiro a aceitar e praticar as normas litúrgicas que regulam a liturgia. Triste é observarmos que, em muitos casos, o rito da celebração foi totalmente desfigurado por acréscimos que visam apenas inflar o ego de quem preside. Lembramos com carinho a frase de Adélia Prado: “A Missa é como um poema, não suporta enfeite nenhum”.

Participação da assembleia na Santa Missa

Criou-se, em muitos lugares, o costume de a assembleia rezar junto com o sacerdote as orações que são próprias de quem preside a Santa Missa. Algumas orações são próprias de quem preside. A assembleia tem a sua participação em momentos próprios:

“Para fomentar a participação ativa, promovam-se as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes corporais. Não deve deixar de observar-se, a seu tempo, um silêncio sagrado” (Sacrosanctum Concilium, 30).

“Sem dúvida, o povo participa sempre ativamente e nunca de forma puramente passiva: ‘associa-se ao sacerdote na fé e com o silêncio, também com as intervenções indicadas no curso da Oração Eucarística, que são: as respostas no diálogo do Prefácio, o Santo, a aclamação depois da consagração e a aclamação ‘Amém’, depois da doxologia final, assim como outras aclamações aprovadas pela Conferência de Bispos e confirmadas pela Santa Sé’” (Redemptionis Sacramentum, 54).

Compreendendo a liturgia

Quando falamos em seguir as normas litúrgicas previstas, não estamos falando de coisas sem importância, mas de unidade eclesial. A liturgia não é nossa, mas sim um tesouro da Igreja. Celebrar segundo as prescrições significa, também, criar comunhão com o Corpo Místico de Cristo.

Ninguém tem autoridade para modificar ou variar os textos litúrgicos. Muitos tem transformado as celebrações litúrgicas em verdadeiros espetáculos de mau gosto. Desfiguraram tanto o rosto da Santa Missa, que chegam a confundi-la, muitas vezes, com um culto neopentecostal.

“Contudo, o sacerdote deve estar lembrado de que ele é servidor da Sagrada Liturgia e de que não lhe é permitido, por própria conta, acrescentar, tirar ou mesmo mudar qualquer coisa na celebração da Missa” (Instrução Geral do Missal Romano, 24).

“Cesse a prática reprovável de que sacerdotes ou diáconos, ou mesmo os fiéis leigos, modificam e variem, à seu próprio arbítrio, aqui ou ali, os textos da sagrada Liturgia que eles pronunciam. Quando fazem isso, trazem instabilidade à celebração da sagrada Liturgia e não raramente adulteram o sentido autêntico da Liturgia” (Redemptionis Sacramentum, 59).

Canção Nova

Devemos reconhecer os nossos limites, fraquezas e pecados, mas não para desesperar-nos, mas para oferecê-los ao Senhor, que nos cura. Devemos segurá-lo pela mão e seguir em frente.

No Angelus deste IV Domingo da Quaresma, chamado de domingo da alegria, o Papa deixou uma mensagem de encorajamento em sua reflexão, inspirada no Evangelho de São João, proposto pela liturgia do dia.

A alegria e a salvação – frisou – são o centro do anúncio cristão, pois “quando a situação parece desesperadora” Deus as oferece ao homem, pois não está separado dele, “mas entra na história da humanidade, envolve-se na nossa vida, entra, para animá-la com a sua graça e salvá-la”.

Neste sentido, devemos estar atentos para “escutar este anúncio, rejeitando a tentação de considerar-nos seguros de nós mesmos, de querer deixar de lado Deus, reivindicando uma absoluta liberdade d’Ele e da sua Palavra”.

O Papa nos recorda que é preciso ter coragem para “reconhecer-nos por aquilo que somos”, frágeis, limitados. E quando nos deparamos com nossos pecados e fraquezas, “pode acontecer de sermos tomados pela angústia, pela inquietação pelo amanhã, pelo medo da doença e da morte”:

“Isto explica porque muitas pessoas, buscando uma saída, enveredam às vezes por perigosos atalhos, como por exemplo o túnel da droga ou o das superstições ou de desastrosos rituais de magia”.

