Família: projeto do amor de Deus

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Antes de saber como vai a família, é preciso ter claro o que é família, ou seja, um projeto do amor de Deus. Ele a criou. Ele a ama e sustenta. Desde que criou o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança, Deus os quis em família.

No mistério profundo da encarnação de Jesus, vemos que Deus escolheu nascer e crescer em uma família, para nos dar um modelo, um exemplo a seguir.

A presença de Jesus nas Bodas de Caná da Galileia, junto com Sua Mãe, significa que o Senhor quer estar no meio da família, ajudando-a a vencer todos os seus desafios. E quantos são os desafios da família nos dias de hoje!

Temos assistido ao triste espetáculo do desmoronamento de nossas casas. São lares confiados a nós por Deus, mas construídos sobre a areia. São famílias construídas na sabedoria do mundo. Quando olhamos para a sociedade, vemos muitos casais separados e sofridos, filhos abandonados e carentes, que buscam a compensação do seu vazio nas drogas, no álcool, na violência, no sexo, no crime, na pornografia, no consumo. São verdadeiros filhos “órfãos de pais vivos”. E a família é destruída, porque não foi construída sobre a rocha. “E grande será a ruína da casa construída na areia” (Mateus 7,24-27).

A família é um projeto de amor e deve ser construída sobre a rocha, que é Deus

Hoje, é difícil uma família que não seja assolada por esses males de alguma forma. Quanta perseguição a esse projeto do Amor Divino, que é a família. Somos extremamente influenciados pelos meios de comunicação, pelas mídias e redes sociais, as quais, em sua maioria, apresentam a família como uma instituição falida. Daí o aumento cada vez maior de depressão, solidão, doenças psicológicas, suicídio e tantas outras realidades.

O cenário atual é bem angustiante, mas não muda a essência do que é a família, o seu fundamento e asua importância em nossa vida.

Rubens e eu somos casados há 20 anos e temos três filhos abençoados (Isaac de 19 anos; Miguel de 13 anos e Mariana de 9 anos). Somos membros da Comunidade Canção Nova há 24 anos. Entramos solteiros e bem jovens na comunidade. Aqui, nós nos conhecemos, namoramos, noivamos, casamos e constituímos uma família. Somos realizados na nossa vocação à vida na Comunidade Canção Nova e no nosso matrimônio. Embora nossas famílias de origem tivessem muitos problemas (o Rubens, por exemplo, foi abandonado pelo pai com meses de vida), nós as amamos e não paramos nas tendências que herdamos, mas decidimos construir uma família nova segundo os valores cristãos.

A família na Palavra de Deus

A Palavra de Deus é um dos fundamentos da nossa família. Por ela, orientamo-nos para formar a nossa família. É sempre na Bíblia que buscamos luzes para os desafios do dia a dia. E uma passagem que nos ensina muito sobre família é a do “Filho Pródigo” (Lucas 15,11-32).

Nesta parábola, vemos claramente uma família com muitos desafios como as nossas. Podemos nos identificar e identificar os nossos familiares com algum desses personagens, no entanto, gostaríamos de ressaltar a pessoa do pai. Ele, na verdade, é o pródigo dessa história. Pródigo, além de significar esbanjador e gastador, também significa magnânimo e generoso ao dar, e é nesse sentido que vemos esse pai.

Ele se encontra diante de muitos desafios dos quais destacamos três:

  • O filho mais novo, que deveria ficar em casa e aprender mais, pede a sua parte na herança, o que é feito, geralmente, depois da morte do pai. Ele vai embora e esbanja seus bens numa vida desenfreada;

  • O filho mais velho, que já deveria ter saído de casa e constituído uma família, fica com o pai, por isso se sente frustrado, como um empregado, e tem uma atitude infantil diante da volta do irmão mais novo, não querendo entrar na festa, com raiva e ciúmes;

  • A difícil relação entre os dois irmãos parecia bem comprometida, pois o irmão mais velho, quando fala com o pai, diz: “Esse teu filho…”, ou seja, não reconhece mais o irmão.

Esse pai, com certeza, recorda-nos, e muito, a pessoa de Deus Pai. E dentre os ensinamentos dessa Palavra, aprendemos que não existe uma receita pronta de como agir com os nossos filhos. Ele trata cada um como único e irrepetível. O que ele faz com um é diferente de como age com o outro, porque cada um tem uma necessidade, uma história, um jeito de ser. Esse pai não é paternalista nem superprotetor, mas nos mostra que, em cada situação, na nossa família, devemos agir com amor. É o amor que deve permear os nossos relacionamentos familiares.

Amemos nos detalhes

A nossa vida em família é feita de detalhes, pois, como dizia o saudoso padre Léo, “ninguém tropeça em montanha, mas nas pedrinhas ao longo do caminho.” São João Paulo II já dizia que “educar é conquistar o coração”. Papa Francisco, na sua Catequese de 27 de abril de 2016, diz-nos que vivemos no mundo do automático, do superficial. Ele diz: “Não é automático que quem frequenta a casa de Deus e conhece a Sua misericórdia saiba amar o próximo. Você pode conhecer toda a Bíblia, toda a teologia, mas do conhecer não é automático o amar”.

Vivemos no mundo do automático! É só apertar um botão e tudo acontece. Vivemos na superficialidade, onde o exterior passa a valer mais do que o interior, o que é um sério problema. O Papa, no entanto, diz-nos que o amor não é automático. É preciso aproximar-se! Às vezes, estamos tão perto um do outro em nossa casa, mas tão distantes. Como diz o ditado popular: “perto dos olhos, mas longe do coração”. Precisamos sair da superficialidade nos relacionamentos, principalmente entre nós marido e mulher, pais e filhos. Temos que sair do automático. Só me torno próximo daquele de quem me aproximo. Se eu não me aproximo do meu esposo, da minha esposa, dos meus filhos, no dia a dia, com gestos efetivos e afetivos, eu não me torno próximo.

Aproxime-se da sua família

O convite é para aproximar-se, pois a família é o lugar do encontro, da comunhão e da intimidade. Adelicadeza, a atenção, o carinho, a cerimônia, tudo isso é muito importante. Eu preciso ser melhor dentro de casa do que fora!

Nossa missão específica, na família, é cuidar daqueles que Deus nos confiou. E Ele diz para não medirmos esforços nem economizarmos nesse cuidado, pois, quando voltar, nos pagará o que tivermos gasto a mais (Lucas 10,30-35).

Nós não somos padres nem religiosas, e, com certeza, quando chegarmos no Céu, o Senhor nos perguntará: O que você fez do seu matrimônio? O que você fez da sua família?

Esperamos que tanto nós quanto você ouça do Senhor: “Obrigado, meu filho! Obrigado, minha filha, porque você cuidou daqueles que Eu lhe dei, com amor, carinho e paciência. Vem, entra para o gozo do teu Senhor!”.

a sua família, como vai?

Tânia e Rubens Sabino são missionários da Comunidade Canção Nova há 24 anos, casados há 20 anos e pais do Isaac, do Miguel e da Mariana.

Canção Nova

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