Nós devemos sim reconhecer os próprios limites e fragilidades – disse o Papa – mas “não para nos desesperar, mas para oferecer ao Senhor e Ele nos ajuda no caminho da cura, nos leva pela mão, mas nunca nos deixa sozinhos, nunca. Deus está conosco e por isto me alegro, nos alegramos hoje: «Alegra-te Jerusalém – diz – porque Deus está conosco»”.

“Quando somos verdadeiros cristãos”, mesmo diante das tristezas “existe aquela esperança que é uma pequena alegria que cresce e te dá segurança”:

“Nós não devemos nos desencorajar quando vemos os nossos limites, os nossos pecados, as nossas fraquezas: Deus está ali, Jesus está na cruz para nos curar. Este é o amor de Deus. Olhar para o Crucifixo e dizer dentro: «Deus me ama»”.

Deus “é maior do que as fraquezas, infidelidades e pecados. E tomemos o Senhor pela mão, olhemos para o Crucifixo e sigamos em frente”.

Ao concluir, o Santo Padre invocou a proteção de Maria, Mãe da Misericórdia, para que coloque em nosso coração “a certeza de que somos amados por Deus. Que esteja próxima de nós nos momentos em que nos sentimos sozinhos, quando somos tentados a nos render às dificuldades da vida. Nos comunique os sentimentos de seu Filho Jesus, para que o nosso caminho quaresmal torne-se experiência de perdão, de acolhida e de caridade”.

Ao final, ao saudar os grupos e peregrinos presentes na Praça São Pedro, o Papa Francisco dirigiu-se à comunidade brasileira que vive em Roma e que marcou presença no tradicional encontro dominical com bandeiras do Brasil.

Radio Vaticano

“Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Este será o tema do próximo Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônia estabelecido pelo Papa Francisco nesta quinta-feira, 8. Além do tema, o Santo Padre divulgou o nome dos 18 membros escolhidos para integrar o Conselho Pré-sinodal que preparará a Assembleia Especial do Sínodo marcada para outubro de 2019.

Entre os membros do Conselho Pré-sinodal estão os brasileiros Cardeal Cláudio Hummes — nomeado Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônia, o arcebispo de Porto Velho (RO), Dom Roque Paloschi, e o bispo do Mato Grosso, Dom Neri José Tondello. O australiano Dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu (Pará) também está entre os membros do Conselho.

O grupo que auxiliará na realização do Sínodo Pan-Amazônico 2019 é composto também pelo Cardeal mexicano Carlos Aguiar Retes, pelo bispo peruano Pedro Ricardo Barreto, o arcebispo Paul Richard Gallagher, o bispo paraguaio Edmundo Ponciano Valenzuela, o bispo argentino Óscar Vicente, o bispo Karel Martinus, o bispo venezuelano José Ángel Divassón, o bispo Rafael Cob García, o bispo boliviano Eugenio Coter, o bispo colombiano Joaquín Humberto e o bispo peruano David Martínez. A irmã María Irene Lopes e o secretário-executivo da REPAM, Maurício Lópes também foram nomeados membros pelo Papa.

Francisco anunciou a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região Pan-Amazônia, no dia 15 de outubro do ano passado, 2017, antes de rezar a oração mariana do Angelus. Na época, o Santo Padre explicou que a reunião discutirá novos métodos para que a palavra do Evangelho chegue aos indígenas.

“O objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão do nosso planeta. Que os novos Santos intercedam por este evento eclesial para que, no respeito da beleza da Criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do universo, e por Ele iluminados, percorram caminhos de justiça e de paz”, disse Francisco na época.

Papa Francisco

O Papa Francisco presidiu, na tarde desta sexta-feira (09/03), a celebração penitencial, na Basílica de São Pedro, no âmbito do tradicional evento “24 horas para o Senhor”.

O Pontífice frisou em sua homilia que “Deus nos ama de tal maneira que nos tornou seus filhos e, quando O pudermos ver face a face, descobriremos ainda melhor a grandeza deste seu amor”.

“ E não só: o amor de Deus é sempre maior de quanto possamos imaginar, estendendo-se para além de qualquer pecado que a nossa consciência nos acuse. ”

“Não conhece limites, é um amor desprovido de confins; não apresenta aqueles obstáculos que nós, ao contrário, costumamos interpor a uma pessoa, pelo receio que venha privar-nos da liberdade.”

O Papa disse ainda que “a condição do pecado tem como consequência o afastamento de Deus. E, de fato, o pecado é uma das modalidades com que nós nos afastamos d’Ele; mas isto não significa que Ele se afaste de nós”.

“ A condição de fraqueza e confusão, em que o pecado nos coloca, é mais um motivo para Deus ficar junto de nós; esta certeza deve acompanhar-nos sempre na vida. ”

Segundo Francisco, a palavra do Apóstolo São João “oferece-nos uma confirmação disto mesmo para tranquilizar o nosso coração, levando-o a ter sempre uma confiança inabalável no amor do Pai: «Na sua presença, sentir-se-á tranquilo o nosso coração, mesmo quando o coração nos acuse; pois Deus é maior que o nosso coração e conhece tudo».”

“A sua graça continua a trabalhar em nós para tornar mais forte a esperança de que nunca estaremos privados do seu amor, apesar de qualquer pecado que possamos ter feito, rejeitando a sua presença na nossa vida.”

Para o Santo Padre, “esta esperança impele-nos a tomar consciência da desorientação em que muitas vezes cai a nossa existência, precisamente como sucedeu a Pedro, segundo a narração evangélica que ouvimos: «No mesmo instante, o galo cantou. E Pedro lembrou-se das palavras de Jesus: “Antes de o galo cantar, me negarás três vezes”. E, saindo para fora, chorou amargamente».”

“O evangelista é extremamente sóbrio”, sublinhou Francisco. “O canto do galo parece surpreender um homem ainda confuso; depois, ele recorda-se das palavras de Jesus e, finalmente, rasga-se o véu e Pedro começa a vislumbrar, por entre as lágrimas, que Deus Se revela em Cristo esbofeteado, insultado, renegado por ele, mas que, por ele, vai morrer”.

“Pedro, que teria desejado morrer por Jesus, agora entende que deve deixar que Jesus morra por ele. Pedro queria ensinar o seu Mestre, queria precedê-Lo; ao contrário, é Jesus que vai morrer por Pedro; e isto, Pedro não o compreendera, não o quisera compreender.”

“ Pedro confronta-se agora com o amor do Senhor e, finalmente, compreende que Ele o ama e lhe pede para se deixar amar. ”

“Pedro dá-se conta de que sempre se recusara a deixar-se amar, sempre se recusara a deixar-se salvar plenamente por Jesus; afinal, não queria, de todo, que Jesus o amasse.”

“Como é difícil deixar-se amar verdadeiramente! Sempre quereríamos que algo de nós não estivesse obrigado à gratidão, quando, na realidade, somos devedores de tudo, porque Deus é o primeiro a amar e, por amor, nos salva totalmente”.

Francisco convidou a pedir ao “Senhor a graça de nos dar a conhecer a grandeza do seu amor, que apaga todos os nossos pecados”.

Radio Vaticano

O Santo Padre concluiu sua série de audiências, na manhã desta sexta-feira, no Vaticano, recebendo cerca de 400 participantes no Curso do Foro Interno, promovido pela Penitenciaria Apostólica.

O Curso, que se realizou em vista do próximo Sínodo dos Bispos sobre a Juventude, debateu o tema sobre a “relação entre a Confissão sacramental e o discernimento vocacional”.

Partindo deste tema oportuno, o Papa fez uma reflexão sobre a “atenção que um jovem sacerdote confessor deve ter ao administrar o sacramento da Confissão, em vista de um eventual discernimento vocacional juvenil”. Antes de tudo, é preciso redescobrir – como diz Santo Tomás de Aquino – a “dimensão instrumental” do ministério da Penitência. E explicou:

“O sacerdote confessor não é a fonte de Misericórdia, nem da Graça, nem instrumento indispensável, mas sempre e somente instrumento! E quando o sacerdote se adona disto, impede que Deus aja nos corações. Esta consciência deve favorecer uma atenta vigilância sobre o risco de se tornar ‘dono das consciências’, sobretudo na relação com os jovens, cuja personalidade ainda está em formação e, por isto, muito mais facilmente influenciável”.

Logo, o confessor deve recordar-se que é apenas instrumento da Reconciliação, que não quer dizer uma redução do ministério, mas a sua plena realização. A seguir, Francisco falou sobre a dimensão de “saber ouvir”, antes de dar respostas:

“O confessor deve ser homem da escuta: escuta humana do penitente e escuta divina do Espírito Santo. Ao ouvir o irmão penitente, ouvimos o próprio Jesus, pobre e humilde; ao ouvir o Espírito Santo, colocamo-nos em zelosa obediência, tornando-nos ouvintes da Palavra, prestando o maior dos serviços aos jovens penitentes, ou seja, colocando-os em contato com Jesus”.

Quando são colocados em prática estes dois elementos, afirma o Papa, o colóquio sacramental abre um caminho prudente e orante que é o “discernimento vocacional”. Todo jovem tem o direito de ouvir a voz de Deus, seja na sua consciência seja através da escuta da Palavra. Aqui entra o acompanhamento sapiente do confessor, que se torna padre espiritual:

“O discernimento vocacional consiste, antes de tudo, em uma leitura dos sinais, que Deus colocou na vida do jovem, mediante as suas qualidades e inclinações pessoais, por meio de encontros e oração, como fez Samuel: ‘Fala, Senhor, que o teu servo escuta’.”

Desta maneira, concluiu Francisco, o colóquio da Confissão sacramental torna-se ocasião privilegiada de encontro com Deus, para o penitente e para o confessor. Assim, a vocação jamais coincide com o formalismo, mas é o contato direto, vital e imprescindível com o próprio Jesus.

Por fim, o Santo Padre recordou aos presentes as categorias que definem um confessor: “médico e juiz”, pastor e pai”, “mestre e educador”, mas, sobretudo para os jovens, é testemunha: “testemunha da compaixão e da misericórdia divina”.

Radio Vaticano

O Papa Francisco concluiu sua série de audiências na manhã deste sábado (10/3), recebendo na Sala do Consistório, no Vaticano, 51 membros da Associação suíça “Fontaine de la Misericorde” (“Fonte da Misericórdia”), por ocasião da sua peregrinação a Roma.

O Santo Padre agradeceu a Deus por ter permitido aos membros da Associação e às pessoas que acolhem nas suas “Escolas de Oração e de Formação fraterna” fazerem esta experiência da misericórdia e que os levou a buscar e propor meios para que ela possa permanecer arraigada nos seus corações. E os exortou:

“Convido-os a perseverar na oração, com constância e regularidade. No encontro dos seus corações com o coração do Senhor e na escuta da sua Palavra podemos renascer, dia após dia, na água viva da sua misericórdia, que brota do seu Coração misericordioso. Mediante a vida sacramental, sejam testemunhas da misericórdia divina, que é para todos os homens um convite a reconhecer a beleza e a alegria do seu amor”.

Por fim, Francisco encorajou os membros da Associação “Fonte da Misericórdia” a “difundir, através da vida fraterna e com a ajuda do Espírito Santo, a cultura da misericórdia, baseada na descoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olha o irmão com indiferença e não vire o rosto diante dos seus sofrimentos”.

Radio Vaticano